Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
04/08/2005 - 10h06

Grupo Folias d'Arte encena solidão urbana de Bortolotto

Publicidade

JANAINA FIDALGO
da Folha de S.Paulo

Dois personagens urbanos cuja alienação os tornou solitários. Ele, um "neurótico de guerra" (de uma guerra imaginária), escondido atrás de sua paranóia. Ela, uma fotógrafa independente e descolada, munida de boas intenções.

Vizinhos, encontram-se, interagem e incomodam o público ao falar de um sentimento tão próximo --a solidão-- e de uma neurose cada vez mais presente em tempos de violência exacerbada.

A contemporaneidade de "O Cara que Dançou Comigo", encenada a partir de amanhã no N.Ex.T pelo grupo Folias d'Arte, vem do texto de Mário Bortolotto, do Cemitério de Automóveis.

"O Mário tem uma capacidade e uma generosidade com o público de contar a história sem que ela seja supra-real. Ele tem uma questão muito brasileira, por mais que os temas sejam alienígenas e que trabalhe com o grotesco. Singularmente, usa isso de forma épica, narrando como se estivesse observando a história", diz o diretor Marco Antonio Rodrigues, 49.

O recorte feito por Rodrigues no texto foi o da alienação --existencial ou política. "Um vive como se fosse um ex-soldado vietnamita no Brasil. Ficou assim pela própria alienação da TV, perdeu a identidade e virou um maníaco. Ela é livre, vai morar sozinha e acha, por uma mentalidade cristã, que pode salvar o maluco."

À frente da direção de "Brutal" , outra peça de Bortolotto em cartaz em São Paulo, Jairo Mattos, 42, sai da coxia para encenar o vizinho de "O Cara que Dançou...".

"Os personagens femininos dele têm um histórico, os masculinos não sabem de onde vêm, para onde vão e por que estão aqui", diz Mattos. "A Renata [Zhaneta, que interpreta a fotógrafa] tem um componente forte: a palavra."

Com reações corporais é que o personagem de Mattos se resolve. "Ela se movimenta o tempo todo, e o meu personagem sofre da ausência do movimento", diz.

"Ela tem eletricidade. O Jairo, por sua vez, faz quase uma fera que parece ter olhos por todos os lados. Economiza energia para dar o bote com toda a intensidade. O movimento de um vai se desacelerando enquanto o do outro se acelera", explica o diretor.

Nova dramaturgia

A estréia do espetáculo e uma festa, apenas para convidados, marcam os seis anos do teatro N.Ex.T, espaço que abriu em 99 com a proposta de receber montagens de autores brasileiros contemporâneos. "Como dramaturgo, percebi a dificuldade de montar um texto. Hoje ninguém precisa mais vender o Fusca para mostrar o seu trabalho", diz Antonio Rocco, 44, fundador do N.Ex.T.

O Cara que Dançou Comigo
Quando: estréia amanhã, às 22h; sex., às 22h, sáb., às 21h30, dom., às 20h.
Onde: teatro N.Ex.T (r. Rego Freitas, 456, Vila Buarque, tel. 0/xx/11 3106-9636).
Quanto: R$ 20.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre Mário Bortolotto
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página