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20/10/2000 - 05h04

A mais fantástica lenda do rock é contada na mostra de cinema

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LÚCIO RIBEIRO, da Folha de S.Paulo

Manoel de Oliveira, Lars von Trier, Woody Allen, Alfred Hitchcock e Hendrik Handloegten. Hendrik quem?

No rol dos badalados nomes da Mostra Internacional de Cinema de São
Paulo, megaevento de 205 filmes que abre hoje suas nove telas ao público, pede passagem um cineasta alemão de primeira filmagem, cuja estréia é uma das grandes promessas do festival.

A mostra programa para sábado (21) o filme "Paul Está Morto" ("Paul Is Dead"), finalmente uma versão para as telas de umas das mais saborosas lendas do rock em todos os tempos.

"Paul Is Dead" explora a assombrosa história da (suposta) morte tétrica do ex-beatle Paul McCartney, em 1966, no auge do maior dos grupos pop. O boato dá conta de que Paul foi tragicamente decapitado em um desastre de carro na Inglaterra. Para abafar o inestimável choque que a notícia causaria no planeta, um sósia foi forjado no lugar do beatle morto. E assim a banda deu sequência à sua dominação mundial.

Mas John Lennon nunca engoliu a farsa. E passou a espalhar pistas da morte do parceiro pelas famosas capas dos álbuns da banda.

Três anos depois, a história "vazou" nos EUA. Espalhada por um DJ de uma rádio de Detroit, a morte de Paul correu mundo, virou obsessão de fãs-detetives durante anos, se transformou em livros, especiais de TV,
depois sites e agora gerou um filme.

"Paul Is Dead" é um trabalho de mestrado de Handloegten, 32, alemão formado na German Film and Television Academy.

O diretor bota mais molho ainda na suculenta "Conspiração Beatles", ambientando a ação em um bairro de periferia de Berlim, deixando maluco um garotinho de 12 anos fã do grupo de Liverpool. O ano da trama: 1980. Por que 1980? Sabe qual foi o ano do assassinato de Lennon?

De Berlim, Handloegten falou por telefone à Folha. O diretor, que morou quatro anos em São Paulo nos anos 70, tem presença anunciada no sábado na exibição de "Paul Está Morto".

Folha - Você realmente acredita na história da morte prematura de Paul McCartney, em 1966?
Hendrik Handloegten -
Esta é uma questão que não sei se dá para responder. Que as "mensagens" nas letras e capas existem, elas existem. Se foram colocadas lá por brincadeira ou não, nunca vai dar para saber, acho.

Particularmente acredito que, se você ouve as músicas que Paul fez até 1966 e escuta as compostas depois, você vai notar algumas diferenças. Tem muitas pistas estúpidas a respeito da morte de Paul, mas algumas impressionam.

Folha - De todas as pistas que John Lennon teria espalhado nas capas dos discos, qual a que mais o fascina?
Handloegten -
Todas as histórias, tirando as mais tolas, são fascinantes e formam a "conspiração". Mas as que envolvem a capa de "Abbey Road" são imbatíveis.

Folha - Como nasceu a idéia de fazer um filme sobre a mais fantástica lenda do rock?
Handloegten -
Eu já havia feito muitos curtas. Daí, como primeiro longa, queria trabalhar com uma história conhecida por muitos, mas que dissesse respeito a mim também.

E minha juventude é completamente ligada aos Beatles. A história da morte de McCartney eu ouvi em um programa de rádio quando morava na Suíça. E depois nunca mais fui o mesmo.

Folha - Então a personagem principal do filme, o garoto Tobias, é você. Ele tinha 12 anos em 1980, a sua idade na época.
Handloegten -
O filme é totalmente autobiográfico. Como na trama, eu ouvi a história da "morte" de um DJ, num programa em 1980. Aconteceu exatamente como em minha vida, a não ser as coisas que inventei (o Fusca da capa do álbum "Abbey Road" aparece no filme).

Eu tentava desvendar o enigma, seguia pessoas em lojas de disco. Vivia em uma pequena cidade e rezava para que as coisas acontecessem. Até ouvir a história de Paul McCartney.

Folha - O filme é seu primeiro longa e foi um trabalho final de faculdade. É isso?
Handloegten -
É. Na minha faculdade, você passa cinco anos fazendo curtas, financiados por eles. No final, você faz sua obra de graduação. Dá para fazer um curta. Mas, se você decidir por um longa, tem de levantar o dinheiro por si mesmo.

Fui encontrar financiamento na maior TV daqui, a ZDF, a Rede Globo da Alemanha. Eles adoraram a história. Depois procurei um produtor e achei na X-Film, a mesma que produziu "Corra Lola, Corra". No final, "Paul Está Morto" acabou custando em torno de US$ 350 mil.

Folha - Antes da mostra, você já apresentou seu filme em outros festivais? Ele está comprado para ser exibido em circuito comercial?
Handloegten -
No começo de fevereiro, fui premiado em um festival do novo cinema alemão, uma láurea muito significativa aqui. Apenas nesta semana ele teve sua primeira exibição internacional, que foi em um festival na Bélgica. Foi bem elogiado lá.

Em São Paulo será minha segunda experiência internacional com o filme. Deve entrar em breve no circuito cultural alemão.

Folha - Você morou no Brasil na infância. Como foi isso?
Handloegten -
Sim, morei no Brasil de 1974 a 1977. Essa é uma razão que faz minha ida ao Brasil me deixar bastante nervoso. Eu tinha 9 anos quando deixei o país. E estou ansioso para ver as velhas ruas nas quais passei a infância, a escola em que estudei, o colégio Porto Seguro, no Morumbi.

Meu pai trabalhava para a embaixada da Alemanha naqueles dias. Aprendi a falar e escrever em português, mas hoje já esqueci quase tudo.
Estou realmente nervoso. Será uma daquelas viagens ao passado.

Folha - Você já trabalha em novo projeto?
Handloegten -
Eu estou trabalhando em um novo script, completamente diferente de "Paul Está Morto". Nada com pessoas jovens ou coisas do passado. Tem a ver com o futuro, uma ação que acontece daqui a cinco anos. É um thriller. Mas ainda é cedo para dizer mais.

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