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20/10/2000 - 11h27

Para Nobel de Literatura, pintura é indispensável e expressa palavras

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da France Presse
em Paris

"A pintura é indispensável para mim porque permite expressar-me onde as palavras me faltam", disse à AFP Gao Xingjian, prêmio Nobel de Literatura de 2000, mas que se considera sobretudo pintor.

Chegado diretamente da Feira do Livro de Frankfurt, o novo Nobel era esperado ontem à tarde por uma multidão de repórteres e fotógrafos na feira Art Paris, que se realiza no Carrossel do Louvre, onde é exposta sua obra de pintor no espaço da galeria La Tour des Cardinaux.

"O Nobel para mim é um pouco o caos e me dá medo", afirmou pouco depois em entrevista concedida à AFP. "Preciso recuperar rapidamente a calma, reorganizar minha vida, encontrar um lugar de refúgio", disse.

Gao teme que a fama ponha em perigo essa calma. "Tenho também grandes preocupações em relação à minha pintura. Gostaria que meus quadros continuassem sendo culturais, que seus preços se mantivessem, que o mercado de arte não se apodere desta súbita notoriedade", disse o escritor e pintor chinês, que mora na França desde 1988 e se naturalizou francês.

"A pintura é indispensável para mim porque permite expressar-me onde as
palavras me faltam. A arte visual supera as palavras, as idéias, os conceitos. Para mim, o importante não é estabelecer uma distinção entre a figuração e a abstração e sim trabalhar nos confins, em um vasto campo que ainda não exploramos profundamente".

"É um trabalho de luz e de sombra no espaço. Não é a caligrafia tradicional, embora eu utilize a tinta chinesa. Através dos títulos de minhas obras ("Ser e não-ser", "Narciso", "Um dia"), procuro traduzir um estado de ânimo, sempre nos confins".

"Sem luz e sem sombra, não há espaço. E geralmente se sacrifica uma e outra na arte contemporânea. Com uma enorme variedade de cores ou, ao contrário, com um branco total. Mas se tudo é branco, como poderia existir alguma coisa? E se tudo é negro, como se poderia viver?", questiona Gao.

"Acontece o mesmo na construção. Alguns querem edifícios completamente
opacos, outros totalmente transparentes, como se cada ser não tivesse
necessidade de uma parte de sombra e de uma parte de luz", adiantou.

"Por exemplo, não é a sombra o que busco neste momento. É a calma. A calma e o sonho!", concluiu com humor Gao Xingjian.

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