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19/08/2005 - 09h54

Por bom dinheiro, Human League vem ao país

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THIAGO NEY
da Folha de S.Paulo

"Será um show ótimo. Tocaremos canções que vocês provavelmente já ouviram." A própria Susan Ann Sulley, a vocalista loira do Human League, resume o que esperar da apresentação da banda, em 24 de setembro, no Nokia Trends, que acontece no Pavilhão Oeste do Anhembi, em São Paulo, e nos galpões 5 e 6 do Cais do Porto, no Rio --o Human League toca na versão paulista do evento.

"Don't You Want Me", "Heart Like a Wheel", "Human", "(Keep Feeling) Fascination"... Essas são o tipo de canções citadas por Sulley, músicas que teimavam em não sair das rádios nos anos 80/ começo dos 90.

Em conversa por telefone com a Folha, Sulley é bem honesta e direta. "É assim que tiramos nosso sustento agora, saindo em turnês pelo mundo, não apenas pela Europa. Fomos à África do Sul, Argentina, Chile, Austrália, Estados Unidos... Se o dinheiro for bom e tivermos tempo, nós iremos!"

E eles vêm ao Brasil, pela primeira vez, desde que o grupo foi formado, no final dos anos 70 em Sheffield, na Inglaterra. Sucesso até o começo dos 90, o Human League viveu, até uns três anos atrás, numa hibernação forçada, mas nunca acabou oficialmente.

"A banda nunca se separou. Sempre trabalhamos, gravamos alguns discos que não fizeram muito sucesso como os anteriores... Às vezes não conseguíamos excursionar o quanto queríamos. É triste estar em uma banda com mais de 25 anos de vida e nunca ter ido ao Brasil... Eu e Joanne [Catherall, a vocalista morena do grupo] sempre estivemos com a banda, nunca tivemos outro trabalho, mas sem termos sucesso todo o tempo."

É o caso de "Secrets", o último disco de estúdio do Human League. Lançado em 2001, passou em branco pelas lojas. "Tivemos as melhores resenhas de nossa carreira com 'Secrets', poucas pessoas falaram mal, até nos surpreendeu. Mas ninguém comprou o disco, e, quando não compram seu disco, não há muito o que fazer. Somos orgulhosos do álbum, mas não vendeu..."

Segundo Sulley, "Secrets" mostrou uma nova cara da banda, que não aparecia desde o final dos anos 70. Uma cara diferente do synth-pop dos álbuns "Dare!" (1981), "Hysteria" (84) e "Romantic?" (90). "O Human League começou antes de eu e Joanne entrarmos para a banda nos anos 80, mas todos só se lembram das músicas mais pop, esquecem da instrumentação que havia antes."

"Secrets" não foi suficiente para impulsionar a carreira da banda, mas o revival do electro e da celebração aos anos 80 deram uma empurrada, e o Human League virou banda quente de novo. Voltaram aos principais centros de shows da Europa, como os festivais V2004 e Homelands. "Deixamos de tocar em festivais nos últimos anos, mas gostamos desse tipo de festa. É ao vivo que somos bons", alegra-se Sulley.

Novos nomes, como Scissor Sisters e Fischerspooner, cujos sintetizadores e visual mais do que emanam Human League, também ajudaram. "Fico orgulhosa quando pessoas mais jovens dizem que se inspiraram em nós. Já ouvi alguém do Scissor Sisters dizer que uma de nossas canções, '(Keep Feeling) Fascination', é uma das melhores que já ouviram...", diz. Mas: "Não é meu tipo de música, devo confessar que não ouço essas bandas, gosto de r&b, essas coisas".

Criado por Ian Craig Marsh e Martyn Ware --que em 1980 deixariam o grupo--, o Human League ganhou em Phil Oakey um frontman carismático. Logo depois, ele conheceu Susan e Joanne num clube e as chamou para cantar na banda.

Ao lado de grupos como Ultravox, o Human League deu aspecto mais dançante e menos político ao pós-punk de Gang of Four e PIL --até por isso, muitas vezes são colocados em escala inferior.

"Muita gente realmente não dá crédito para o que bandas como nós fizemos. Quando o punk apareceu, eles usavam instrumentação conservadora: bateria, guitarra, baixo. Quando começamos, mudamos a forma como a música era feita, porque ninguém havia usado sintetizadores daquela forma, pensavam que sintetizadores eram seres estranhos, coisa de grupos de rock progressivo. O Human League tornou o sintetizador um instrumento popular, assim como a bateria eletrônica. Mas muita gente não se lembra disso", lembra Sulley.

O pós-punk voltou ao topo do pop graças a bandas como Franz Ferdinand, Bloc Party, Rapture. Mas Sulley vê esse renascimento com ironia: "Franz Ferdinand pós-punk? Não! Talvez possa parecer pós-punk para muita gente, mas eu vivi tudo aquilo e, para mim, Franz Ferdinand e Bloc Party não se comparam a Gang of Four. Dão muito crédito a eles. Não me entenda mal, eu até gosto de Franz Ferdinand, mas, para mim, eles são uma banda pop".

Nokia Trends
Atrações: Human League, Carl Craig, The Glimmers, Alter Ego e outros
Quando: 24 de setembro
Onde: Pavilhão Oeste do Anhembi (av. Olavo Fontoura, 1.209, São Paulo) e galpões 5 e 6 do Cais do Porto (praça Mauá, Rio de Janeiro)
Quanto: R$ 60 (até 31/8) e R$ 90
Informações: www.nokiatrends.com.br

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