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24/08/2005 - 10h03

Cantor argelino Rachid Taha faz shows na Mostra Mediterrâneo do Sesc

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ADRIANA FERREIRA
da Folha de S.Paulo

Conhece o "cuscuz rock"? Não? Então imagine uma mistura em que a base é oriental e o tempero, eletrônico e apimentado com uma levada punk. É mais ou menos assim que o cantor e compositor argelino Rachid Taha define seu trabalho.

"Eu o identificaria como "cuscuz rock", ou seja, uma música feita a partir de um grande mix de vários ingredientes, como o que caracteriza um dos pratos típicos da cozinha árabe, o cuscuz, onde misturamos vários legumes e o toque especial de todos aqueles temperos únicos do Oriente", contou Taha em entrevista à Folha.

Nascido em Oram, na Argélia, e radicado na França, para onde migrou com a família aos dez anos, Rachid Taha, 46, vem ao Brasil mostrar seu disco mais recente, "Tékitoi?" --gíria dos subúrbios parisienses que significa "Quem é você?"--, que como destaque traz a imperdível "Rock el Casbah", versão em árabe para o clássico "Rock the Casbah", da banda punk The Clash.

Ele se apresenta na sexta (26/8) e no sábado, no Sesc Pompéia. No domingo, faz apresentação no Sesc Itaquera, na mesma tarde em que tocam os pernambucanos da Nação Zumbi, como atração da Mostra Sesc de Artes Mediterrâneo --que traz o cantor em parceria com a Associação Francesa de Ação Artística e o Consulado Francês.

Se aqui o nome de Taha é praticamente uma novidade, na França e na Europa os comentários sobre o cantor, seja com a banda punk Carte de Séjour, do qual fez parte na década de 80, ou em carreira solo que começou em 1990, são sempre elogiosos, principalmente por sua crítica posição política com relação aos governos do Oriente Médio.

"Eu critico o extremismo", explica Taha. "Enquanto não houver mais liberdade democrática nesses países, caminharemos para o radicalismo. São lugares que têm a cultura da guerra civil constante", comenta.

Isso não impede que Taha faça sucesso em países árabes --ainda que tenha sido proibido de se apresentar em alguns deles. "Estive há pouco em Marrocos, no Cairo e na Jordânia, e a reação do público foi muito boa", lembra o cantor, que há dez anos não visita o país natal. "Por questões políticas, não vou freqüentemente. Mas acho que neste ano irei, pois sinto que talvez as coisas estejam um pouco melhores lá agora."

Criado nos subúrbios de Paris, Taha extravasou sua verve política através do punk. "Eu descobri o punk nos anos 70, ao mesmo tempo que a música e a política", conta ele, lembrando que, na mesma época, também passou a se interessar pela disco. "O punk e a disco foram minhas grandes descobertas, fechando o tríptico com a política."

A esses dois estilos ele adicionou o raï, um ritmo popular nos países do Oriente Médio. "O raï é fruto de uma mistura de ritmos da África e do Mediterrâneo, o que corresponderia a esse estilo no Ocidente se chama rock'n'roll", diz Taha.

Durante sua carreira, que acumula cinco discos, Taha esteve ora mais oriental, ora mais punk, o que o encaixaria na nebulosa classificação de world music. Mas sua música é mesmo rock, com momentos bastante dançantes. "Me identifico com artistas como The Clash, Sex Pistols, Talking Heads e David Bowie", afirma.

Além de cantor e compositor, o argelino também é escritor. "Escrevo novelas, mas ultimamente estou muito concentrado na criação do meu próximo disco, que será muito próximo do que fiz no álbum "Diwân" [com influências de ritmos clássicos do Oriente]."

"Também estou empenhado num projeto de curta-metragem utilizando a música e fazendo uma metáfora sobre a guerra", fala Taha. "Me inspiro numa espécie de diário de viagem escrito durante minhas turnês pelo Mediterrâneo, África e Europa, e quero incluir a Argélia."

Rachid Taha
Quando: sex. e sáb., às 21h30
Onde: Sesc Pompéia - choperia (r. Clélia, 93, Lapa, tel. 0/xx/11/3871-7700)
Quanto: R$ 7,50 a R$ 15

Rachid Taha e Nação Zumbi
Quando: dom., às 15h
Onde: Sesc Itaquera (av. Fernando do Espírito Santo Alves de Mattos, 1.000, Itaquera, tel. 0/xx/11/6523-9200)
Quanto: R$ 3 a R$ 6

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre a Mostra Sesc das Artes 2005
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