Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
29/08/2005 - 09h00

Novo livro de Jostein Gaarder entra na lista dos mais vendidos

Publicidade

JULIÁN FUKS
da Folha de S. Paulo

Se há pais que vaidosamente se orgulham de que os filhos os tenham superado, de que tenham voado mais altos vôos e viajado mais longas viagens, Jostein Gaarder poderia ser um deles. Em seu caso, porém, a superação mencionada não vem da família biológica. É a pequena Sofia Amundsen, personagem de "O Mundo de Sofia", traduzido a 55 línguas, quem tem rodado o mundo, conhecido as mais diversas mãos e deslumbrado os mais diversos olhos.

Gaarder, entretanto, não é apenas seu pai. Sofia ganhou o mundo e enviou-lhe fortunas, e o norueguês pôde permanecer em casa, fazendo aquilo que mais lhe agrada: criando histórias e personagens. Só não novas Sofias. Gaarder já quase não se dedica às leituras filosóficas que fizeram sua fama. Até chega a desdenhá-las, como em alguns trechos desta entrevista à Folha.

Folha - Em "O Mundo de Sofia" você ensina filosofia. Agora, em "A Garota das Laranjas", busca ensinar algo sobre o Universo?

Jostein Gaarder - Realmente falo bastante do Universo no livro, mas não tinha a ambição de ser um professor quando o escrevi. Queria escrever uma história de amor. O que acontece é que o personagem não tem qualquer filtro cultural entre si mesmo e o mundo, preferindo relacionar-se diretamente com o Universo. Vive, assim, uma existência mais nua do que em "O Mundo de Sofia".

Folha - A literatura é uma boa forma de transmitir conhecimento, como ciência ou filosofia?

Gaarder - É a segunda melhor maneira. A melhor é a conversa, o diálogo com os jovens ou entre professor e aluno. Sempre, desde a antiga filosofia grega, o diálogo entre as pessoas vivas foi a melhor maneira de lidar com a filosofia.

Folha - Filosofia e ciência devem se popularizar?

Gaarder - Com certeza, especialmente a ciência. Muito pouco da ciência moderna está popularizado. Não leio mais tanta filosofia nem tantos romances, leio biologia, astrofísica. As grandes questões filosóficas, como a natureza do Universo ou a existência de Deus, hoje são discutidas pelos cientistas, não mais pelos filósofos. Filósofos agora discutem linguagem, arte, coisas assim.

Folha - Como concilia essa atenção à ciência com a religiosidade e o misticismo que há em seus livros?

Gaarder - Pertenço à Igreja Católica e, embora não creia nela como revelação da verdade divina, encontro nela a mais importante filosofia moral. Tenho uma aproximação religiosa da vida porque sinto que minha vida e a existência do Universo são um truque mágico. Acredito na natureza do Universo por si só, e o experimento como uma revelação. O que é místico são essas existências.

Folha - Você sempre usa uma linguagem acessível a jovens. Que idade prefere para seus leitores?

Gaarder - Varia de livro para livro. Mas acredito que uma boa história para crianças pequenas será também uma boa história para adultos, embora o contrário não seja sempre verdadeiro.

Folha - O mais importante na literatura é a história?

Gaarder - Sim, não precisamos dos livros, mas das histórias. Diversas sociedades no mundo nunca tiveram livros, mas nenhuma prescindiu das histórias. Na sociedade moderna, perdemos o hábito de contá-las e começamos a esquecê-las. Por isso, tivemos que escrevê-las. Cem anos atrás, por exemplo, não havia qualquer livro infantil na Noruega. Mas havia muitas histórias, mais do que podemos encontrar hoje.

Folha - Você escreve o mais profunda e eloqüentemente que pode ou prefere a simplicidade?

Gaarder - Tento ser simples. O pensamento claro é simples e pode ser explicado facilmente. E procuro a beleza também. Como seres humanos, temos um senso estético e somos especiais por podermos ver algo como bonito.

Folha - Como é escrever depois do sucesso de "O Mundo de Sofia"?

Gaarder - Quando o escrevi, estava convencido de que teria poucos leitores. Até disse para minha mulher que não esperasse qualquer renda extra. Estava completamente errado, pois foi um abridor de portas para mim. Porém, é um livro tão especial, tão diferente, que não me atrapalha quando escrevo novas histórias. Com ele, só tinha apenas planos pedagógicos e a única ambição de ser um professor. Com outros livros, o que quero é contar histórias.

Folha - O que você espera da Jornada de Passo Fundo?

Gaarder - O que me surpreendeu foi que eu nunca tinha ouvido falar da cidade e até penei para encontrá-la no mapa. É fascinante que uma cidade tão pequena esteja organizando esse evento.

Veja abaixo o ranking dos livros mais vendidos:

Ficção

1 - "Memória de Minhas Putas Tristes" - Gabriel García Márquez (ed. Record, R$ 24,90, 128 págs.)
2 - "O Código Da Vinci" - Dan Brown (ed. Sextante, R$ 39,90, 480 págs.)
3 - "Fortaleza Digital" - Dan Brown (ed. Sextante, R$ 29,90, 336 págs.)
4 - "Anjos e Demônios"- Dan Brown (ed. Sextante, R$ 39,90, 464 págs.)
5 - "Assassinatos na Academia Brasileira de Letras" - Jô Soares (ed. Companhia das Letras, R$ 35, 256 págs.)
6 - "Quando Nietzsche Chorou" - Irvin D. Yalom (ed. Ediouro, R$ 44, 412 págs.)
7 - "As Cinco Pessoas que Você Encontra no Céu" - Mitch Albom (ed. Sextante, R$ 19,90, 192 págs)
8 - "O Zahir" - Paulo Coelho (ed. Rocco, R$ 35, 316 págs.)
9 - "A Cura de Schopenhauer" - Irvin D. Yalom (ed. Ediouro, R$ 49,90, 336 págs)
10 - "A Garota das Laranjas" - Jostein Gaarder (ed. Companhia das Letras, R$ 27, 134 págs.)

Não-ficção

1 - "Amor É Prosa, Sexo É Poesia" - Arnaldo Jabor (ed. Objetiva, R$ 29,90,199 págs.)
2 - "Almanaque Anos 80" - Luiz André Alzer e Mariana Claudino (ed. Ediouro, R$ 49, 304 págs.)
3 - "Perdas & Ganhos" - Lya Luft (ed. Record, R$ 21,90, 128 págs.)
4 - "Esquadrão da Moda" - Susannah Constantini e Trinny Woodall (ed. Globo, R$ 38, 144 págs.)
5 - "As Mulheres Francesas Não Engordam" - Mireille Guiliano (ed. Campus, R$ 39, 220 págs.)
6 - "No Bunker de Hitler" - Joachim Fest (ed. Objetiva, R$ 27,90, 189 págs.)
7 - "O Chef Sem Mistérios" - Jamie Oliver (ed. Globo, R$ 68, 256 págs.)
8 - "Hitler V.1" - Joachim Fest (ed. Nova Fronteira, R$ 52, 528 págs)
9 - "Cabeça de Porco" - Luiz Eduardo Soares e MV Bill (ed. Objetiva, R$ 37,90, 282 págs.)
10 - "A Arte Secreta de Michelângelo" - Gilson Barreto e Marcelo Oliveira (ed. Arx, R$ 65, 224 págs.)

Auto-ajuda e esotéricos

1 - "O Monge e o Executivo" - James Hunter (ed. Sextante, R$ 19,90, 144 págs.)
2 - "Jesus, o Maior Psicólogo que Já Existiu" - Mark Baker (ed. Sextante, R$ 19,90, 192 págs.)
3 - "Nunca Desista de Seus Sonhos" - Augusto Jorge Cury (ed. Sextante, R$ 19,90, 160 págs.)
4 - "Pais Brilhantes, Professores Fascinantes" - Augusto Jorge Cury (ed. Sextante, R$ 19,90, 174 págs.)
5 - "Freakonomics" - Stephen J. Dubner (ed. Campus - R$ 45, 266 págs.)
6 - "Por Que os Homens Fazem Sexo e as Mulheres Fazem Amor" - Allan Pease (ed. Sextante, R$ 19,90, 204 págs.)
7 - "Não Leve a Vida Tão a Sério" - Hugh Prather (ed. Sextante, R$ 19,90, 160 págs.)
8 - "Um Amor de Verdade" - Zibia Gasparetto (ed. Vida E Consciência, R$ 27, 416 págs.)
9 - "Você é Insubstituível" - Augusto Jorge Cury (ed. Sextante, R$ 9,90, 112 págs.)
10 - "Querido Papai" - Bradley Trevor Greive (ed. Sexante, R$ 19,90, 96 págs.)

A lista é feita com base na soma do número de exemplares vendidos entre 12/7 e 18/7, divulgado pelas seguintes livrarias: Siciliano (todo o país), Saraiva (todo o país), Laselva (todo o país), Sodiler (Rio de Janeiro, Brasília, Recife, Maceió, Natal), Cultura (São Paulo, Porto Alegre e Recife), Fnac (São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Brasília), Livraria da Vila (São Paulo), Nobel (São Paulo), e Livrarias Curitiba (Curitiba, Londrina, Florianópolis, Joinville, Porto Alegre)

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre os livros mais vendidos
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página