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29/08/2005
-
09h34
LAURA MATTOS
da Folha de S.Paulo
Os herdeiros de Janete Clair questionarão a Globo, por meio de advogados, sobre o fato de a emissora ter utilizado uma radionovela da autora apesar de não ter comprado os direitos da obra.
"Noiva das Trevas", escrita por Clair (1925-1983) para a rádio Tupi na década de 50 e depois adaptada por ela para a Nacional, serviu de base para a telenovela "Direito de Amar" (1987), quatro anos após a morte da autora.
Trama de época exibida pela Globo no horário das seis, abordava a disputa entre um banqueiro (Carlos Vereza) e seu filho (Lauro Corona) pelo amor da mocinha Rosália (Glória Pires). Teve a assinatura do autor Walter Negrão e, segundo o "Dicionário da TV Globo", foi "inspirada" na radionovela de Janete Clair.
A questão da utilização da obra veio à tona em razão de a família recentemente ter tirado o acervo de Clair do guarda-roupas (literalmente) e passado às mãos de pesquisadores do recém-formado Instituto Janete Clair.
Originais datilografados de seus mais de 300 títulos estão sendo recuperados e digitalizados. Além disso, os herdeiros contrataram um agente, Luque Daltrozo, para cuidar dos direitos autorais. Ele negocia com a Record e com emissoras internacionais a venda de obras de Clair que não fazem parte do contrato firmado com a Globo (detentora das novelas escritas para a emissora e do romance "Nenê Bonet"). São mais de 30 radionovelas, que podem ser adaptadas para a TV, e três telenovelas (Tupi e Excelsior).
Segundo Daltrozo, os herdeiros deverão notificar a emissora nos próximos 15 dias a fim de obter informações sobre a utilização de "Noiva das Trevas". "Será um questionamento amistoso. Só entraremos com um processo judicial se não houver acordo nessa fase inicial e se for possível reunir provas de que 'Direito de Amar' é realmente uma adaptação da radionovela", explica.
Para Márcio Tavolari, coordenador do Instituto Janete Clair, não há dúvidas de que a novela exibida pela Globo tenha sido adaptada da escrita por Clair.
De acordo com ele, a sinopse de "Noiva das Trevas" foi "utilizada na íntegra, com uma ou outra alteração". O pesquisador afirma que "Direito de Amar" não foi "inspirada" na radionovela, como diz a Globo, mas "adaptada" do original radiofônico.
Segundo Tavolari, os originais da obra de Clair podem comprovar a semelhança. Além disso, diz, a grife da autora foi largamente utilizada na divulgação do lançamento de "Direito de Amar", que "salvou" a Globo de uma crise no horário das seis e obteve sucesso também com a exportação (foi vendida a 50 países, mais do que os cerca de 30 de "Terra Nostra").
Para a Globo, trata-se de uma "homenagem". "O que a novela 'Direito de Amar' fez foi uma homenagem a Janete Clair. A novela foi escrita sob a forma de um folhetim melodramático, bem ao estilo de Janete. A história em si se inspira livremente no mote universal da luta entre pai e filho por uma mulher, que também foi utilizado na idéia central da radionovela 'Noiva das Trevas' e em milhares de outras obras. Época, personagens, locações, tramas paralelas e o desenvolvimento da trama central são completamente diferentes nas duas obras", respondeu Luís Erlanger, diretor Central Globo de Comunicação.
A família da autora também questionará a Globo sobre o uso de trechos da mesma radionovela em "Hilda Furacão" (1998). A minissérie foi adaptada de romance de Roberto Drummond por Glória Perez, colaboradora de Clair no início da carreira.
Para esse caso, a Globo dá a mesma resposta. "Em 'Hilda Furacão', Glória Perez também fez uma homenagem a Janete Clair: havia cenas em que as famílias se reuniam, como faziam na época, para ouvir radionovelas da autora", diz Luís Erlanger.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre Janete Clair
Herdeiros de Janete Clair questionam Globo sobre "Direito de Amar"
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da Folha de S.Paulo
Os herdeiros de Janete Clair questionarão a Globo, por meio de advogados, sobre o fato de a emissora ter utilizado uma radionovela da autora apesar de não ter comprado os direitos da obra.
"Noiva das Trevas", escrita por Clair (1925-1983) para a rádio Tupi na década de 50 e depois adaptada por ela para a Nacional, serviu de base para a telenovela "Direito de Amar" (1987), quatro anos após a morte da autora.
Trama de época exibida pela Globo no horário das seis, abordava a disputa entre um banqueiro (Carlos Vereza) e seu filho (Lauro Corona) pelo amor da mocinha Rosália (Glória Pires). Teve a assinatura do autor Walter Negrão e, segundo o "Dicionário da TV Globo", foi "inspirada" na radionovela de Janete Clair.
A questão da utilização da obra veio à tona em razão de a família recentemente ter tirado o acervo de Clair do guarda-roupas (literalmente) e passado às mãos de pesquisadores do recém-formado Instituto Janete Clair.
Originais datilografados de seus mais de 300 títulos estão sendo recuperados e digitalizados. Além disso, os herdeiros contrataram um agente, Luque Daltrozo, para cuidar dos direitos autorais. Ele negocia com a Record e com emissoras internacionais a venda de obras de Clair que não fazem parte do contrato firmado com a Globo (detentora das novelas escritas para a emissora e do romance "Nenê Bonet"). São mais de 30 radionovelas, que podem ser adaptadas para a TV, e três telenovelas (Tupi e Excelsior).
Segundo Daltrozo, os herdeiros deverão notificar a emissora nos próximos 15 dias a fim de obter informações sobre a utilização de "Noiva das Trevas". "Será um questionamento amistoso. Só entraremos com um processo judicial se não houver acordo nessa fase inicial e se for possível reunir provas de que 'Direito de Amar' é realmente uma adaptação da radionovela", explica.
Para Márcio Tavolari, coordenador do Instituto Janete Clair, não há dúvidas de que a novela exibida pela Globo tenha sido adaptada da escrita por Clair.
De acordo com ele, a sinopse de "Noiva das Trevas" foi "utilizada na íntegra, com uma ou outra alteração". O pesquisador afirma que "Direito de Amar" não foi "inspirada" na radionovela, como diz a Globo, mas "adaptada" do original radiofônico.
Segundo Tavolari, os originais da obra de Clair podem comprovar a semelhança. Além disso, diz, a grife da autora foi largamente utilizada na divulgação do lançamento de "Direito de Amar", que "salvou" a Globo de uma crise no horário das seis e obteve sucesso também com a exportação (foi vendida a 50 países, mais do que os cerca de 30 de "Terra Nostra").
Para a Globo, trata-se de uma "homenagem". "O que a novela 'Direito de Amar' fez foi uma homenagem a Janete Clair. A novela foi escrita sob a forma de um folhetim melodramático, bem ao estilo de Janete. A história em si se inspira livremente no mote universal da luta entre pai e filho por uma mulher, que também foi utilizado na idéia central da radionovela 'Noiva das Trevas' e em milhares de outras obras. Época, personagens, locações, tramas paralelas e o desenvolvimento da trama central são completamente diferentes nas duas obras", respondeu Luís Erlanger, diretor Central Globo de Comunicação.
A família da autora também questionará a Globo sobre o uso de trechos da mesma radionovela em "Hilda Furacão" (1998). A minissérie foi adaptada de romance de Roberto Drummond por Glória Perez, colaboradora de Clair no início da carreira.
Para esse caso, a Globo dá a mesma resposta. "Em 'Hilda Furacão', Glória Perez também fez uma homenagem a Janete Clair: havia cenas em que as famílias se reuniam, como faziam na época, para ouvir radionovelas da autora", diz Luís Erlanger.
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