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30/08/2005 - 09h00

Festival de Reading pega fogo com cantora que mostra funk carioca

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THIAGO NEY
Enviado especial da Folha de S.Paulo a Reading (reino Unido)

Uma coisa esquisita aconteceu no domingo passado, terceiro e último dia do Carling Weekend: Reading Festival, na cidade inglesa de Reading. Era a noite reservada para o rock pesado, de bandas como Iron Maiden, Marilyn Manson, Incubus e NOFX, com suas guitarras ajustadas em volume absurdo de tão alto, tomando conta do gigantesco palco principal do evento. Mas foi em uma tenda menor, embalada por música eletrônica, onde o público realmente dançou e pulou. Culpa da cingalesa M.I.A.

Com pouco mais de 1,60 m de altura, vestindo um macacão florido, Maya Arulpragasam se apresentou no "dance stage", onde cabem cerca de 4.000 pessoas, no final da tarde, sob o sol quente do verão britânico. Acompanhada só por um DJ e uma backing vocal, ela fez a temperatura subir com uma mistura irresistível de electro, funk, funk carioca e rap.

A cantora estará no Brasil de duas maneiras: ao vivo, como uma das atrações do Tim Festival, de 21 a 23 de outubro, no Museu de Arte Moderna do Rio, e em disco, com sua estréia, "Arular", que chega às lojas brasileiras (quase seis meses após o lançamento europeu) via Sum Records.

M.I.A. rebola, mexe os braços, faz passinhos de dança. Sua música é cheia de groove, de ritmo quebrado e com beats muito, muito graves. Tão graves que ela pede para o DJ aumentar o volume. Ele parece receoso e não se mexe. Durante a canção seguinte, M.I.A. vai discretamente ao mixer e sobe a potência do som.

Um de seus hits é "Bucky Done Gun", música que sampleia a carioca Dayse Tigrona, em produção de DJ Marlboro. Nascida no Sri Lanka, filha de um guerrilheiro da milícia tâmil, ela foi criada na Índia e em Londres e é cria direta da multiculturalidade da capital inglesa. Assim, em "Bucky Done Gun", faz referências ao Rio, ao seu Sri Lanka, aos EUA. E todo mundo dança, pula, canta junto. Foi "a" música do festival.

Pouco antes do final do show, M.I.A. atira para o público um monte de cornetas de plástico. Em seguida, como uma celebração feminina, chama umas 50 garotas da platéia para o palco. E no meio de toda essa gente, turbinada pelo barulho das cornetas, toca seu primeiro hit, a infernal "Galang". Se Reading teve um único momento especial, foi esse. E se M.I.A. fizer algo do tipo no Rio, a casa vai cair.

Arcade Fire

Em Reading, mas no sábado, também esteve o inclassificável septeto canadense Arcade Fire, que também estará no Tim.

Um show do Arcade Fire é, além de caótico, teatral. No palco, visualmente, a banda encarna o espírito de seu primeiro e único disco, "Funeral" (ainda não lançado no Brasil): estão todos bem-arrumados, alguns de terno, outros de camisa e gravata, e as duas moças em vestidos sóbrios. Mas as canções do Arcade Fire não são nada comportadas, uma reunião explosiva de folk, rock e pós-punk.

O grupo é centralizado no guitarrista e vocalista Win Butler e em sua mulher, a tecladista e vocalista Regine Chassagne, mas há gente tocando sanfona e violino. As canções vêm em ritmo rápido, hipnotizante.

E eles são performáticos: um tecladista chega a bater violentamente uma toalha num prato da bateria. Claro que não dá para distinguir o som que sai dali, mas que é legal, isso é.

Eles fecham a apresentação com "Rebellions", a canção mais pop do álbum, mas numa versão de quase dez minutos, após, entre outras coisas, Chassagne bater os cotovelos no teclado durante uns três minutos. Muito bom.

O festival

Desde os anos 70, Reading é tradição entre os roqueiros britânicos. Realizado no último fim de semana de agosto, durante um feriado prolongado, o festival atrai à cidade de 250 mil habitantes, 45 minutos de trem a oeste de Londres, mais de 65 mil pessoas em cada um de seus três dias.

O palco principal recebeu na sexta, entre outros, Killers e Pixies. No sábado, Foo Fighters, Kings of Leon e Dinosaur Jr., e, no domingo, as bandas de metal, além de Iggy Pop com os Stooges.

O Reading é um festival eminentemente roqueiro, mas vem abrindo espaço para rap e eletrônico. Uma das tendas, a da M.I.A., era dedicada a artistas como Blackalicious, Audio Bullys, Lemon Jelly e Mylo. E estava cheia o tempo inteiro. Havia outras duas tendas, além de um palco para comediantes e do palco principal.

O jornalista Thiago Ney viaja a convite da produção do Tim Festival

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