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03/09/2005 - 10h16

Formação clássica da banda Television vem ao Brasil

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THIAGO NEY
Enviado especial da Folha de S.Paulo a Lisboa

Não muita gente conhece o Television, mas eles estão em todo lugar. Estão nas guitarras desconstruídas do Sonic Youth, nas notas sincopadas e garageiras dos Strokes, nos solos improvisados do Queens of the Stone Age, na crueza de PJ Harvey...

Television é banda que surgiu na mais criativa leva de bandas de Nova York, no começo dos anos 70. Fizeram o primeiro show na histórica casa CBGB, em 1974. Por aquela porta, passaram Ramones, Talking Heads, Blondie...

O grupo era liderado por Tom Verlaine, guitarrista e vocalista, e tinha também Billy Ficca (bateria), Richard Lloyd (guitarra) e Richard Hell (baixo), que logo deixaria a banda para formar os Heartbreakers com Johnny Thunders; em seu lugar, entrou Fred Smith... E é essa clássica formação que vai ao Brasil no Tim Festival, no MAM do Rio, em 23 de outubro, e no Sesc Pompéia, em São Paulo, em 25 e 26/10.

Verlaine e Lloyd são guitarristas distintos: técnicos, mas não virtuosos; tocam como se fossem jazzistas, improvisando notas e estendendo solos. Não à toa, The Edge, do U2, disse certa vez: "Verlaine é o único guitarrista que realmente diz algo musicalmente. Ele rasga todas as regras".

A música do Television é abrangente e sofisticada, mas teve carreira (quase) curta: lançaram dois álbuns nos anos 70, o ultraclássico "Marquee Moon" (77) e o clássico "Adventure" (78). Depois, o grupo se separou, e Verlaine seguiu inconstante carreira solo. A banda voltou no início dos 90, e lançou o irregular "Television" (92). A partir dali, passaram a fazer entre 15 e 50 shows por ano, como uma elogiada temporada londrina no mês passado. Além disso, Verlaine também faz alguns shows com Patti Smith, com quem namorou nos anos 70 (ele tocou guitarra em "Horses").

Verlaine, ou Thomas Miller, nascido em Morris, Nova Jersey, fã de poesia --emprestou o sobrenome do francês Paul Verlaine (1844-1896)--, conversou com jornalistas brasileiros anteontem à tarde, em um hotel de Lisboa.

Pergunta - Como será o repertório dos shows no Brasil? Tocarão músicas novas?

Tom Verlaine - Depende de quantos bootlegers [pessoas que gravam os shows para lançar gravações piratas] estão na audiência. Se há muitos, não tocamos músicas novas... Mas normalmente, quando nos apresentamos em lugares que nunca fomos antes, tocamos mais as canções antigas. Devemos lançar um novo disco no ano que vem, estamos com seis canções novas.

Pergunta - O que o estimula a fazer música hoje? É possível manter a mesma energia do começo?

Verlaine - Não sei, apenas gosto de tocar. Não me lembro de como era estar no palco há 30 anos. Mas, claro, nas bandas novas há mais energia física, os músicos pulam, correm. Mas nunca fizemos isso nem quando estávamos começando. Somos uma banda velha, de caras que gostam de jazz.

Pergunta - Vocês lançaram dois discos nos anos 70, terminaram e aí lançaram outro nos anos 90 e passaram a fazer turnês. O que houve?

Verlaine - Foi há tanto tempo, não interessa muito. Além disso, muitas das pessoas que vão nos assistir hoje nem eram nascidas nos anos 70, então mesmo se falássemos sobre aquela época, não haveria nada útil para alguém nascido nos anos 80. E não acho que a história do rock seja importante, pois rock é uma coisa muito específica de cada época. Uma coisa interessante é que nossa banda é a única de nossa área [a Nova York dos anos 70] que está com a mesma formação; não sei como conseguimos isso. Talvez porque ficamos sem tocar por mais de dez anos...

Pergunta - O Television sempre foi colocado na mesma turma de Ramones, Talking Heads, mas o som da banda era diferente, havia influência de jazz, improvisação...

Verlaine - Sim, costumamos improvisar bastante, nunca tocamos o mesmo solo duas vezes. Isso é uma distinção. Sempre há conexões entre bandas com duas guitarras e uma bateria, mas como improvisávamos bastante e não seguíamos o que os outros grupos faziam, isso nos colocava à parte.

Pergunta - No festival vocês tocarão com os Strokes. Muita gente diz que os Strokes copiam riffs do Television. Você concorda?

Verlaine - Não acho que eles sejam tão bons para nos copiar... Acho que essa geração que cresceu ouvindo pop e rock na televisão 24 horas por dia, eles parecem conhecer tudo, mas na verdade eles não sabem o que fazer. Pegam uma guitarra e a coisa mais simples que conseguem tirar dali parece a coisa mais cool do mundo. Às vezes pode ser divertido.

O repórter Thiago Ney viaja a convite da produção do Tim Festival

Especial
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