05/09/2005 - 09h54

Freak Brothers revivem contracultura dos anos 70

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
da Folha de S.Paulo

"Os irmãos Marx da marijuana", "uma versão psicodélica dos Três Patetas"... ou, simplesmente, a encarnação em quadrinhos dos hippies dos anos 70, com todo seu arsenal de drogas, sexo e contracultura. Eis o que são os Freak Brothers, trio de personagens criados por Gilbert Shelton que tem sua segunda coletânea lançada agora no Brasil pela Conrad.

Divulgação

Phineas, Fat Freddy e Franklin, os Freak Brothers

Quando questionado em entrevista à Folha, no ano passado, sobre como sua obra, tão característica de um determinado período, seria recebida nos dias de hoje, Shelton desdenhou: "As pessoas continuam comprando os livros, então não tenho razão para mudar. Muitos detalhes ficaram fora de moda, mas há algo ali com que as novas gerações se identificam".

Observando as histórias de Fat Freddy, Phineas e Freewheelin' Franklin reunidas nessa coletânea, é possível encontrar as características ainda pertinentes: as pessoas continuam usando drogas, bebendo muito álcool, transando e levando um estilo de vida pouco regrado. Não é difícil conhecer alguém que já tenha testemunhado (ou vivido) cena parecida com a de Fat Freddy chegando completamente bêbado em casa e fritando um damasco que ele pensava ser um ovo.

Por outro lado, os detalhes fora de moda a que Shelton se refere são muito mais abundantes. O visual, as gírias e uma série de referências podem ser pouco claras para quem não viveu ou estudou um pouco sobre as décadas de 60 e 70. Quantos leitores mais jovens conseguirão entender o trocadilho referencial que o trio usa para se referir a um "bombão de um cambojano assassino", chamado de "bekhmer vermelho"?

A edição nacional faz sua parte ao colocar notas explicativas sobre fatos como a convenção democrata de 1968, em Chicago, ou sobre o que são os "thai sticks", mas, algumas vezes, a situação fica parecendo uma piada explicada --ou seja, perde a graça.

Fabulous Furry Freak Brothers: A Viagem Continua
Editora: Conrad
Quanto: R$ 35, em média

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