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12/09/2005 - 11h25

Primeiro "western gay" do cinema é consagrado em Veneza

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da Folha Online

"Brokeback Mountain", o primeiro "western gay" da história do cinema, dirigido pelo taiwanês Ang Lee, foi o grande vencedor do Festival de Veneza. O filme faturou o cobiçado Leão de Ouro pela elegância, poesia e sobriedade com que conta a história de um amor homossexual.

O romance intenso e proibido entre dois caubóis, contada pelo reconhecido e premiado diretor taiuanês, ganhador do Oscar em 2000 com "O Tigre e o Dragão", conquistou o júri, presidido pelo italiano Dante Ferretti.

Protagonizado por Heath Ledger e Jake Gyllenhaal, o filme de Lee, que agradou tanto ao público quanto à crítica, é polêmico, mas ao mesmo tempo leva às lágrimas.

"Agradeço a Annie Proulx por ter escrito este filme sobre uma linda história de amor tão universal. Foi uma experiência muito importante para nós e estou feliz por receber este prêmio", disse Lee, que recebeu o prêmio das mãos do diretor japonês Hayao Miyazaki ("A Viagem de Chihiro").

Transformado em bandeira por organizações homossexuais italianas, o filme, que descreve com poesia as dificuldades de dois homens para viver uma paixão homossexual em um contexto como o do Texas dos anos 60, representa um desafio à figura do lendário e indomável vaqueiro "macho" americano.

"Só um estrangeiro poderia entrar nos meandros de uma cultura como essa para quebrar as convenções", avaliou uma respeitada crítica americana em Veneza, que também se questionava sobre o impacto que o filme terá em algumas regiões de seu país, onde há cinco anos dois caubóis crucificaram um jovem homossexual.

Os protagonistas do longa, que transformaram o monte Brokeback em seu secreto ninho de amor, onde se encontraram por 20 anos apesar de estarem casados e com filhos, conseguem transmitir com vigor sentimentos verdadeiros e profundos.

"Trabalhei com o coração. O amor é igual para todos. Todos temos nossa Brokeback Mountain particular, um lugar para nos refugiarmos e encontrarmos o próprio passado", disse o diretor taiuanês, que rodou o filme no Canadá.

Baseado no livro "Razão e Sensibilidade", de Jane Austen, Lee aborda as dificuldades íntimas que um homossexual enfrenta para ser aceito pela sociedade.

George Clooney

Mas o grande vencedor moral da Mostra foi o astro de Holywood George Clooney, cujo filme, "Good Night and Good Luck" recebeu dois prêmios, um de melhor roteiro e outro de melhor interpretação masculina para David Strathairn, na pele do protagonista, o jornalista Edward Murrow.

Escrito a quatro mãos com Grant Heslov, "Good Night and Good Luck" é um filme forte, rigoroso e de grande atualidade que conta a luta de um jornalista televisivo dos anos 50 contra o macarthismo. "Não se pode exercer o poder sem limites", disse Clooney, durante a cerimônia de premiação.

Aplaudido e elogiado em Veneza em todas as suas aparições públicas por seu posicionamento político e a oposição às ações no Iraque, Clooney recebeu os prêmios com orgulho e sem demonstrar decepção, apesar de ter aparecido em todas as pesquisas como favorito ao Leão de Ouro.

A surpresa foi o prêmio para o filme "Mary", do americano Abel Ferrara, cujas angústias místicas, com referências a textos sagrados, interpretações e análises sobre a figura de Jesus e Maria Madalena, causaram impacto no júri. Ferrara se contrapõe ao filme "A Paixão de Cristo", de Mel Gibson, ao atualizar a necessidade de Deus e espiritualidade no mundo moderno.

O cinema francês, presente com três longas-metragens, também saiu de Veneza generosamente premiado com o Leão de Prata de melhor diretor para Philippe Garrel por seu filme "Les Amants Réguliers".

O longa, com três horas de duração, todo filmado em preto e branco, presta homenagem às revoltas e barricadas da Paris de maio de 1968. Sua premiação foi um reconhecimento a Garrel, discípulo de François Truffaut e Jean-Luc Godard e um dos maiores representantes do cinema independente.

Pela primeira vez em 20 anos, o júri veneziano usou a fórmula do Prêmio Especial pela carreira para reconhecer a atuação da atriz francesa Isabelle Huppert, protagonista de "Gabrielle", de Patrice Chereau.

O cinema italiano, que geralmente costuma sair decepcionado de Veneza, faturou a Copa Volpi de interpretação feminina para Giovanna Mezzogiorno por "La Bestia nel Cuore", de Cristina Comencini, lançado com sucesso em mais de 200 salas da península.

O haitiano Menothy Cesar, por sua vez, recebeu o prêmio de melhor ator emergente por seu papel no filme "Vers le Sud", do francês Laurent Cantet, sobre o turismo sexual feminino na ilha antilhana. "É muito difícil para os haitianos viajarem, mas ele se sente muito honrado por recebê-lo", disse o produtor do filme, Simon Arnal.

Os jurados, cujas decisões não foram unânimes, como reconheceu Ferretti, sem dúvida aprovaram os dois Leões de Ouro pelo conjunto da obra concedidos a Stefania Sandrelli, musa do cinema italiano, e ao japonês Miyazaki, mestre do cinema de animação.

Com agências internacionais

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