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15/09/2005 - 20h30

Documentário brasileiro faz renascer filme russo-cubano

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da EFE, em Nova York

O documentário brasileiro "Sou Cuba, o Mamute Siberiano", que mostra o lado humano da única co-produção cinematográfica entre Cuba e União Soviética, o filme "Sou Cuba" (1964), estréia amanhã, sexta-feira, em Nova York.

Escrito e dirigido pelo brasileiro Vicente Ferraz, a produção participou neste ano da seleção oficial do festival Sundance, e foi mostrada no último festival internacional de cinema de Havana, junto com "Sou Cuba", do cineasta russo Mikhail Kalatozov.

Filmado em 14 meses e exibido pela primeira vez em 1964, "Sou Cuba" apresenta uma Cuba revolucionária, mas com uma personalidade monumentalmente propagandística e uma imagem idealizada e romântica da realidade da época.

O filme, que celebra a revolução castrista e apresenta uma Cuba folclórica, com uma visão épica, fez pouco sucesso com o público e caiu no esquecimento durante mais de 30 anos.

Só em 1995 o filme saiu da escuridão, graças à fascinação despertada por sua estética e qualidade técnica nos cineastas americanos Martin Scorsese e Francis Ford Coppola.

Ferraz diz que, ao saber desta história, surgiu nele o interesse de realizar um documentário que não fosse um "making of", isto é, que não se limitasse a uma apuração de como aconteceu o filme mas também explorasse as causas de seu esquecimento e resgate.

"Quis fazer, através desse filme, uma analogia da história de Cuba dos últimos 40 anos. O lado humano do filme, da experiência de fazê-lo, foi o que mais me chamou a atenção", disse Ferraz em entrevista à EFE.

O diretor, que está em Nova York para apresentar a estréia de seu filme, relatou que a época em que "Sou Cuba" foi filmado era "de mudanças mundiais: a Guerra Fria estava em pleno auge e imperava a utopia e o romanticismo".

A equipe de produção russa, com Kalatozov (1903-1973) no comando, chegou a Cuba em 1962 para filmar um longa que, com fatores como o bloqueio americano, foi se transformando em um manifesto contra o capitalismo e o imperialismo.

No entanto, aos olhos de cubanos e soviéticos, o filme só consegue modelar uma visão romântica dos atos.

"Isto causou um choque em Cuba e na União Soviética. Chamou minha atenção como os soviéticos e os cubanos puderam conviver por quase dois anos de filmagem, uma das mais longas da história, sendo duas culturas tão diferentes", disse Ferraz.

"Sou Cuba, o mamute siberiano" combina cenas originais do filme com entrevistas ao elenco original e membros da equipe de produção soviéticos e cubanos ainda vivos para investigar as razões pelas quais o filme foi proibido durante tanto tempo.

O cineasta brasileiro, que estudou na Escola Internacional de Cinema e Televisão San Antonio de los Baños, em Cuba, e dirigiu filmes na ilha, disse que não foi difícil localizar a equipe que trabalhou no filme.

"O maravilhoso é que todas estas pessoas tinham vontade de falar disso. De alguma maneira, desenterrei sua memória do filme. Quando exibi o filme em Havana houve figurantes do filme que se aproximaram de mim muito emocionados para me agradecer", relatou.

O documentário também mostra como os membros da equipe técnica cubano desconheciam até há muito pouco que "Sou Cuba" tinha sido relançado em DVD graças a Scorsese e Coppola.

A agradável surpresa e a nostalgia que despertou a notícia nestas pessoas foi, de fato, um dos motivos de Ferraz para fazer este documentário.

O que até os anos 80 era uma peça de arquivo, um documento histórico oculto no pó das cinematecas de Cuba e Rússia, passou a ser uma obra prima da cinematografia mundial.

Especial
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