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21/09/2005 - 10h45

Belo Horizonte ganha museu de arte sacra

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PAULO PEIXOTO
da Agência Folha, em Belo Horizonte

Santa Luzia, na região metropolitana de Belo Horizonte, ganhou na noite de ontem um museu de arte sacra. As cerca de 300 peças foram retiradas dos baús, gavetas e corredores de duas igrejas, o Santuário de Santa Luzia, de 1778 (matriz), e Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, de 1756.

Desembaladas, as imagens barrocas, oratórios, crucifixos, móveis, painéis, quadros e prataria, muitos dos séculos 18 e 19, estão agora expostos à visitação pública em um ambiente freqüentado religiosamente por muitos moradores da cidade: a igreja matriz.

O museu fica no segundo andar, sobre a sacristia, no antigo consistório (salão onde eram realizadas reuniões pelos religiosos).

O Museu Sacro do Santuário de Santa Luzia é resultado do trabalho de uma força-tarefa integrada pelo Iepha (Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico), PUC-MG (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais) e Arquidiocese de Belo Horizonte.

Ela promoveu o inventário, encerrado no final do ano passado, de todo o material encontrado no santuário e também na igreja do Rosário, a partir da restauração e reforma em curso.

Surgiu, então, a idéia do museu na igreja, que tem no padre André Luiz Drummond um dos principais incentivadores. Segundo ele, o museu é hoje o exemplo de uma mudança cultural que vem ocorrendo ao longo das últimas décadas na igreja, com a conscientização sobre a preservação do patrimônio artístico, cultural e de devoção.

Padre André compara a situação atual com a ocorrida em 1947, quando os responsáveis pelo santuário venderam a um colecionador três anjos barrocos, localizados em 2003 em um antiquário do Rio de Janeiro, prontos para ir a leilão.

A Justiça embargou a venda dos anjos e determinou no ano passado o retorno deles para o santuário até que ocorra decisão final. As peças, de autoria desconhecida, estão avaliadas em R$ 950 mil.

"Esses anjos foram vendidos para arrecadar fundos para o 'colégio dos padres' [primeira escola pública e mista da cidade]. Várias peças foram vendidas para gerar recursos. Era uma questão cultural. Hoje, a consciência é outra, a proposta é inversa ao que acontecia nas primeiras décadas do século 20."

Para valorizar o patrimônio e a história da comunidade, decidiu-se fazer uma busca pelos armários e altares laterais da matriz e dar outro sentido a elas. "Agora essas peças estarão expostas para quem quiser conhecê-las. Essas e outras, como as usadas durante a Semana Santa e que depois ficavam um ano encostadas em um corredor", disse padre André.

Doação anônima

O museu quer incentivar pessoas que possuam objetos sacros de valor histórico em casa a fazerem doações, com o compromisso de que não serão vendidos.

Na quinta-feira passada, na "sala de milagres" do santuário, foi deixada a primeira doação anônima. Com um bilhete, o museu recebeu uma imagem em madeira de santo Sebastião, provavelmente do início do século 19. O Iepha foi informado e tentará fazer a identificação da peça.

O Santuário de Santa Luzia é dotado de equipamentos de segurança. São 12 câmeras internas e quatro externas e alarmes. A guarda patrimonial do município também fará a segurança.

O ingresso ao museu será livre, mas as pessoas serão convidadas a fazer doação de qualquer valor para ajudar na manutenção.

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