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27/09/2005 - 10h18

Mercury Rev propõe apologia ao ambiente em Curitiba

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BRUNO YUTAKA SAITO
Enviada da Folha de S.Paulo a Curitiba

A segunda e última noite do Curitiba Rock Festival, anteontem, teve golfinhos, lobisomens e bailarinas. Ao menos no telão montado para a apresentação da principal atração, a banda norte-americana Mercury Rev.

Em dia de chuva e frio intenso, o grupo reuniu cerca de 2.200 pessoas, contra as 3.500 do Weezer, no sábado. Se o dia anterior era dos "losers" vencedores, o domingo foi dos hippies modernos. Isso porque o show do Mercury Rev, grupo que tem quase 20 anos de carreira, foi uma verdadeira ode à preservação do ambiente, entre questionamentos sobre a existência do homem, modos de conduta e sobre o embate entre razão e sentimento.

Trata-se de show grandiloqüente, mas não pedante. Pegam os melhores elementos do rock psicodélico/progressivo de bandas como Pink Floyd e os adaptam para o universo da música alternativa --não há exibições ególatras de virtuosismo por parte dos músicos. O clima de paz e amor chega às raias do cômico em dias de cinismo no pop-rock. O figura Jonathan Donahue, vocalista da banda, passava a maior parte do show imitando o bater de asas de um pássaro, entre um passo e outro típico de bailarinas.

Enquanto algumas imagens no telão lembravam abstrações de raves trance, outras eram de filmes como "2001 - Uma Odisséia no Espaço"; entre uma citação e outra de Einstein, Stanley Kubrick etc., personagens como Yoda e E.T. antecipavam frases que pareciam de auto-ajuda ("Use a luz que há em você"). E o mais surpreendente é que todos os elementos unidos não resultavam em uma caricatura piegas e iam além de mera ilustração para músicas contemplativas como "Holes", "Vermillion" ou "Secret for a Song". Show memorável, para embaralhar os sentidos.

Distorção

O clima etéreo do Mercury Rev foi precedido pelas guitarras do grupo dinamarquês Raveonettes (surgido em fins dos anos 90). Mas, aqui, a abstração era outra. Puxados pelas músicas de seu CD mais recente, "Pretty in Black", a banda --a dupla Sune Rose Wagner e Sharin Foo mais três integrantes-- emulava climas de canções ingênuas e românticas dos anos 50 em vestimentas pesadas de camadas de distorções -como em "My Boyfriend's Back".

Se a comparação com o escocês Jesus & Mary Chain é constante, ao vivo demonstram que são mais acessíveis, mesmo quando recuperam músicas mais áridas do começo da carreira, como "Do You Believe Her". À parte o brilhantismo de músicas como "That Great Love Sound" e "Little Animal", o que empresta dinamismo e cara à banda é a vocalista e guitarrista loirona Sharin, a que mais interage com o público. Show direto, simples e sem grandes surpresas.

Brasileiros

O último dia do CRF começou com quase duas horas de atraso. Como a banda paulista Hurtmold cancelou sua apresentação devido ao fato de não haver passagem de som para os grupos brasileiros, o estrago não foi maior na questão dos horários. "Eles [Hurtmold] estão certos [por desistir do show]. É ridículo que bandas brasileiras ainda sejam tratadas assim em festivais", diz o estudante Gustavo Luiz, 21.

Entre as seis atrações brasileiras que abriram a noite, poucos destaques --no sábado, todos foram prejudicados pelo som embolado. Quem ganhou a maior receptividade do público foi o Móveis Coloniais de Acaju (DF), grupo com nove integrantes e sonoridade que reúne metais e lembra gente como Karnak e Madness.

O dia era mesmo de loiras fatais e golfinhos saltitantes.

O jornalista Bruno Yutaka Saito viajou a convite do Curitiba Rock Festival

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