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23/10/2000 - 19h50

Free jazz assusta público em encerramento de festival

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da Reuters
em São Paulo

Vanguarda é isso aí. Trinta e cinco anos depois de criado, o Art Ensemble of Chicago ainda assusta. Metade da platéia do palco Club do Free Jazz Festival abandonou as mesas no domingo à noite, perseguida por sons de sirene, megafone e solos de sax estridentes.

"Gostei, mas jamais colocaria um CD para ouvir em casa", disse um senhor que conseguiu ficar até o final. Os jazzófilos americanos também não tinham paciência para ouvir o grupo em casa nos anos 60, tanto que o grupo teve que se refugiar na Europa.

Mas o trio remanescente do quinteto original -Roscoe Mitchell (saxofones), Malachi Favors (contrabaixo) e Famoudou Don Moye (bateria), todos também percussionistas- não desiste.

Como um guerrilheiro da música, Moye correu do palco para a entrada do Club, assim que terminou o show, e postou-se atrás de uma mesa para vender CDs, camisetas e fotos do grupo.

Alguns com certeza vão ouvir em casa. O show mais desconcertante da 15ª edição do Free Jazz, em São Paulo, foi precedido por outro também não muito "normal", o do saxofonista Ravi Coltrane, que também atacou de free jazz e teve momentos de intensidade rítmica comparável à do grupo principal.

O Art Ensemble é o grupo mais importante do free jazz, com uma inventividade sem limites. Seus integrantes vão passando de um instrumento a outro, fundindo músicas (o menos avisado pode pensar que eles tocaram um único número o show inteiro) e variando climas, desde um orientalismo zen até uma avalanche de ritmos africanos, passando por uma (quase) singela balada e um suingado soul jazz.

Jarros, gongos, calota de carro, um trompete de brinquedo, vale tudo que imita som. No palco, o impacto é muito maior com a performance teatral e bem-humorada dos músicos. Roupas extravagantes, pintura no rosto e gestos que simulam transes e passos de magia africana ajudam a compor o ideário de unir variadas vertentes da música negra americana e suas raízes africanas. A iluminação, ora sombria, ora intensa, ressalta os climas. Para os poucos que gostam, foi um show inesquecível.

Ravi Coltrane ainda não conseguiu sair da sombra do pai, John Coltrane, mas procura ampliar seus horizontes. À frente de um quinteto, chegou a relembrar o funk que apreciava na adolescência, em meio a dissonantes solos aos saxes tenor e soprano.

Ele é um dos poucos da nova geração a preferir as vertentes dos anos 60, com ênfase no free jazz, em vez do neobop de Wynton Marsalis, o que já lhe garante um nicho diferenciado. Como a carreira de líder ainda é recente, pode-se apostar que vai crescer e aparecer.

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