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12/10/2005 - 10h03

Por crianças, peão Carreirinha pára de beber em "América"

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LAURA MATTOS
da Folha de S.Paulo

Aos 36, Matheus Nachtergaele virou "rei dos baixinhos". Carreirinha, o peão destrambelhado que interpreta em "América", caiu no gosto da criançada. Em pesquisa da Globo, está entre os cinco personagens "mais queridos". Em razão disso, a autora Glória Perez teve de mudar características do início da novela. Ele vivia embriagado e parou de beber. Também não apanha mais por qualquer motivo.

Nachtergaele vive cercado por crianças e recebe cartas. "Elas dizem para o Carreirinha ser mais obediente e aprender a ler." Abaixo, trechos da entrevista à Folha.

Folha - Por que o Carreirinha faz tanto sucesso com as crianças?

Matheus Nachtergaele - Foi uma surpresa. Ele é infantil, uma criança. Foi criado sem pai nem mãe, de casa em casa, não teve uma formação moral, não aprendeu a ler, não foi domado. A amoralidade que resulta disso é pueril e faz com que as crianças gostem dele. O fato de ser corajoso, de enfrentar o Laerte [Humberto Martins] e montar bois, também as atrai.

Folha - Ele apanhava muito, e isso parou. Foi em razão das crianças?

Nachtergaele - O próprio personagem foi impondo respeito. As pessoas foram dizendo: "Ai, acho que eu não quero bater não". O personagem vai tendo vida e algumas coisas vão se modificando.

Folha - Como é o assédio dos pequenos quando você sai às ruas?

Nachtergaele - Forte. Fica um monte de criança acenando no trânsito. É bonito. Elas pedem autógrafo. Acontece de eu ir perto, de comer alguma coisa e, quando me dou conta, tem quatro, cinco crianças que migram das mesas delas para a minha. Falam sobre várias coisas, perguntam da novela. Recebo muita carta. Mandam também para o Carreirinha, dizendo para ele ser obediente, perguntando por que não entra na escola, por que não fica bonzinho.

Folha - Como foi a sua infância?

Nachtergaele - Morava na Chácara Flora [zona sul de São Paulo], numa chácara mesmo. Tínhamos uma casa grande, com árvores, cachorros, gatos, tartarugas, passarinhos, coelho. Uma vida muito atípica para um paulistano. Meus avós sempre moraram em Atibaia, em sítios, onde eu passava as férias. Tive uma infância rural na capital, graças a Deus, porque fico preocupado com essas crianças de apartamento. Pude ver um mundo de um jeito bom. Tive uma infância de brincar. Meu avô me ensinava a plantar, pescar.

Folha - Como deve ser a relação das crianças com a televisão?

Nachtergaele - Controladíssima. Se tivesse criança em casa, colocaria limites bem rígidos. Não retiraria totalmente porque não acho justo que ela não veja esse brinquedo de maluco. Tem de ver um pouco, mas fazer outras coisas.

Folha - E a novela das oito? É um programa para crianças?

Nachtergaele - Nem sempre é. "América" pode ser assistida por crianças. Eu talvez ficasse preocupado com núcleos mais neuróticos, como o da Haydée [Christiane Torloni], e controlasse um pouco. Há horas em que as crianças podem ver e outras em que o adulto deve estar do lado, até para dar explicação. Não é um programa infantil, mas há personagens, como o Carreirinha, bons para crianças. Se fosse pai de uma criança, assistiria junto ou colocaria limite: "Você assiste às cenas do Carreirinha e de Boiadeiros e depois vai dormir". Não sou contra a TV, mas acho que a criança tem de gostar de ler, de correr.

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