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20/10/2005 - 19h18

Confira a íntegra do bate-papo com Silvana Arantes

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da Folha Online

Confira abaixo a íntegra do bate-papo com a repórter Silvana Arantes sobre a boa fase do cinema nacional. O texto abaixo reproduz exatamente a maneira como os participantes digitaram suas perguntas e respostas:

(05:01:12) Silvana Arantes: Olá, pessoal.

(05:03:15) gato sada: oiiiiiiiiii

(05:03:17) jardineiro fiel: adoro suas críticas!!!

(05:03:22) ANDRÉ LUIZ: OLÁ LINDA REPÓRTER SILVANA ARANTES, FUTURA TEÓRICA DA HISTÓRIA DO CINEMA DO BRASIL!

(05:03:45) marcelo: boa tarde!!

(05:05:10) Silvana Arantes: Boa tarde. Acho que a idéia é falar hoje sobre a fase mais recente do cinema brasileiro. Alguém quer fazer a primeira pergunta?

(05:05:15) Dogville: Vc acha que "2 filhos de francisco" tem chance de ser selecionado para o Oscar?

(05:07:03) Silvana Arantes: Dogville, acho que "2 Filhos..." tem chances de ser selecionado. O fato de o filme ter feito grande sucesso no Brasil pode atrair a atenção para ele. Mas esta disputa normalmente é forte e imprevisível. Quando "Amelie Poulain" concorreu, achei que iria levar e nada...


(05:07:16) jardineiro fiel: você tem algum favorito para a mostra BR deste ano? Acha que há algum filme que pode desequilibrar, no bom sentido?


(05:09:22) Silvana Arantes: Oi, Jardineiro Fiel. Não vi todos os flmes da Mostra de SP, mas o Fernando Meirelles, que está no júri, gosta de ousadias. Acho que pode ser algo em que ninguém pensou


(05:09:43) marcelo: gostaria da sua opinião sobre o filme dois filhos de Francisco, ... na verdade o filme tem um bom enredo, boa fotografia, ou a mídia esta dando uma forcinha para o seus sucesso?


(05:11:28) Silvana Arantes: Marcelo, eu sinceramente gosto de "2 Filhos de Francisco". O filme tem sim uma história bem contada, obviamente numa vertente popular. Não é Godard e nem todo mundo da crítica gostou. A mídia tem se impressionado com o sucesso do filme, que deverá ser o mais visto no ano, com cerca de 5,5 milhões de espectadores.


(05:11:38) Dogville: Que filme que está em cartaz vc mais odiou?


(05:13:10) Silvana Arantes: Acho que o "campeão" ao contrário da temporada é o "Gigolô Europeu", Dogville


(05:13:27) ANDRÉ LUIZ: SILVANA ARANTES, CREIO QUE ESTÁ SENDO RODADO ATUALMENTE NO SERTÃO DA BAHIA UMA PRÉ-FILMAGEM E PRÉ-EDIÇÃO DO MOVIE SOBRE ANTONIO CONSELHEIRO. O QUE SABE SOBRE ISSO?


(05:15:11) Silvana Arantes: Do sertão, André Luiz, aguardo com empolgação o novo filme do Karim Ainouz ("Madame Satã"), rodado com elenco desconhecido. E posso te contar que adorei "Árido Movie", do Lírio Ferreira, que só deve estrear no ano que vem


(05:15:31) tony: qual foi a reportagem que vc mais gostou


(05:16:22) Silvana Arantes: Já que falamos sobre o sertão, gostaria de recomendar nesta mostra "O Fim e o Princípio", que o documentarista Eduardo Coutinho fez numa cidadezinha paraibana chamada Araçás


(05:18:52) Silvana Arantes: Tony, gostei de muitas reportagens e entrevistas que fiz. Por exemplo, de cobrir o set de "Carandiru" e da generosa entrevista que Hector Babenco me deu sobre o filme. Ele contou coisas que eu não esperava ouvir. A surpresa é o melhor do jornalismo.


(05:19:01) CINEMALOGO: vc não acha não é a boa fase dos filmes brasileiros e sim que só tem lançando filme ruim nesses 2 meses?


(05:22:47) Silvana Arantes: Cinemalogo, acho que a fase boa do cinema nacional não está só na qualidade dos filmes, mas no fato de que temos uma produção consolidada, com um bom número de filmes em produção e de lançamentos a cada ano. Temos também em atividade dois cineastas de projeção internacional, Walter Salles e Fernando Meirelles, cujas produtoras aqui (O2 e Videofilmes) ajudam a movimentar o setor com filmagens constantes. Há muita gente nova fazendo o primeiro ou o segundo filme. E o veterano Nelson Pereira dos Santos está filmando, o que é uma ótima notícia. Sobre os filmes da temporada, gosto de "Vida de Menina", de "Filhas do Vento", de "Doutores da Alegria". Não acho a temporada tão fraca quanto vc. diz


(05:23:06) taciana: na sua vida de reporte qual a maior dificuldade q vc passou


(05:25:35) Silvana Arantes: Taciana, minha vida de repórter tem sido um filme com mais momentos bons do que ruins. Os piores eu editei.


(05:25:57) west: o que vc acho do filme do cazuza?vc acho ele pesado?


(05:27:15) Silvana Arantes: Oi, West. Bom vc. ter perguntado isso. Vou te contar que acho uma injustiça o filme do Cazuza não ter sido o indicado ao Brasil no Oscar (foi preterido pelo Olga). Não acho pesado em nenhum sentido. Ao contrário, para garantir a audiência jovem, os diretores suavizaram muuito a história e a narrativa. Ainda assim, é um bom filme, com um desempenho magnífico do Daniel Oliveira


(05:27:29) ANDRÉ LUIZ: É EVIDENTE O DESPREZO DO GILBERTO GIL PELO CINEMA ERUDITO, COMO O FEITO ATUALMENTE, NUM ENSAIO SINGELO, PELO DIRETOR DESTA MINISSÉRIE QUE ESTEVE EM CARTAZ NA REDE GLOBO, PROTAGONIZADA POR RODRIGO SANTORO. ENFIM, MINHA AMIGA, VOCÊ AINDA CRÊ QUE O CINEMA DO BRASIL PRECISA DO ESTADO OU DA INICIATIVA PRIVADA?


(05:30:36) Silvana Arantes: André Luiz, concordo que Luiz Fernando Carvalho faz brilhante cinema na TV (e fora dela também). Não estou certa se o ministro despreza o cinema erudito, quando distribui incentivos para os "fora do eixo". O cinema (um certo tipo de cinema) no Brasil e nos outros países precisa de incentivos. O nó da questão é concedê-los corretamente.


(05:30:54) oscar goes to: que faculdade vc fes para engrenar na sua carreira ?


(05:32:30) Silvana Arantes: Estudei jornalismo na Universidade Federal de Minas Gerais, oscar goes to, em Belo Horizonte, onde, nesta época, a sala Humberto Mauro era o reduto de um cinema que interessava os estudantes


(05:32:43) gui: quais você acha que são as chances de 2 Filhos no mercado americano? e no europeu?


(05:34:49) Silvana Arantes: Gui, pelo que sei, a Sony está estudando o lançamento de "2 Filhos ..." neste mercado. Um fator importante seria o filme emplacar no Oscar. Por isso, eles já começaram a campanha com a Academia. Mas não acho que o filme faça grande sucesso neste mercado. Talvez tenha um interesse apenas marginal, de quem despertou para a produção brasileira com "Central do Brasil" e "Cidade de Deus"


(05:35:16) roniel paniago: Temos visto nos dias de hoje, que o cinema brasileiro têm mudado sua cara, recentemente, estive conversando com coordenadores do FICA, Festival Internacional de Video Ambiental, realizado em Goiás, e eles disseram que sem sombra de dúvidas, atualmente, os filmes brasileiros têm ganhado respeito a nível internacional, isto realmente acontece?


(05:37:14) Silvana Arantes: A distribuição do filme brasileiro lá fora vem crescendo, mas ainda é bem pequena, Roniel. Porém, é verdade que há interesse. Todos querem descobrir o novo "Cidade de Deus", o novo "Madame Satã". Mas o cinema brasileiro ainda é bastante lembrado e respeitado pela produção do cinema novo


(05:37:22) Cinema: De que modo a crítica enxerga o "euforismo" em torno do filme "dois filhos de Francisco"? É passageira? E de que modo influenciará na história do cinema brasileiro, independentemente de ganhar o Oscar!


(05:41:50) Silvana Arantes: Cinema, lembra que os 4,6 milhões de espectadores de "Carandiru" também impressionaram a imprensa? "2 Filhos..." é outro fenômeno assim, que se repetiu talvez mais rápido do que esperávamos. A influência dele (se há alguma) talvez esteja em ser um eloquente símbolo da queda da resistência do público brasileiro ao filme nacional. Ele deve encerrar 2005 com mais espectadores do que todas as produções americanas. E estamos falando de um tema sertanejo, que, teoricamente, iria afastar a maior parte do público de cinema (a classe média urbana)


(05:42:06) CineAmazônia: como a jornalista ve a produção cinematrográfica do país, principalmente as realizadas fora do eixo rio-sp


(05:45:40) Silvana Arantes: CineAmazônia. Do que tenho visto da produção fora do eixo (Nordeste e Rio Grande do Sul), por exemplo, gosto muito de algumas coisas e nada nada de outras. Ou seja, exatamente como a produção "do eixo". Acho que vem uma geração interessante de curtas-metragistas de diferentes partes do país, que logo chegarão aos longas.


(05:46:08) ANDRÉ LUIZ: SILVANA ARANTES, OS ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS DE CINEMA DA GRANDE SÃO PAULO ESTÃO TREMENDO DE MEDO, POR CONTA DO AUTORITARISMO ARTÍSTICO DO JOSÉ SERRA. COMO RESOLVEMOS ESTE IMPASSE EM NOME DE NOVOS TALENTOS DO CINEMA?


(05:47:57) Silvana Arantes: André Luiz, estudantes universitários de cinema tremerem de medo é realmente algo que não combina com a idéia comum que fazemos dos jovens, especialmente dos artistas. Me explique melhor, por favor: o que exatamente eles temem?


(05:48:05) Acadêmica: Vc acredita q o Cinema brasileiro tem chances dese propagar, como o cinema Americano ? Quais são os nossos pontosfortes ?


(05:50:19) Silvana Arantes: Oi, acadêmica. Ombrear o cinema americano no mercado internacional é algo que definitivamente não está ao alcance do cinema brasileiro. Não temos nem volume de produção para isso, sem falar em todo o resto da conformação desta indústria. Mas acho que há (um pouquinho) mais de espaço para o cinema brasileiro ocupar na estreita faixa reservada às cinematografias estrangeiras na Europa e nos EUA, por exemplo


(05:50:33) flora: Silvana, o filme Cidade Baixa ficou de fora de alguns festivais por ser considerado muito brasileiro. O que se leva em conta quando é selecionado pra festivais?


(05:53:15) Silvana Arantes: Tenho a impressão, Flora, de que são muitos os fatores que determinam a seleção para um festival, além da qualidade intrínseca dos filmes. Por exemplo, há certa divisão geopolítica que os organizadores procuram desenhar. Talvez "muito brasileiro" seja um jeito de dizer que não havia lugar para brasileiro algum nas edições destes festivais que vc. menciona. "Árido Movie", por exemplo, é brasileiríssimo. E estava em Veneza neste ano.


(05:53:27) Dogville: Vc aborda muito às críticas à concentração de verbas para o cinema no eixo RJ-SP. Vc concorda com essas críticas?


(05:55:24) Silvana Arantes: Dogville, acho que nessa discussão da concentração X pulverização os dois lados têm parte de razão e nenhum tem a razão completa. Na minha opinião, o aperfeiçoamento da concessão de incentivos tinha que olhar não apenas para a concentração geográfica, mas também para os valores concedidos aos tipos de produção selecionados.


(05:55:30) ANDRÉ LUIZ: O CINEMA NO BRASIL SEMPRE FOI, É E SERÁ FEITO PELO JOVENS QUE BANCAM A PRÓPRIA FORMAÇÃO. APESAR DISSO EXISTEM ATUALMENTE ALGUNS POUCO CINEASTAS DE 40 ANOS, DE ÓTIMO BERÇO E UNIVERSIDADE, QUE ESTÃO ABRINDO AS PORTAS PARA A JUVENTUDE. O QUE PENSA A RESPEITO


(05:57:18) Silvana Arantes: André Luiz. Cinema é atividade cara. Se as portas estão sendo abertas para os menos endinheirados, acho ótimo. tomara que eles sejam também muito talentosos e tracem um bom caminho


(05:57:20) preto: Oi Silvana, A que vc atribui este bom momento do cinema brasileiro. É justamente pela mior quantidade e diversidade de filmes realizados? Pela melhor qualidade técnica e dos roteiros? Pela maior aproximação com o público?


(05:58:46) Silvana Arantes: Preto, acho que é por isso tudo. Da intensa atividade sai o aperfeiçoamento e a qualidade. O que não impede exceções. O Uruguai, por exemplo, faz dois filmes por ano. E nos deu no ano passado o belíssimo "Whisky"


(05:58:55) Anderson Pedron M: Qual filme em cartaz você recomenda ir assistir?


(05:59:59) Silvana Arantes: Anderson, ria e chore com os Doutores da Alegria.


(06:00:51) Silvana Arantes: Gente, muito obrigada pelas perguntas. Foi ótimo conversar com vocês. Até a próxima. Apareçam novamente.


(06:01:33) Moderador: O Bate-papo UOL agradece a presença de Silvana Arantes e de todos os internautas. Até o próximo!

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