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25/10/2000 - 05h42

Beck diz que agora vem e quer Caetano

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LÚCIO RIBEIRO, da Folha de S.Paulo

Janeiro está longe. Mas a entrevista concedida à Folha na última segunda pode ser tomada como bom indício. O de que o astro pop americano Beck vem mesmo tocar no Brasil, afinal.
"Desta vez eu vou", prometeu o próprio, ao telefone, de sua casa em Los Angeles.

O cantor é uma das atrações mais comemoradas do festival Rock in Rio 3. Seu nome ocupa a lista do palco principal do dia 13 de janeiro.

O site oficial do cantor (beck.com) bota exclamações depois de Iron Maiden e reticências antes de Britney Spears, ao anunciar outros convidados do RR3.

Beck Hansen, 30 anos, é o campeão de vindas não concretizadas para o Brasil. Não há um festival de médio/grande porte que não o tenha anunciado ou especulado nos últimos quatro anos.

Ventos fortes sopravam que Beck estrelaria o Free Jazz, que terminou domingo em SP. "Furou" de última hora e de um acerto deram o Sonic Youth no lugar.

"Não deu para eu ir. Mas desta vez, em janeiro, eu vou, pode esperar", repetiu o cantor.

Beck chegou ao Brasil via MTV em 1994, quando com US$ 200 gravou "Mellow
Gold", emplacou o estrondoso hit "Loser", posando de perdedor, e não parou mais de sair em listas da "Rolling Stone" quando o assunto são os artistas que definiram a década.

Embaixador da música brasileira -"sempre gostei"- nos EUA, Beck ensaia um convite a Caetano Veloso, para cantar em seu show no Rock in Rio 3.

Folha - Você vem mesmo? Não sei se você sabe, mas seu nome sempre é anunciado por aqui...
Beck Hansen -
Desta vez eu vou. O problema é que das outras sempre confirmaram antes do "sim".

Folha - Era para você ter tocado no Free Jazz Festival, que aconteceu no último fim-de-semana, não? O que aconteceu? Chegou-se a dizer que era problemas com avião.
Beck -
Eu queria tocar e até estava certo, mas depois surgiram problemas. A história do avião é que eu só poderia chegar ao Rio no dia exato do show e no dia seguinte vir embora. Isso não interessava a mim. E acho que também não ao festival.

Folha - Você é famoso no Brasil por semear nos EUA seu amor pela música brasileira. Gravou até uma música chamada "Tropicalia" em álbum recente. De onde vem isso?
Beck -
Eu cresci com meus pais tocando Tom Jobim e João Gilberto. Depois de Gilberto, as coisas do começo dos anos 60. Aí eu comecei a ver essa gente tocar. Quando eu tinha uns 11, 12 anos, vi Jobim tocar. Depois passei a conhecer e gostar da tropicália. Eu adoro Jorge Ben (Jor).

Folha - Caetano Veloso vai subir ao palco em seu show no Rock in Rio 3, como você fez no show dele, no ano passado, em Nova York?
Beck -
Não tem nada planejado, mas pode ser. Seria uma grande honra. Vou telefonar para ele, ver se está disponível na data. Não falo com o Caetano há um ano. Seria uma honra ter ele cantando em meu show, assim como foi quando cantei com ele.

Folha - Você tem conhecimento de que pessoas que apreciam o pop de espírito independente, que compram seus discos e que irão a seu show não necessariamente gostam do trabalho de Caetano Veloso?
Beck -
Já ouvi falar. É a mesma coisa quando vou a Nashville, a terra da country music. Só que lá a garotada odeia country music, acham coisa do passado. E eu amo. Então, toda vez que toco lá, convido algum artista country para fazer parte do show. E isso causa mal-estar. Mas não ligo.

Eu cresci numa comunidade latina em LA. Os jovens de lá não ouviam música mexicana. Ouviam The Cure. Eles queriam coisas da Inglaterra, música bem diferente de onde vieram. Acho que é por isso que as pessoas daí não gostam de Caetano Veloso.

Folha - Mas muitos gostam...
Beck -
Então não entendo.

Folha - Você tem uma idéia de qual será o playlist aqui no Brasil? Algum material novo?
Beck -
Vai ser um pouco de tudo. Talvez uns 50% de "Midnite Vultures" e 50% de canções dos outros discos. Não sei se vou tocar música nova. Talvez não.

Folha - Mas li que você já tem seu sexto disco pronto. E também material para outro álbum...
Beck -
Eu já tenho o sucessor de "Midnite Vultures", mas não sei quando vou lançá-lo. Tenho mais umas outras 30 canções feitas, mas talvez lance boa parte delas só na Internet. Se eu fosse colocar tudo em disco, daria um álbum triplo. As pessoas se encheriam.

Folha - Como são as músicas novas? Rock, funk ou o quê?
Beck -
Boa parte é diferente de tudo o que já fiz. Tem muita coisa eletrônica. Tentei o diferente para não ficar cansado de mim mesmo. Mas no fundo é tudo Beck.

Folha - O que mudou do Beck de "Mellow Gold" para o Beck de hoje?
Beck -
Talvez esteja sem a mesma paciência para umas coisas que fazia. Mas com a mesma atenção para assuntos simples, como meu travesseiro, o jardim.

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