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30/10/2005 - 09h30

Ex-boto e seu broto estréiam na telona

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PAULO SAMPAIO
da Revista da Folha

Bruna Lombardi é linda toda vida. De tal forma se acostumou a ser admirada que, volta e meia, solta sem corar frases do tipo: "A beleza é uma coisa relativa, né?".

Ex-modelo, atriz, fenômeno de fotogenia, olhos claríssimos, eterno broto, Bruna sabe melhor do que ninguém que a beleza não é relativa coisa nenhuma.

O comentário é em relação a Rachel, personagem do filme "S.O.S. --Stress, Orgasms and Salvation", que marca sua estréia como roteirista. Bruna escreveu a história, faz a protagonista e é dirigida pelo marido, o ator Carlos Alberto Riccelli, em sua primeira incursão atrás das câmeras. Na entrevista com os dois, que estão juntos há quase 30 anos, ela diz: "Não estou bonita no filme. A Rachel é largada, brega, um desastre na vida afetiva, procura as coisas nos lugares errados".

A história: Rachel vive uma relação complicada com o marido, Brad (Will Potter). Não transa com ele há três meses e não tem orgasmo há três anos. Finalmente Brad a trai, ela o expulsa de casa, mas ele não se conforma e passa o filme tentando reconquistá-la.

Aviso aos taradinhos: quem pensa que vai ver Bruna pelada esqueça. Ela se masturba no filme, mas em uma cena tipo "artística", na qual suspende ligeiramente o vestido e mostra só a coxa.

Na trama repleta de "personagens individualistas, egoístas, voltados para si mesmos", Brad parece correr demasiadamente atrás de Rachel. Pergunta-se: será que esse cara existe?

"Em que sentido?", quer saber Bruna Lombardi. "Me explica porque eu adoro essa troca (espectador/roteirista)..."

"O principal é entender o que o personagem está fazendo na história; para onde o diretor e o ator devem conduzi-lo", acha Riccelli.

O diretor conta que, para dar realidade aos tipos, fez "a viagem de todos eles". "Os personagens da Bruna são muito coloridos. Tive de fazê-los virar seres humanos de verdade", conta Riccelli.

Outros homens na história também se apaixonam por Rachel/ Bruna, incluindo um roqueirinho de 17, que parece não viver na era do "ficar".

Apaixona-se por Rachel e a chama de sua mulher. Ela vai beijando todos, mas, linda, dispensa-os, alegando estar "confusa". "O filme não se propõe a dar respostas, só a colocar perguntas", explica a roteirista.

Bruna Lombardi é uma linda ambiciosa: além de acreditar realmente que conseguiu não estar tão bonita no filme, ela nunca se conformou em ser apenas bela. Escritora, poeta e agora roteirista, quer que reconheçam sua perspicácia incomum: "Amo gente. Gosto de observar as pessoas, a vida, vivo numa eterna busca. Meus cineastas prediletos são P.T.

Anderson ["Magnólia"], Spike Jonze ["Quero Ser John Malkovich"] e David O. Russell ["Huckabees"]. Entendeu minha cabeça? Sou alternativa", define-se ela, que vive na ponte São Paulo-Los Angeles há 13 anos, desde que resolveu estudar cinema nos EUA.

"Engraçado, em um momento em que todo mundo quer ser celebridade, eu busco o anonimato: para mim a fama não é a resposta, "that's not the answer'", diz.

A idéia de escrever o roteiro do filme ocorreu na época em que tinha um programa de entrevistas, "Gente de Expressão", no qual conversava com televisivos do Brasil e astros de Hollywood. Ela diz que gostava de entrar na intimidade das pessoas e não ficar apenas na conversa formal.

"Eu continuava a entrevista "off the records" [nos bastidores]. E, mesmo depois que o programa deixou de abordar apenas celebridades e viajou para lugares como Egito e Indonésia, percebi, conversando com aquelas mulheres, o quanto elas estavam insatisfeitas sexualmente. Muitas nunca tinham tido um orgasmo, outras fingiam", impressiona-se.

Bom, como Bruna se diz adepta das entrevistas íntimas e seu filme fala de orgasmo já no título, é hora de perguntar: você já fingiu algum? "Imagina, você já me viu mentir? Se fingi, deletei, esqueci", afirma, desviando os olhos.

Se Bruna não mente, convém tocar em um tabu ainda maior. Sua idade. No filme, ela diz, a personagem "está na faixa dos 40". E na vida real? "Também, por aí", desconversa, rindo.

Fez plástica? "Não. Isso é o de menos, um dia vou fazer. Tenho uma alma adolescente, o que segura a onda", é como ela justifica a impressionante forma física.

Riccelli é instado a responder também. Pode dizer a idade?
Pausa. "Sou de 1946", diz o ex-boto, personagem-peixe que marcou sua carreira e que deixou marcas também em seu rosto. Em excelente forma, Riccelli, contudo, apresenta linhas típicas de quem tomou muito sol.

Ao contrário do personagem Brad, o boto não tem ciúmes do broto: "Só tenho ciúme quando me dão motivo". Bruna Lombardi não é um bom motivo? Ele ri: "Sei que ela está na minha".

S.O.S. - Stress, Orgasms and Salvation
Direção: Carlos Alberto Riccelli
Quando: hoje, às 13h, no Frei Caneca Arteplex

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre Bruna Lombardi
  • Leia o que já foi publicado sobre Carlos Alberto Riccelli
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