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07/11/2005 - 12h23

Tate Gallery teria pago máfia por trabalho

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da Efe, em Londres

A Tate Gallery, de Londres, supostamente pagou uma grande quantia a mafiosos de origem balcânica para conseguir a devolução de duas obras-primas de Turner, roubadas em um museu de Frankfurt --as obras tinham sido emprestadas para uma exposição.

Um relatório da emissora BBC2, que será divulgado na próxima semana, mas cujo conteúdo foi publicado no sábado pelo jornal "The Daily Telegraph", relata essa operação, autorizada pelas autoridades de Londres e de Berlim. Na ação, um advogado alemão e dois ex-agentes da polícia britânica agiram como intermediários.

Até agora, a Tate Gallery dizia que os 4,8 milhões de euros que gastou para recuperar os quadros, segurados em 35 milhões de euros, foram pagos pela "informação" obtida para encontrar sua pista e por causa dos custos da investigação.

No entanto, a maior parte desse dinheiro foi parar, na verdade, nos bolsos de mafiosos de origem balcânica, segundo a reportagem.

Entenda o caso

Os quadros "Shade and Darkness" (Sombra e Escuridão) e "Light and Colour" (Luz e Cor) foram roubados de uma exposição no museu Schirn-Kunsthalle, de Frankfurt, em 1994, em uma operação em que os ladrões renderam um dos guardas.

Os dois ladrões e o homem que dirigiu o carro em que eles fugiram foram detidos e condenados, em 1999, a penas de entre 3 e 11 anos de prisão. As companhias seguradoras pagaram à Tate Gallery os 35 milhões de euros previstos em caso de furto.

No entanto, o cérebro do grupo, suposto líder de um grupo mafioso que atua no tráfico de drogas e na prostituição em Frankfurt, não foi acusado, e as pinturas continuavam desaparecidas.

A Tate Gallery fez então uma aposta arriscada: pagou às seguradoras, LLoyd's e Axa Nordstern, mais de dez milhões de euros para recuperar o direito de propriedade dos quadros se estes voltassem a aparecer, e decidiu aplicar seu próprio plano de ação.

Um advogado de Frankfurt, chamado Edgar Liebrucks, disse à Tate Gallery que achava que poderia negociar a devolução dos quadros roubados, e a galeria britânica aceitou Liebrucks como mediador, junto a dois detetives britânicos.

A galeria depositou 3,3 milhões de libras (cerca de 4,8 milhões de euros) na conta de um banco em Frankfurt aberta por um dos dois detetives.

O grupo mafioso com o qual Liebrucks negociava exigiu o pagamento inicial de 10% desse valor em troca de provar, através de fotografias, que estavam em posse das pinturas roubadas, e os intermediários pagaram.

Em 2002, o diretor da Tate Gallery, Nicholas Serota, reconheceu que a galeria pagou uma certa quantia, mas não diretamente aos ladrões.

No documentário, o advogado e os ex-agentes da Scotland Yard afirmam que a polícia alemã e a britânica sabiam da operação, e disseram a eles que teriam imunidade por suas atividades relacionadas a ela.

O advogado alemão, que recuperou o primeiro dos dois quadros em 2000 após ter feito o último pagamento na Suíça, não explica no documentário de onde veio o dinheiro, mas acredita-se que ele veio da conta aberta em Frankfurt por um dos ex-policiais britânicos.

A Tate Gallery não informou sobre a recuperação do primeiro Turner por dois anos, para que o resto da operação não fracassasse. A negociação ficou mais complicada, já que o advogado foi contatado 18 meses depois por duas fontes que afirmavam ter em seu poder o segundo quadro.

Um dos indivíduos que entrou em contato com o advogado encontrou Liebrucks em uma floresta de Frankfurt, mostrou a ele a pintura, mas não deixou que ele a levasse.

Finalmente, após várias tentativas, o segundo Turner foi recuperado em um apartamento vazio em uma pequena localidade próxima a Frankfurt, depois que os intermediários depositaram a quantia acertada.

Especial
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