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13/11/2005 - 09h18

"Cidade dos Homens" retoma tom de crônica

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MARCELO BARTOLOMEI
Colaboração para a Folha de S.Paulo, do Rio de Janeiro

Estréia na próxima sexta-feira, dia 18, na Globo, a quarta e última temporada da série "Cidade dos Homens", uma jornada que (quase) encerra um ciclo de retratos de descaso nas favelas cariocas --mas que se refletem em todo o país--, projeto que começou antes mesmo do sucesso de "Cidade de Deus" e ainda gerará um filme no ano que vem.

Durante os três últimos anos, dois garotos provenientes das favelas retrataram na TV diversas situações reais dos morros cariocas. Darlan Cunha e Douglas Silva, Laranjinha e Acerola na ficção, respectivamente, viveram no período dois adolescentes "sangue bom", que sobreviveram na favela tão perto e tão longe do tráfico e da criminalidade.

Mesmo recheada de cenas de ação e humor, "Cidade dos Homens" reflete a mais séria crise de segurança no país, na visão de seus produtores e diretores.

Fernando Meirelles, 49, mentor do projeto na TV, diz estar desacreditado em relação ao futuro de crianças da favela. "Minha percepção é que em cinco anos tudo piorou muito. Antes, os "donos" do morro eram pessoas nascidas ali e que tinham ligação com a comunidade. Hoje, as facções que controlam já não têm mais essa ligação. A vida nas comunidades piorou muito com isso", disse o cineasta, por e-mail, à Folha.

Meirelles dirige o quinto episódio da nova temporada, que encerrará a série de uma maneira diferente: será uma mistura de documentário com desenho animado, criado pela dupla de cartunistas Os Gêmeos, conhecidos na grafitagem paulista, e vai falar sobre as percepções do futuro para os atores, não para os personagens. "É sobre o futuro dos atores, que agora vão ficar desempregados", comenta o diretor.

"Honestamente, se dependermos da eficiência de governos como os dois últimos que passaram [FHC e Lula], não há esperança nenhuma. E a solução existe: educação e distribuição de renda, se possível. Mas quem se interessa por isso? Nosso Congresso só pensa em ficar atacando uns aos outros para ganhar a "cenourinha" do ano que vem. Parece piada. Já há uma geração perdida aí, sem volta. Tudo vai piorar muito mais ainda. Mas pode começar a melhorar daqui a uns 25 anos, se formos rápidos", analisa o cineasta.

Paulo Morelli, 49, diretor do segundo episódio, compartilha da mesma opinião. Em "Tá Sobrando Mês", o tema é a desigualdade de renda, o desemprego e o emprego informal. "Os meninos começam a trabalhar e têm responsabilidades, filho para criar. Daí, mesmo vivendo de bicos ou trabalhando com carteira assinada, o dinheiro é pouco para sobreviver. É bem dramático e tem um final triste", diz o diretor, que no ano que vem filmará o longa-metragem da série (leia texto ao lado).

"Decidimos voltar para o início da série, que era mais no estilo de crônica do que de história contínua. Cada episódio desta temporada será diferente", conta Morelli, para quem a série se assemelha "a final de Copa do Mundo nas favelas, quando passa".

Cada episódio tem um time de roteiristas e diretores diferentes. O primeiro, dirigido por Roberto Moreira e que abordará os conflitos armados nos morros e o mau atendimento na rede pública de saúde, terá muita ação.

No terceiro episódio, uma jovem de classe média sobe o morro para morar com o líder do tráfico local, história baseada num caso real, ocorrido no ano passado no Rio de Janeiro. Será dirigido por Adriano Goldman, que participou também de temporadas anteriores.

Já o quarto será um dos mais inusitados. Escrito pela equipe de redatores do "Casseta & Planeta" e dirigido por Regina Casé, terá humor rasgado e colocará a dupla de atores em novos papéis.

O melhor ano da série em audiência foi o segundo, em 2003, quando obteve 33 pontos no Ibope com cinco episódios exibidos às terças-feiras. Em 2002, ano da estréia, foi exibido em quatro episódios numa só semana, de terça a sexta, e obteve 29 pontos de média no Ibope.

O seriado já foi vendido para mais de 50 países, e o ator Douglas Silva concorre, no próximo dia 21, ao International Emmy.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre a Cidade dos Homens


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