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25/11/2005 - 10h44

Show em SP mostra a neotropicalia

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ADRIANA FERREIRA SILVA
da Folha de S.Paulo

Em 1968 o clima era de manifesto. Hoje à noite, será muito mais de festa, mas o espírito tropicalista paira no ar da mesma forma em que naquela época, quando os então jovens Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Nara Leão e Tom Zé, junto aos anárquicos Mutantes, se reuniram para gravar o histórico disco "Tropicália ou Panis et Circenses".

O álbum será reproduzido nesta sexta, da primeira à última faixa, por um grupo de músicos que na maior parte nem era nascido quando "Tropicália" foi lançado. O encontro que reúne Otto, Ceumar, Rebeca Matta, Lula Queiroga e a banda Labo, entre outros, acontece no Sesc Pompéia, encerrando o Disco de Ouro.

O projeto, que estreou em janeiro com o show da Orquestra Manguefônica --Nação Zumbi e Mundo Livre S/A--, é resultado de uma votação feita com 12 críticos de música de todo o país, que elegeram os dez melhores discos brasileiros de todos os tempos.

Entre os escolhidos, estavam "Da Lama ao Caos", de Chico Science e Nação Zumbi, "Samba Esquema Novo", de Jorge Ben, "Acabou Chorare", dos Novos Baianos, e "Tropicália", que ficou em primeiro lugar.

"Depois de Noel Rosa, pouca gente rasgou o verbo como em "Panis et Circenses", que é um disco ultrabrasileiro", acredita o cantor Lula Queiroga, 45, responsável pela direção do espetáculo.

Sua idéia é fazer uma releitura das músicas. O que é um desafio, dada a complexidade dos arranjos feitos naquela época pelo maestro Rogério Duprat. "Claro que não vamos copiar os arranjos de Duprat, mas sampleamos alguns detalhes", explica Queiroga.

"Procuramos não fugir muito. É um álbum difícil, cheio de minúcias", fala o cantor. "As letras são muito delicadas. Há músicas mais simples, como "Baby", mas tem outras que são revolucionárias."

Quem se debruçou para valer sobre a obra foi o Labo, banda de pós-rock formada por músicos que circulam em outros grupos, como o Jumbo Elektro, e têm um trabalho coletivo na gravadora indie RecoHead. Eles serão os novos Mutantes.

"O disco é muito mais erudito do que nós somos", observa o guitarrista Marcelo Ozório, 30. "Ensaiamos um mês separando todos os arranjos e as bases. Para cada música fizemos um trabalho."

Nesse processo de reconstrução, composições como a melancólica "Mamãe Coragem", de Caetano Veloso e Torquato Neto, interpretada por Gal Costa, se transformou em um dub. "Lindonéia", outra de Veloso, cantada por Nara Leão, ganhou arranjos de bossa nova e jazz.

O esforço, no entanto, tem empolgado a todos, que encarnaram o espírito de coletividade que caracterizou a criação de "Tropicália". "Queríamos trabalhar como um coletivo para recuperar o clima do disco", conta Marcos Villas Boas, 39, integrante da equipe que organizou o projeto.

"Esse espírito baixou aqui", fala Queiroga. "A intenção é que ninguém saia do palco para que a coletividade transpareça."

O ex-Mutantes Sérgio Dias, 54, único músico do disco original que estará nos shows --Tom Zé foi convidado, mas declinou--, discorda um pouco da comparação. "Não tem como retomar aquele ambiente, porque não dependia só da música, mas também da situação política, da polícia...", lembra Dias.

O guitarrista está achando "um grande barato" integrar o show, mas o encara como uma releitura. "Vamos recriar um momento histórico, mas seria mentira dizer que é a mesma coisa, porque, para mim, o Arnaldo [Baptista] e a Rita [Lee] já fazem uma falta absurda", afirma. "Seria legal se a gente ganhasse o tal disco de ouro que nunca ganhamos", completa.

Disco de Ouro
Quando: hoje e amanhã, às 21h; dom., às 18h
Onde: Sesc Pompéia (r. Clélia, 93, Lapa, tel. 0/xx/11/3871-7700)
Quanto: R$ 8 a R$ 20
 

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