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02/12/2005 - 10h21

Tatit lança inédita com Itamar Assumpção

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CARLOS CALADO
Especial para a Folha de S.Paulo

Dois anos atrás, quando o já doente Itamar Assumpção propôs que iniciassem uma parceria musical, Luiz Tatit pensou que ele não levaria a idéia adiante. Dias depois, Itamar começou a lhe enviar letras, compulsivamente. "Todas eram curtinhas. Ele dizia que estava velho demais para fazer músicas longas. Mas não deu tempo. Ele nem chegou a ouvir a melodia que fiz", recorda o compositor paulista.

"Dodói", a inédita parceria da dupla, aparece entre as 13 faixas do novo CD de Luiz Tatit, "Ouvidos Uni-vos". O título foi extraído dos versos de "Rock de Breque", canção também incluída no álbum, que o ex-integrante do grupo Rumo compôs em homenagem a Itamar Assumpção.

Tatit ressalta que esse é seu primeiro trabalho sem canções da época do Rumo. Isso não significa que tenha abandonado o estilo que tornou o grupo um dos expoentes da chamada "vanguarda paulistana" dos anos 80. As novas canções do compositor e professor de lingüística da USP continuam seguindo a criativa concepção do "canto falado", cujas letras são entoadas, reproduzindo a melodia natural da fala. "Acho que este disco é o mais musical dos que fiz no sentido de acabamento", diz Tatit, comparando-o aos anteriores "Meio" (2000) e "Felicidade" (1997).

"Antes eu deixava quase tudo por conta dos arranjadores, só me interessava pela composição", admite Tatit.

Por causa dos shows que fez nos últimos anos, em geral acompanhado apenas por seu violão e o do filho Jonas, Tatit se viu obrigado a participar mais do acabamento de suas canções. "Como já tínhamos uma espinha dorsal dos arranjos antes de entrar em estúdio, ficou fácil completá-los. Isso deu uma unidade para este disco que os anteriores não têm."

Se em seu disco de estréia assinou todas as faixas ("eu tinha um estoque excessivo", justifica), desta vez Tatit inclui parcerias com Dante Ozzetti, Chico Saraiva, Zé Miguel Wisnik, Ricardo Breim e Edward Lopes, além de sete próprias. Já a cantora Ná Ozzetti, outra antiga parceira, assume o vocal da emotiva valsa "Minta".

"Agora tenho tantas encomendas que componho durante o ano todo. Na época do Rumo, eu só compunha ao preparar um novo disco. Hoje me sinto no auge da carreira", diz Tatit. Afinal, como ele, outros músicos daquela geração só viram suas carreiras decolarem já nos anos 90.

Curiosamente, seja por consciência ou humildade, Tatit relativiza o alcance dos CDs que já gravou. Com um toque de ironia, refere-se a eles como "arquivos", pelo fato de não freqüentarem paradas de sucessos ou programas de TV mais populares.

"Eles servem de arquivos para as cantoras, com mais projeção, poderem gravar essas canções mais tarde", explica. Por sinal, vale lembrar que "Achou", a canção de Tatit e Dante Ozzetti defendida com sucesso pela cantora Ceumar no recente Festival da Cultura, não entrou no repertório de "Ouvidos Uni-vos". "Eu quis evitar problemas com o festival, mas ela vai estar no meu próximo arquivo", diverte-se Tatit.

Carlos Calado é jornalista e crítico, autor de "Tropicália - A História de uma Revolução Musical", entre outros livros

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