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14/12/2005 - 09h59

Hip hop do Jurassic 5 supera underground

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ADRIANA FERREIRA SILVA
da Folha de S.Paulo

De som do gueto, nos anos 80, o rap se transformou em um dos mais lucrativos nichos da indústria pop, com estrelas como Usher vendendo 40 milhões de cópias no mundo todo. Sua importância se reflete também em premiações, como a da "Billboard", onde 50 Cent aparece nas categorias melhor artista, melhor álbum e um dos "cem mais quentes" de 2005.

No Brasil, a mistura de rap, samba e marketing de Marcelo D2 o tornou o principal rapper do país, com 470 mil cópias vendidas de seus três últimos CDs, segundo a gravadora Sony BMG --isso sem contar 1 milhão de discos vendidos em esquema independente pelos Racionais MCs.

Com tanta grana envolvida, é natural que o espírito social do hip hop se torne, digamos assim, mais comercial. Nesse contexto, artistas das antigas se lançam em empreitadas mais populares para lucrar o seu, enquanto outros conseguem manter um trabalho criativo mesmo dentro de uma "major". Dois exemplos bastante representativos dessas categorias estão em São Paulo nesta semana: o rapper Guru, que faz show hoje, no CIE Music Hall, e o grupo Jurassic 5 (J5), que toca no Sesc Santo André.

"O hip hop mainstream está gerando mais dinheiro do que qualquer outro tipo de música nos Estados Unidos", afirma o DJ Nu-Mark, 34, responsável pela produção e pelos toca-discos nas performances do J5. "Essa cultura deu às crianças de classes mais baixas a chance de se tornar multimilionárias. Ouvi dizer que [o rapper] Snoop Dogg acaba de lançar um Snoop Dogg hot dog. É impressionante."

No enorme panorama do movimento, hoje o J5 --formado em 1993, em Los Angeles-- ocupa uma posição central. Nem desconhecido, tampouco superpop, o grupo é um dos mais criativos de sua geração, com um trabalho que mistura influências da velha-guarda do rap, como Run DMC e Cold Crush, com soul e funk dos anos 70 e jazz.

"Acho que estamos entre os superstars e o underground", opina Nu-Mark. "Tentamos criar uma música que nos motive e, se nossos fãs apreciam isso, então estamos em boa situação."

Do outro lado da balança, está Guru. Responsável pela disseminação da mistura de jazz e rap nos anos 90, o rapper de 39 anos decidiu buscar agora a sua fatia do lucrativo bolo do rap americano.

"Espero que nosso novo álbum nos transforme em estrelas", ironiza Nu-Mark. "Estamos em uma major [a Universal] há sete anos. Uma gravadora como essa é muita boa para distribuir os CDs para um maior número de pessoas, então, a usamos para isso."

O show

Não é exagero dizer que, entre os indies, o Jurassic 5 é um dos grupos mais aguardados pelos brasileiros. Em São Paulo, por exemplo, é raro ter uma festa ou DJ de hip hop que não toque, pelo menos uma vez na noite, hits dos discos "Quality Control" (2000) e "Power in Numbers" (2002).

Uma amostra do que deve ser o J5 ao vivo pôde ser conferida neste ano, no Tim Festival, pelas mãos de Cut Chemist, o outro DJ do grupo, que já tocou duas vezes no país --ele não vem ao Brasil.

"Ele [Chemist] está envolvido em projetos solo", explica Nu-Mark, dizendo ainda que o parceiro não deve participar do próximo álbum, com previsão de lançamento para abril de 2006. "Talvez ele volte, mas não sei ainda", diz. Está garantida, entretanto, a presença dos MCs Marc7, Soup, Akil e o poderoso Chali 2na, o vocal mais marcante do quarteto.

Assim como Cut Chemist, Nu-Mark é um dos grandes nomes do "turntablism", a habilidade de tocar os toca-discos até com os cotovelos. "Com o J5, levo alguns brinquedos para o palco e manipulo como se fossem dois pick-ups. Tento inovar, fazer algo que as pessoas digam 'que diabos ele está fazendo?'."

Tanto a performance de Nu-Mark --que também toca na segunda, no clube Vegas-- quanto com o J5 foram registradas no documentário "Scratch", de Doug Pray, exibido em São Paulo em 2004. Se repetirem o que fizeram no filme, o público pode se preparar para pular muito. O show, segundo Nu-Mark, terá músicas do próximo CD. "Estamos excitados com o novo álbum. Temos convidados como Scott Storch e Salaam Remi [produtor do rapper Nas]."

Confira a programação:

Indie Hip Hop

Sábado, dia 17
18h - DJ Primo e MC Max B.O.
19h30 - Contra-Fluxo e Munhoz
20h - Quinto Andar
21h Jurassic 5

Domingo, dia 18
18h - DJ PG e MC Aori
19h30 - Parteum e Espião
20h15 - Mamelo Sound System
21h Jurassic 5

Onde: Sesc Santo André (r. Tamarutaca, 302, Vila Guiomar, Santo André, tel. 0/xx/11 4469-1250)
Quanto: grátis

Aniversário de três anos do núcleo Chocolate, com DJs Nu-Mark, Zé Gonzales, King, Primo e Dubstrong
Quando: segunda, dia 19, às 23h
Onde: Vegas (r. Augusta, 765, tel. 0/xx/11/ 3231-3705)
Quanto: R$ 20 (mulheres) e R$ 40 (homens)

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