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14/12/2005 - 16h44

Paris reencontra Tarsila do Amaral

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MARIA CARMONA
da France Presse, em Paris

Encerramento do Ano do Brasil na França, a exposição "Tarsila do Amaral, pintora brasileira em Paris, 1923-1929", inaugurada nesta quarta-feira, na capital francesa, propõe levar os franceses a redescobrirem a artista, grande nome do modernismo brasileiro.

A mostra, que ficará aberta ao público até 20 de fevereiro na Maison de l'Amérique Latine de Paris, é a primeira mostra pessoal dedicada na França à artista brasileira desde 1926.

"O interessante desta exposição é redescobrir Tarsila e questionar por que esta pintora, que é muito original, encontra na França a negativa sistemática de se interessar por algo que não seja cem por cento francês", explicou Brigitte Hedel-Samson, diretora do Museu Fernand Léger de Biot (sul) e comissária da exposição junto com Paulo Herkenhoff, diretor do Museu Nacional de Belas-Artes do Rio de Janeiro.

"Essa exposição é essencial porque Tarsila é um vínculo. Durante o período exposto, os anos 20, sua pintura mostra sua forma de receber influências, incorporar tudo o que recebe e fazer algo novo, dar à sua criação uma forma totalmente nova", reforçou Hedel-Samson, destacando que, por sua vez, Fernand Léger foi, sem dúvida, influenciado por Tarsila ao fazer os desenhos preparatórios do cenário do balé "A Criação do Mundo".

Tarsila do Amaral (1886-1973), reconhecida como uma das mais importantes artistas brasileiras do século 20, foi aluna de Fernand Léger, em Paris, e, ao lado de seu marido, Oswald de Andrade, autor do Manifesto Antropofágico, foi uma das precursoras do modernismo no Brasil.

Nos anos 1920, Tarsila viveu longos períodos em Paris, entrecortados por viagens de volta ao Brasil. Aprendeu com seus mestres franceses a construção de suas obras, mediante contrastes de formas e cores, mas afirmando seu estilo próprio, impregnado da cultura brasileira e caracterizado pela audácia da cor, a exuberância da vegetação e a valorização do corpo.

Mostra

A exposição inclui 40 obras, entre pinturas, desenhos e documentos, às quais se agregam quadros dos artistas franceses que influenciaram Tarsila, e está organizada em quatro partes, que permitem apreciar a evolução da obra da artista: Antropofagia, Paris 1923, Pau-Brasil e os Amigos Franceses (Albert Gleizes, André Lhôte, Georges Valmier e Fernand Léger).

Hedel-Samson convida, ao acompanhar o jornalista no na visita à exposição, a comparar suas obras com as de correntes artísticas da época, que influenciaram a artista. "Estamos diante de algo original, novo, espontâneo, de uma base cultural enorme e sobretudo, diante de uma imensa liberdade de criação", disse.

"Acho que esta liberdade é a coisa mais difícil de fazer aceitar na França. Com Tarsila não estamos diante de nossas referências, nem de nossos critérios, apesar de uma base cultural que é européia. Nossa intenção foi mostrar quem é esta artista, quem é esta mulher que, nos anos 20, em suas idas e vindas entre França e Brasil, consegue marcar sua própria identidade a partir de conhecimentos técnicos aprendidos na França, mas procurando inspiração na sua própria cultura".

Mas a compreensão da obra de Tarsila do Amaral tem uma relevância que vai além da avaliação artística. Como destaca Paulo Herkenhoff, "a partir de sua produção pictórica e de suas ações no campo da política da arte, Tarsila do Amaral foi um sismógrafo da sociedade brasileira nas primeiras décadas do século 20, refletindo as contradições, as fragilidades e a força do modernismo no Brasil".

Especial
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