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22/12/2005 - 09h31

Coleção de Murilo Mendes tem nova sede

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GUSTAVO FIORATTI
Enviado especial da Folha de S.Paulo a Juiz de Fora

A UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora) abriu ontem para o público o Museu de Arte Moderna Murilo Mendes, em um edifício onde antes funcionava a reitoria da instituição, um conjunto arquitetônico de três andares construído na década de 60.

Depois de passar por uma adaptação estrutural que custou cerca de R$ 1,2 milhão --com recursos da própria universidade--, o edifício passa a abrigar uma importante coleção com cerca de 300 obras modernistas reunidas pelo poeta e crítico de arte Murilo Mendes (1901-1975).

Não são trabalhos inéditos ou desconhecidos. Os habitantes de Juiz de Fora já os conhecem, pois suas obras estavam havia mais de dez anos expostas em um antigo casarão que pertenceu a Mendes. "O problema é que as condições e a forma como essas obras estavam expostas não eram adequadas, especialmente pelo valor do conjunto", explica a recém-empossada diretora do MAM da cidade, Valéria Faria Cristófaro.

Na coleção, predominam as gravuras e pinturas. Há obras assinadas por artistas brasileiros --Alberto da Veiga Guignard e Candido Portinari, entre eles-- e estrangeiros, como Pablo Picasso e Giorgio de Chirico.

Para a abertura do museu, no entanto, apenas parte da coleção será exposta. Mendes teria comprado só cerca de 10% do conjunto, estima-se, e os outros 90% teriam sido adquiridos em troca de textos para catálogos ou cedidos por amigos pessoais, entre eles o artista Ismael Nery.

O curador conta que Nery teria pedido para que Mendes jogasse fora alguns de seus desenhos, prováveis exercícios para pinturas do artista. Mas os tais desenhos estão lá expostos, para quem quiser ver, graças a desobediência do colecionador.

"Mendes não era um investidor. As obras documentam a proximidade e a amizade que existiu entre ele e os modernistas, como no caso de Nery, a partir do final dos anos 20, quando a coleção começa a se formar", explica Alvarez. Datam dessa época também os trabalhos de Guignard, Portinari e Goeldi, presentes na mostra.

A exposição narra ainda uma segunda fase da história de Mendes, quando o colecionar começa a adquirir obras de artistas europeus. "Pelas dedicatórias, sabemos que a litogravura de Miró (1967) também foi uma doação do artista, por exemplo", conta Valéria. Dessa fase ainda há uma colagem sobre papel do dadaísta Max Ernst, datada de 1920, uma das peças mais valiosas de todo o conjunto. A mostra traz ainda uma terceira fase das aquisições, com trabalhos de artistas italianos, como Alberto Magnelli.

Além da exposição com a coleção, o museu também abre uma mostra de desenhos assinados por Arnaldo Pedrosa D'Horta, que relê de forma poética a linguagem científica para representação de ossaturas de animais.

Trata-se de uma abertura sutil à arte contemporânea, que segue a proposta do museu de não se acomodar em torno de sua coleção modernista. "A criação desse espaço vai possibilitar vários projetos culturais, assim como a reivindicação de programas de incentivo. Pretendemos continuar adquirindo trabalhos, inclusive contemporâneos. Já temos, em nossa reserva, alguns exemplos, como peças de Cabelo e Rosângela Rennó", diz Valéria.

Além das exposições, o museu abriga laboratórios de restauro e conservação de obras, um auditório e uma grande biblioteca. Nela, há edições raras doadas pelo escritor Pedro Nava.

O jornalista Gustavo Fioratti viajou a convite da UFJF

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