Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
25/12/2005 - 11h25

Livro conta 2ª viagem de Che Guevara pela América Latina

Publicidade

da Ansa, em Buenos Aires

A segunda viagem do jovem Ernesto Che Guevara pela América Latina, uma das etapas menos conhecidas da vida do comandante revolucionário, foi publicada em livro por seu amigo de infância e juventude, Carlos "Calica" Ferrer, que dividiu essa experiência com Che pela Argentina, Bolívia, Peru e Equador.

"De Ernesto a Che. A segunda e última viagem de Che Guevara pela América Latina", da Editora Marea, mostra de modo íntimo os traços de caráter presentes desde a infância no jovem Ernesto, que o transformaram em um ícone na luta pelo socialismo.

O livro conta com o prólogo do bioquímico Alberto Granado, amigo de Ferrer e Che e companheiro da primeira viagem latino-americana do guerrilheiro, que inspirou o filme de Walter Salles, "Diários de Motocicleta".

Em julho de 1953, com seu recente diploma de médico, Che Guevara, na época com 25 anos, empreendeu junto a Ferrer uma aventura com escassos recursos financeiros e muitas cartas de recomendação para famílias argentinas, especialmente aquelas que estavam no exílio por sua oposição ao peronismo.

Ferrer e Ernesto eram semelhantes em tudo até então. Eram filhos de "boa família", se conheceram em Alta Gracia, Córdoba, onde os pais de Ernesto haviam chegado para aliviar os persistentes ataques asmáticos dele.

Ambos compartilhavam idéias, gostos e sentiam que pertenciam às tendências liberais, anticlericais e eram próximos das idéias da República Espanhola e dos socialistas tradicionais, segundo Ferrer.

O livro faz um testemunho dessa amizade, sem cair em uma nostalgia desmedida, trazendo fotos e lembranças de festas infantis e travessuras dos dois adolescentes, que já tinham suas respectivas personalidades bastante marcadas.

Ferrer consegue ser ameno no texto. Pode-se notar que as informações do livro são de primeira mão e que a relação com "Ernestito" ou "Chancho", por seu desapego à limpeza, foi intensa e visceral. A agilidade da prosa cria um clima que rapidamente conquista o leitor.

Além disso, reconhece que Che gostava muito das mulheres, da "boa vida", e que esta viagem marcou o destino dele para sempre, mas também determinou que os caminhos dos dois amigos se separassem definitivamente, sem que ambos soubessem disso.

O texto se enriquece pela citação de fragmentos de "Outra vez - O diário inédito da segunda viagem pela América Latina (1953-1956)", escrito pelo próprio Che Guevara. Assim, a narração de Ferrer trabalha em espelho, um mesmo episódio contado por ele é ilustrado com fragmentos do diário de Che e por cartas pessoais.

Os fatos se iluminam e se enriquecem em perspectiva, afastando a história de um mero inventário de nomes, dados e datas. Viagens à beira de precipícios, comidas ruins, brigas e uma permanente falta de dinheiro marcam um relato onde nunca falta humor, o mesmo que os jovens tinham quando riam de suas pequenas desgraças.

Leia mais
  • Erramos: Livro conta 2ª viagem de Che Guevara pela América Latina

    Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre Che Guevara
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página