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31/12/2005
-
09h49
SERGIO TORRES
da Folha de S.Paulo, no Rio de Janeiro
Biografado no novo livro da coleção "Perfis do Rio", o ator e cineasta Hugo Carvana, 68, é duro com a nova geração de artistas de novela. Para ele, o "jovem não troca um fim de semana em Caras [ilha no litoral fluminense administrada pela revista "Caras"] por uma aula de interpretação" e "fica rico com 20 anos de idade".
Em 'Hugo Carvana', da jornalista Regina Zappa, ele só elogia dois atores da nova geração: Selton Mello e Fábio Assunção, a quem qualifica como 'intuitivo'.
As críticas de Carvana também são dirigidas a quem escreve sobre televisão. 'A crítica de TV hoje não é (...) inteligente porque é, na verdade, uma crítica do sucesso. Sou do tempo em que o crítico destrinchava o trabalho', diz.
Pode parecer, lendo os parágrafos anteriores, que, no livro, o ator e cineasta desfia opiniões na tentativa de provar algo do tipo "no meu tempo é que era bom". Isso não é verdade. O trabalho agrega informações relevantes sobre a vida cotidiana e a trajetória profissional de Carvana. Mostra o artista nas chanchadas, no Cinema Novo, na TV, em família, no exílio e na política.
Menino de subúrbio, criado pela mãe costureira, Carvana vê exposto pela autora até mesmo seu envolvimento pesado, nas décadas de 60 e 70, com o álcool e as drogas disponíveis à época --cocaína, ácido lisérgico e maconha. Fala também do percurso de dez anos na psicanálise, que muito o ajudou a minimizar o problema.
Também é contada a forma obstinada com que venceu um câncer pulmonar manifestado na segunda metade dos anos 90, misturando tratamentos convencionais com cirurgias espirituais.
A obra aborda ainda seu descontentamento com a atuação política que desenvolveu, inicialmente como simpatizante do Partido Comunista e, mais tarde, no primeiro governo de Leonel Brizola (1922-2004) no Estado do Rio, de 1983 a 1986.
Carvana chegou a ter um cargo gerencial na área de cultura. Ao deixar o governo, quase acabou o casamento com a jornalista Martha Alencar, assessora de Brizola. A união resistiu. Estão casados há quase 40 anos. Têm quatro filhos.
"Não omiti nada. Até porque não tenho sentimento de culpa na minha vida. Às vezes, a realidade pode ter sido um pouco atenuada. Às vezes, escondi determinados ódios momentâneos", admitiu o biografado à Folha.
"Hugo Carvana" (R$ 26; 190 páginas) surgiu a partir do convívio dele com Zappa, iniciado há cinco anos. "Ao entrevistá-lo sobre seu filme 'Apolônio Brasil, o Campeão da Alegria', percebi a riqueza de sua história. Ele atravessou uma fase da cultura brasileira em que participou de quase tudo", disse Zappa, que já tinha escrito "Chico Buarque" para a coleção.
O livro conta como, aos 17 anos, o adolescente que não sabia o que fazer na vida se encantou com a profissão de ator. Foi em 1955, no estúdio da pioneira TV Tupi. Levado pelo amigo Joel Barcellos, ator que, como ele, mais tarde se consagraria no Cinema Novo, Carvana adorou o ambiente. Foi reprovado no teste, mas sua vida mudou a partir dali.
Começou em pontas nas chanchadas, guinou para um cinema mais engajado em 1962, trabalhou com os principais diretores do Cinema Novo e ingressou na TV em 1966. Como cineasta, ofício a que se dedicou após a volta do exílio, no início dos anos 70, Carvana desenvolveu uma espécie de estilo carioca de fazer cinema. Agora, Carvana se dedica a finalizar o roteiro e a captação de recursos de "A Casa da Mãe Joana", que planeja dirigir em 2006.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre Hugo Carvana
Biografia expõe histórias e alfinetadas de Carvana
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da Folha de S.Paulo, no Rio de Janeiro
Biografado no novo livro da coleção "Perfis do Rio", o ator e cineasta Hugo Carvana, 68, é duro com a nova geração de artistas de novela. Para ele, o "jovem não troca um fim de semana em Caras [ilha no litoral fluminense administrada pela revista "Caras"] por uma aula de interpretação" e "fica rico com 20 anos de idade".
Em 'Hugo Carvana', da jornalista Regina Zappa, ele só elogia dois atores da nova geração: Selton Mello e Fábio Assunção, a quem qualifica como 'intuitivo'.
As críticas de Carvana também são dirigidas a quem escreve sobre televisão. 'A crítica de TV hoje não é (...) inteligente porque é, na verdade, uma crítica do sucesso. Sou do tempo em que o crítico destrinchava o trabalho', diz.
Pode parecer, lendo os parágrafos anteriores, que, no livro, o ator e cineasta desfia opiniões na tentativa de provar algo do tipo "no meu tempo é que era bom". Isso não é verdade. O trabalho agrega informações relevantes sobre a vida cotidiana e a trajetória profissional de Carvana. Mostra o artista nas chanchadas, no Cinema Novo, na TV, em família, no exílio e na política.
Menino de subúrbio, criado pela mãe costureira, Carvana vê exposto pela autora até mesmo seu envolvimento pesado, nas décadas de 60 e 70, com o álcool e as drogas disponíveis à época --cocaína, ácido lisérgico e maconha. Fala também do percurso de dez anos na psicanálise, que muito o ajudou a minimizar o problema.
Também é contada a forma obstinada com que venceu um câncer pulmonar manifestado na segunda metade dos anos 90, misturando tratamentos convencionais com cirurgias espirituais.
A obra aborda ainda seu descontentamento com a atuação política que desenvolveu, inicialmente como simpatizante do Partido Comunista e, mais tarde, no primeiro governo de Leonel Brizola (1922-2004) no Estado do Rio, de 1983 a 1986.
Carvana chegou a ter um cargo gerencial na área de cultura. Ao deixar o governo, quase acabou o casamento com a jornalista Martha Alencar, assessora de Brizola. A união resistiu. Estão casados há quase 40 anos. Têm quatro filhos.
"Não omiti nada. Até porque não tenho sentimento de culpa na minha vida. Às vezes, a realidade pode ter sido um pouco atenuada. Às vezes, escondi determinados ódios momentâneos", admitiu o biografado à Folha.
"Hugo Carvana" (R$ 26; 190 páginas) surgiu a partir do convívio dele com Zappa, iniciado há cinco anos. "Ao entrevistá-lo sobre seu filme 'Apolônio Brasil, o Campeão da Alegria', percebi a riqueza de sua história. Ele atravessou uma fase da cultura brasileira em que participou de quase tudo", disse Zappa, que já tinha escrito "Chico Buarque" para a coleção.
O livro conta como, aos 17 anos, o adolescente que não sabia o que fazer na vida se encantou com a profissão de ator. Foi em 1955, no estúdio da pioneira TV Tupi. Levado pelo amigo Joel Barcellos, ator que, como ele, mais tarde se consagraria no Cinema Novo, Carvana adorou o ambiente. Foi reprovado no teste, mas sua vida mudou a partir dali.
Começou em pontas nas chanchadas, guinou para um cinema mais engajado em 1962, trabalhou com os principais diretores do Cinema Novo e ingressou na TV em 1966. Como cineasta, ofício a que se dedicou após a volta do exílio, no início dos anos 70, Carvana desenvolveu uma espécie de estilo carioca de fazer cinema. Agora, Carvana se dedica a finalizar o roteiro e a captação de recursos de "A Casa da Mãe Joana", que planeja dirigir em 2006.
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