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05/01/2006
-
18h23
da Folha Online
Algumas das perguntas mais ouvidas de quem gosta e se anima em seguir o que se chama de moda é: qual a cor do inverno? Ou: qual o tecido para o verão? E ainda: o que é chique? Segundo Alcino Leite Neto, editor de Moda da Folha que participou de bate-papo com 330 internautas, "não existe mais isso, chique. Todas as cores e todos os tecidos são válidos e legais, se em roupas bem elaboradas e bem realizadas".
Alcino Leite ressalta que existem as tendências, estas sim criadas pelos estilistas "justamente na hora em que mostram as coleções". Para este outono-inverno, ele diz que acredita "na autoria e na imposição do gosto por parte dos designers. Teremos muito volume, temas religiosos, a ultrafeminilidade permanece um mote, em registro bem chique".
No entanto, para ele, estar elegante e bem vestido hoje independe das tendências. "Você pode vestir um terno Armani e ficar superdeselegante e pode vestir uma calça do seu avô e ficar bem chique. O importante é ser criativo, vestir algo que combine com você, roupas que sejam bem cortadas, com bom caimento. Se você estiver confortável com o que está usando, provavelmente estará próximo de uma certa elegância. Fora da moda é a logomania, a loucura pelas grifes", diz Alcino.
Sobre as tendências, uma das já registradas é com relação aos brilhos, que aparecem bastante, como no ano passado. "O dourado continua, e com esta onda de ressaltar o feminino, muita gente está apostando nos brilhos. Mas muito brilho ofusca tudo, não?", alerta Alcino. Também têm lugar garantido os acessórios. "Eles são cada vez mais importantes e permanecerão, pois são uma fonte de renda imensa, em todo o mundo. Eles continuarão nesta temporada".
Também permanecem as calças masculinas com enfeites. "Acho que hoje a moda vive uma situação muito interessante, que é permitir que várias camadas da história do estilo se sobreponham e convivam. Você pode um dia usar tudo enfeitado e no outro o classicão que não vai fazer feio, se fizer tudo com personalidade"
Extravagância
Durante o bate-papo, o jornalista também falou sobre as criações ousadas e extravagantesde alguns estilistas, que não podem ser usadas no dia-a-dia --não só pelo preço, mas pela aparência.
"Os desfiles são um momento de festa da moda, uma espécie de performance, uma exarcebação criativa para apresentar as coleções. O conceito depois é adaptado para roupas mais comerciais. Nessa festa, a vaidade tem um papel muito importante, como aliás em tudo que se refere à moda", explica ele.
Sobre o público consumir produtos totalmente diferentes, Alcino diz que acha o consumidor brasileiro "pouco conservador". "Basta você contar quantos caras de camiseta vê na rua... Acho que os brasileiros poderiam ousar mais nas suas roupas, ainda mais se forem jovens", afirma.
A respeito da identidade da moda brasileira, Alcino diz ser difícil falar sobre sua desvinculação do que é feito no exterior. "Não acredito numa identidade fixa. A identidade é algo em produção permanente. O problema da moda brasileira não é identidade, mas vigor criativo dos estilistas, para ousarem e bancarem suas apostas. Por isso, muitos preferem se fiar nas tendências alheias", explica.
"Há espaço para novos estilistas ou as panelinhas continuarão dominando a moda brasileira?", perguntou outro internauta. "As panelinhas estão em todo canto, não é? Mas o talento acaba se impondo, com alguma pressão, claro! Acho que a moda brasileira tem muito espaço, pois está dando ainda os seus primeiros passos, inclusive do ponto de vista industrial".
Indústria
Alcino Leite também falou sobre a indústria da moda, e ressaltou que o único posto deste cenário não é o de estilista. "Acho que é boa opção [o mercado da moda], mas não é preciso pensar sempre em ser só estilista. Toda a cadeia produtiva da moda precisa de gente especializada e criativa".
"A faculdade de moda qualifica alguém a trabalhar na área realmente?", perguntou um participante. "Não conheço muito bem o trabalho das faculdades, ainda. Mas creio que, como ocorre em outras áreas, elas dão uma boa base para o sujeito iniciar sua carreira. Muito ele tem que aprender por si mesmo, na prática e com os que sabem fazer".
Sobre a São Paulo Fashion Week, que começa no próximo dia 18, Alcino contou que o estilista Carlos Tufvesson desistiu de participar. "Dizem que ele não tinha tempo suficiente para terminar a coleção para a Fashion Week, pois estava sobrecarregado de pedidos. Todos os outros desfiles se acomodaram no novo calendário" --a Fashion Week tem um dia a menos nesta edição.
"Os estilistas com os quais conversamos estão preparando com muito afinco as coleções e prometem novidades e preocupação com um design adaptado à vida brasileira", afirmou.
Leia mais
Confira a íntegra do bate-papo com Alcino Leite Neto
Leia os últimos textos do editor de Moda (Só assinantes)
Especial
Veja como foram os bate-papos anteriores
Chique é ser criativo e estar confortável, diz Alcino
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Algumas das perguntas mais ouvidas de quem gosta e se anima em seguir o que se chama de moda é: qual a cor do inverno? Ou: qual o tecido para o verão? E ainda: o que é chique? Segundo Alcino Leite Neto, editor de Moda da Folha que participou de bate-papo com 330 internautas, "não existe mais isso, chique. Todas as cores e todos os tecidos são válidos e legais, se em roupas bem elaboradas e bem realizadas".
Alcino Leite ressalta que existem as tendências, estas sim criadas pelos estilistas "justamente na hora em que mostram as coleções". Para este outono-inverno, ele diz que acredita "na autoria e na imposição do gosto por parte dos designers. Teremos muito volume, temas religiosos, a ultrafeminilidade permanece um mote, em registro bem chique".
No entanto, para ele, estar elegante e bem vestido hoje independe das tendências. "Você pode vestir um terno Armani e ficar superdeselegante e pode vestir uma calça do seu avô e ficar bem chique. O importante é ser criativo, vestir algo que combine com você, roupas que sejam bem cortadas, com bom caimento. Se você estiver confortável com o que está usando, provavelmente estará próximo de uma certa elegância. Fora da moda é a logomania, a loucura pelas grifes", diz Alcino.
Sobre as tendências, uma das já registradas é com relação aos brilhos, que aparecem bastante, como no ano passado. "O dourado continua, e com esta onda de ressaltar o feminino, muita gente está apostando nos brilhos. Mas muito brilho ofusca tudo, não?", alerta Alcino. Também têm lugar garantido os acessórios. "Eles são cada vez mais importantes e permanecerão, pois são uma fonte de renda imensa, em todo o mundo. Eles continuarão nesta temporada".
Também permanecem as calças masculinas com enfeites. "Acho que hoje a moda vive uma situação muito interessante, que é permitir que várias camadas da história do estilo se sobreponham e convivam. Você pode um dia usar tudo enfeitado e no outro o classicão que não vai fazer feio, se fizer tudo com personalidade"
Extravagância
Durante o bate-papo, o jornalista também falou sobre as criações ousadas e extravagantesde alguns estilistas, que não podem ser usadas no dia-a-dia --não só pelo preço, mas pela aparência.
"Os desfiles são um momento de festa da moda, uma espécie de performance, uma exarcebação criativa para apresentar as coleções. O conceito depois é adaptado para roupas mais comerciais. Nessa festa, a vaidade tem um papel muito importante, como aliás em tudo que se refere à moda", explica ele.
Sobre o público consumir produtos totalmente diferentes, Alcino diz que acha o consumidor brasileiro "pouco conservador". "Basta você contar quantos caras de camiseta vê na rua... Acho que os brasileiros poderiam ousar mais nas suas roupas, ainda mais se forem jovens", afirma.
A respeito da identidade da moda brasileira, Alcino diz ser difícil falar sobre sua desvinculação do que é feito no exterior. "Não acredito numa identidade fixa. A identidade é algo em produção permanente. O problema da moda brasileira não é identidade, mas vigor criativo dos estilistas, para ousarem e bancarem suas apostas. Por isso, muitos preferem se fiar nas tendências alheias", explica.
"Há espaço para novos estilistas ou as panelinhas continuarão dominando a moda brasileira?", perguntou outro internauta. "As panelinhas estão em todo canto, não é? Mas o talento acaba se impondo, com alguma pressão, claro! Acho que a moda brasileira tem muito espaço, pois está dando ainda os seus primeiros passos, inclusive do ponto de vista industrial".
Indústria
Alcino Leite também falou sobre a indústria da moda, e ressaltou que o único posto deste cenário não é o de estilista. "Acho que é boa opção [o mercado da moda], mas não é preciso pensar sempre em ser só estilista. Toda a cadeia produtiva da moda precisa de gente especializada e criativa".
"A faculdade de moda qualifica alguém a trabalhar na área realmente?", perguntou um participante. "Não conheço muito bem o trabalho das faculdades, ainda. Mas creio que, como ocorre em outras áreas, elas dão uma boa base para o sujeito iniciar sua carreira. Muito ele tem que aprender por si mesmo, na prática e com os que sabem fazer".
Sobre a São Paulo Fashion Week, que começa no próximo dia 18, Alcino contou que o estilista Carlos Tufvesson desistiu de participar. "Dizem que ele não tinha tempo suficiente para terminar a coleção para a Fashion Week, pois estava sobrecarregado de pedidos. Todos os outros desfiles se acomodaram no novo calendário" --a Fashion Week tem um dia a menos nesta edição.
"Os estilistas com os quais conversamos estão preparando com muito afinco as coleções e prometem novidades e preocupação com um design adaptado à vida brasileira", afirmou.
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