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30/10/2000 - 04h18

Atriz diz que faria de novo campanha para Paulo Maluf

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MARCELO RUBENS PAIVA, da Folha de S.Paulo

Macbeth, personagem de Shakespeare, era um bom sujeito, que cedeu à ambição da mulher, Lady Macbeth, e abandonou seus princípios, fazendo o diabo para conquistar o trono da Escócia.

Lady Macbeth foi um dos muitos papéis vividos por Samantha Monteiro, 27; revelada por Antunes Filho, ela foi protagonista de suas peças "Nova
Velha Estória" e "Trono de Sangue/Macbeth".

Samantha, que também atuou em "Malhação" (Globo), surpreendeu parte da classe teatral ao protagonizar a campanha do segundo turno de Paulo Maluf. Em close, era ela quem dizia, no horário eleitoral gratuito: "A Marta disse que experimentou maconha. O Maluf é contra as drogas."
"Minha declaração é: não quero falar sobre isso", diz Antunes.

"Lutamos tanto por liberdade. Ninguém vai me boicotar. Se boicotarem cada um que expressar sua posição política, perderemos muitos talentos", diz Samantha.

"Ela não faz o teatro que eu faço. Eu não iria conseguir ensaiar com ela. Não considero isso um trabalho de atriz. É uma questão de cidadania", diz Beto Magnani, que desistiu de convidar a atriz para a peça "Suburbia".

"É só um trabalho. Alguns amigos pararam de me ligar. Evitei ir a estréias. Quanto ao "Suburbia", falei que gostaria de fazer, mas nem li o texto, pois estava comprometida com o Dionísio (Neto)", diz Samantha.

A dupla Samantha e Dionísio, que trabalhou em "Perpétua", estréia em março de 2001 a peça "Antiga", em que ela é Gertrúria, uma modelo filha de um candidato a presidente.

"Eu não esperava isso da classe. É a ditadura da esquerda. Ela tem o direito de ter a sua opinião. O fato de ela ter participado da campanha do Maluf não muda nada. Conheço-a há oito anos. Não julgo o que ela fez, apesar de não concordar. Fiquei mal. Sou Marta, declaradamente", diz Dionísio.

"Há um rigor que lembra o autoritarismo. Ninguém tem o direito de patrulhar a Samantha, que é atriz. Ela cresce no vídeo. Mudei todo o programa devido a ela", diz José Maria Braga, coordenador de marketing de Maluf.

A atriz recebeu a Folha em seu apartamento, em São Paulo. No outro quarto, estava o seu novo namorado francês, Julian. "Se eu for boicotada, vou para a França pedir asilo político", disse.

Folha - Em quem você votou?
Samantha Monteiro -
Não falo.

Folha - Você virou malufista?
Samantha -
Não vou falar a minha opinião sobre Marta e Maluf.

Folha - Você é a favor da liberação do aborto para casos especiais?
Samantha -
Eu sabia que você ia me perguntar. Fui uma apresentadora. O horário político era fruto de uma pesquisa do partido e das opiniões de Maluf. Não interessam as minhas opiniões.

Folha - Então não adianta eu perguntar sobre drogas?
Samantha -
Não. Minha opinião não vale nada. É a opinião deles que vai modificar São Paulo. O que falei não depende da minha opinião. Posso concordar ou não, mas não interessa.

Folha - Havia muita coisa com que você não concordava?
Samantha -
Eu tentei me distanciar. Antes me paravam para falar das minhas personagens da TV e teatro. Agora, contavam suas vidas, elogiavam o Maluf, pediam para eu falar coisas para ele. Muita gente vai pensar que é a minha opinião. Mas não é.

Folha - Você faria outra campanha para o Maluf?
Samantha -
Faria.

Folha - Você fez um teste para o programa da Marta, antes?
Samantha -
Fiz e não fui aprovada. Vários atores fizeram testes para a Marta e, ao mesmo tempo, para o Maluf. Não fui a única.

Folha - Você fez pelo dinheiro?
Samantha -
Foi uma boa experiência. É um trabalho político difícil. Foi um bom dinheiro 15 dias como apresentadora.

Folha - Quanto?
Samantha -
Não falo. Era o mesmo que a equipe da Marta oferecia. Não é muito. Mas, para quem faz teatro, é um bom dinheiro.

Folha - O nível da campanha foi muito baixo. Você não acha que vai respingar na sua imagem?
Samantha -
Muita gente vai ficar com raiva de mim. Mas houve quem soubesse separar.

Folha - Era amiga dos Suplicy?
Samantha -
Eu os conhecia. A Marta assistiu com o Eduardo (Suplicy) a todos os meus espetáculos. Acho que a Marta não vai ter ódio pessoal. Eles sabem que é um trabalho. Ela vai distinguir.

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