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27/01/2006 - 09h01

Cineasta palestino desenha perfis de homens-bomba

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SÉRGIO RIZZO
do Guia da Folha

Se "Munique" dá um rosto para os agentes do serviço secreto israelense encarregados de eliminar terroristas árabes, "Paradise Now" repete o procedimento com os homens-bomba árabes que atingem alvos civis em Israel. No primeiro, a recriação de fatos verídicos serve como suposta garantia de autenticidade. No segundo, assumidamente um trabalho de ficção, buscase também a verossimilhança, mas sem transformá-la na razão de ser do filme.

O diretor palestino Hany Abu-Assad desenha seu protagonista, Said (Kais Nashef), com o mesmo cuidado que Spielberg dedica ao agente do Mossad interpretado por Eric Bana. Se permanecemos ao lado dele, é para entendê-lo, ainda que não necessariamente para concordar com ele ou lhe aprovar as atitudes. Como sugere o início da história, Said é um jovem como tantos em qualquer outro quadrante --exceto pelo fato de que nunca saiu da cidade onde nasceu porque mora em território ocupado, e isso determina o que sente e pensa do mundo.

Seu vaivém físico e mental, nas 48 horas mais importantes de sua vida, são condensados por Abu-Assad em econômicos 90 minutos. Nenhum personagem ou informação entra por acaso na história: o amigo menos convicto do que ele a respeito de como agir contra Israel (Ali Suliman), a filha de um antigo líder que defende posição pacifista (Lubna Azabal), a mãe que parece alheia à situação (Hiam Abbass), o legado de traição do pai, a frieza dos líderes terroristas, a desfaçatez dos israelenses que facilitam a ação em Tel Aviv.

Ao "entrar" em Said, "Paradise Now" demonstra como o cinema possibilita que o espectador compreenda as razões do outro sem precisar lhe dar razão, até muito pelo contrário.

Especial
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