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02/02/2006 - 11h22

Indicados ao Oscar 2006 têm viés mais crítico

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ROCÍO AYUSO
da Efe, em Los Angeles

A festa do Oscar é a desculpa para o excesso, as festas e os modelitos, mas neste ano os candidatos são mais sérios que o usual e seus filmes refletem as preocupações do mundo real. Na lista não figura nem um "Titanic", nem algo como a saga de "O Senhor dos Anéis".

De fato "Star Wars Episódio 3: A Vingança dos Sith", o filme de maior bilheteira de 2005 nos EUA, conta com apenas uma indicação. A de melhor maquiagem. Os membros da Academia ficaram sérios e deixaram de lado o aspecto de espetáculo que costuma acompanhar o cinema em favor de um lugar às inquietações da atualidade.

Os cinco candidatos a melhor filme discutem convenções sexuais ("O Segredo de Brokeback Mountain"), conflitos raciais ("Crash - No Limite"), o terrorismo ("Munique") ou a liberdade de expressão e a política do medo ("Boa Noite e Boa Sorte"). Quase parece uma ironia que o filme menos polêmico de todos eles seja "Capote", centrado em um dos escritores mais controversos da literatura norte-americana: Truman Capote, homossexual, transgressor e que rezava pela execução de um réu para contar com o final perfeito para o romance que lhe deu fama.

Quando Steven Spielberg conheceu as cinco candidaturas de "Munique", afirmou que "este é o ano mais ativo em nível político e humano" que o cinema viu desde a década de 70. As razões dessa seriedade são tão diversas quanto os comentários gerados após o anúncio das candidaturas.

Trata-se de uma reação ao ano ruim vivido pela indústria de Hollywood, que em 2005 perdeu 5% de seus rendimentos com bilheteria em relação ao ano anterior? É uma resposta ao segundo mandato do presidente americano, George W. Bush, por parte da Hollywood democrata? Ou simplesmente estamos perante de uma moda cíclica do Oscar e de seus acadêmicos?

Spielberg aponta para os dois primeiros quando diz que é "um pedido de atenção" aos estúdios para que deixem de preocupar-se por produzir filmes sem conteúdo e apostem por outro tipo de cinema. "Os cineastas estão muito mais ativos desde o segundo mandato de Bush. Não há ninguém que represente o que sentimos e temos de responder", disse à imprensa.

Os que afirmam que se trata de uma moda lembram que, antes das grandes vitórias de que tanto gosta o Oscar, como as de James Cameron e Peter Jackson, houve anos como 1996. Batizado como o ano dos independentes, essa foi a edição de "Shine", "Fargo", "Segredos e Mentiras" e "O Paciente Inglês". A 78ª edição do Oscar é de novo o ano dos filmes independentes.

Na opinião de Paul Haggis, diretor e roteirista de "Crash - No Limite", a mudança responde a uma outra mudança, a do público, que também se coloca esses temas. "É um reflexo do que aconteceu no mundo desde 11-9 e a invasão do Iraque", repetiu várias vezes Jeffrey Caine, candidato por seu roteiro para "O Jardineiro Fiel", outro filme com consciência, pois está centrado nas intrigas da indústria farmacêutica.

Público

Além da seriedade dos candidatos nesta edição do Oscar e de seu espírito independente (com exceção de "Munique"), os cinco também têm outro detalhe em comum: foram vistos por muito poucas pessoas.

A arrecadação de bilheteria de todos os candidatos a melhor filme não supera os U$ 186 milhões nos Estados Unidos, o número mais baixo desde 1986. O número está muito abaixo dos rendimentos de "Harry Potter e o Cálice de Fogo", "Star Wars Episódio 3", "Guerra dos Mundos" ou "As Crônicas de Nárnia: O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa" --filmes que o público foi ver em massa, mas que a Academia desdenhou em suas candidaturas.

A revista "Variety" fala de uma "crise de identidade" da indústria, de seus profissionais e de seu público. "A comunidade criativa preferiu filmes diferentes aos que o restante do país está vendo", resumiu respeitoso Gilbert Cates, produtor da cerimônia do Oscar, cuja preocupação é conseguir que o público se interesse pela entrega das estatuetas a filmes que não se mexeram para ir ver nos cinemas.

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