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06/02/2006
-
10h16
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
da Folha de S.Paulo
"O que torna um sapo de porcelana menos sagrado do que a imagem de argila de Nossa Senhora? É o valor que nele depositamos?" Este é apenas um dos dilemas que o quadrinista Lourenço Mutarelli se propõe em sua busca por compreender a realidade, retratada em "A Caixa de Areia ou Eu Era Dois em Meu Quintal", que a Devir Livraria está lançando.
O livro é uma história em quadrinhos autobiográfica, em que Mutarelli mescla lembranças de sua infância, acontecimentos do (então) presente e ficção.
"Como a maioria dos meus trabalhos, este surgiu a partir de coincidências: tinha acabado de ler "O Mundo como Vontade e Representação" [do filósofo Arthur Schopenhauer] e estava muito abalado porque batia com idéias e sensações que eu tenho desde a minha infância", explica o autor em entrevista à Folha.
Posto a refletir sobre a milenar questão do que é o real, Mutarelli criou duas histórias que se desenvolvem paralelamente no livro: uma inteiramente fictícia, em que os personagens Carlton e Kleiton estão presos dentro de um carro em um deserto, e outra baseada no seu cotidiano, em que figuram personagens como seu gato Nanquim, seu filho, Francisco, e sua mulher, Lucimar --que faz um contraponto realista (e cômico) às viagens filosóficas do autor.
"Ela [Lucimar] se achou muito cruel [nos quadrinhos], não é exatamente dessa forma, mas ela me traz de volta quando eu estou voando", explica Mutarelli.
Com citações de Platão, "Alice no País das Maravilhas" e, é claro, Schopenhauer, a HQ de Mutarelli é obra para ser lida atentamente --até por seus desenhos incrivelmente realistas e detalhistas--, mas não é intelectualóide ou chata; pelo contrário, o ritmo cinematográfico e o senso de humor tornam "A Caixa de Areia" uma leitura leve e agradável.
Cinema
Mutarelli também está prestes a ver nas telas a primeira adaptação de um de seus romances, "O Cheiro do Ralo" (2002). O filme homônimo, dirigido por Heitor Dhalia (o mesmo de "Nina", para o qual Mutarelli havia contribuído com desenhos), está em fase de finalização e deve estrear no segundo semestre deste ano.
A história fala do dono de uma decadente loja de compra e venda de artigos usados (vivido por Selton Mello) que é obcecado por uma parte do corpo da garçonete da lanchonete que freqüenta e pelo malfadado cheiro do ralo.
Mutarelli, que faz uma ponta como segurança da loja, diz ter gostado do filme. "É melhor do que o livro", define.
A Caixa de Areia
Autor: Lourenço Mutarelli
Editora: Devir
Quanto: R$ 25 (144 págs.)
Especial
Leia o que já foi publicado sobre HQ
Mutarelli une filosofia e ficção HQ biográfica
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da Folha de S.Paulo
"O que torna um sapo de porcelana menos sagrado do que a imagem de argila de Nossa Senhora? É o valor que nele depositamos?" Este é apenas um dos dilemas que o quadrinista Lourenço Mutarelli se propõe em sua busca por compreender a realidade, retratada em "A Caixa de Areia ou Eu Era Dois em Meu Quintal", que a Devir Livraria está lançando.
O livro é uma história em quadrinhos autobiográfica, em que Mutarelli mescla lembranças de sua infância, acontecimentos do (então) presente e ficção.
"Como a maioria dos meus trabalhos, este surgiu a partir de coincidências: tinha acabado de ler "O Mundo como Vontade e Representação" [do filósofo Arthur Schopenhauer] e estava muito abalado porque batia com idéias e sensações que eu tenho desde a minha infância", explica o autor em entrevista à Folha.
Posto a refletir sobre a milenar questão do que é o real, Mutarelli criou duas histórias que se desenvolvem paralelamente no livro: uma inteiramente fictícia, em que os personagens Carlton e Kleiton estão presos dentro de um carro em um deserto, e outra baseada no seu cotidiano, em que figuram personagens como seu gato Nanquim, seu filho, Francisco, e sua mulher, Lucimar --que faz um contraponto realista (e cômico) às viagens filosóficas do autor.
"Ela [Lucimar] se achou muito cruel [nos quadrinhos], não é exatamente dessa forma, mas ela me traz de volta quando eu estou voando", explica Mutarelli.
Com citações de Platão, "Alice no País das Maravilhas" e, é claro, Schopenhauer, a HQ de Mutarelli é obra para ser lida atentamente --até por seus desenhos incrivelmente realistas e detalhistas--, mas não é intelectualóide ou chata; pelo contrário, o ritmo cinematográfico e o senso de humor tornam "A Caixa de Areia" uma leitura leve e agradável.
Cinema
Mutarelli também está prestes a ver nas telas a primeira adaptação de um de seus romances, "O Cheiro do Ralo" (2002). O filme homônimo, dirigido por Heitor Dhalia (o mesmo de "Nina", para o qual Mutarelli havia contribuído com desenhos), está em fase de finalização e deve estrear no segundo semestre deste ano.
A história fala do dono de uma decadente loja de compra e venda de artigos usados (vivido por Selton Mello) que é obcecado por uma parte do corpo da garçonete da lanchonete que freqüenta e pelo malfadado cheiro do ralo.
Mutarelli, que faz uma ponta como segurança da loja, diz ter gostado do filme. "É melhor do que o livro", define.
A Caixa de Areia
Autor: Lourenço Mutarelli
Editora: Devir
Quanto: R$ 25 (144 págs.)
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