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08/02/2006 - 09h51

Filme "oportunista" quer fazer rir do jogo eleitoral

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SILVANA ARANTES
da Folha de S.Paulo, no Rio

No jogo eleitoral, o trio formado pelo humorista Tutty Vasques, o diretor Moacyr Góes e o produtor de cinema Diler Trindade anuncia sua entrada em campo, do lado dos oportunistas.

"Vamos fazer um filme oportunista sobre as eleições, mas no sentido da oportunidade. Como tudo, o oportunismo tem dois sentidos", suaviza Trindade.

"É um filme sobre o que a gente está vivendo agora, do tipo que explodirá em dez segundos, que deve ser consumido naquele momento. Essa é a empreitada: preconizar a urgência da realidade", afirma Góes.

Maus costumes

Vasques, que assina o roteiro, em seu primeiro trabalho no cinema, define: "É uma comédia de maus costumes".

"Tá Dominado", o nome do petardo, tem previsão de filmagens para julho, com lançamento idealizado para setembro, véspera das eleições presidenciais no Brasil.

O ato que desencadeia a trama é o desaparecimento de um jovem promotor de Justiça, que ocorre durante uma campanha eleitoral e no momento em que a vítima está prestes a desbaratar uma rede de contrabando de armas.

Das incontáveis hipóteses sobre a motivação do desaparecimento surge o retrato de "um país de cabeça para baixo, onde os políticos vendem voto, a polícia vende droga, e os juízes vendem sentença", exemplifica Trindade.

Tráfico

Como tudo "está dominado", é possível inclusive que o promotor seja ele também um criminoso, envolvido com tráfico e escândalos sexuais. "É uma história tão inverossímil quanto qualquer outra que a gente vê no "Jornal Nacional'", diz Vasques.

A bandalheira geral é ocasião para que diversos personagens repitam no filme o bordão "basta!". O roteirista diz, no entanto, que a intenção do longa "é tirar graça da indignação" e até zombar dela.

"Há uma espécie de indignação que é paralisante e transforma a vida em algo muito chato. O filme busca um jeito de escapar disso. Não quer ser pessimista, denuncista ou apontar: olha como as coisas estão erradas", afirma.

Por isso, nem só os temas de alto relevo serão ironizados por Vasques mas também as pequenas chateações do dia-a-dia. "Cada vez que o telefone toca e parece que haverá uma informação importante sobre o paradeiro do promotor, na verdade, é uma ligação de telemarketing", conta.

Na versão do produtor, a oportunidade que "Tá Dominado" oferecerá ao espectador é a de divertir-se, reconhecendo que "rir é o único remédio".

Voto

O trio diz que não há em sua ficção a intenção de influenciar votos nas eleições reais que o Brasil terá neste ano. "Instrumentalizar o filme é reduzi-lo demais. Não é um filme antipetista, mas é sobre práticas que quem as fizer poderá ficar incomodado", afirma Góes.

O diretor quer evitar também a associação do filme com o reforço da idéia de que a prática da corrupção é intrínseca ao caráter do brasileiro. "Eu, particularmente, acho que esse não é o nosso jeito. É o jeito que as coisas estão."

Mas, também na opinião de Góes, as coisas estão desajeitadas "demais" em torno do cidadão que tenta levar a vida trabalhando. "Você é achacado todo dia, de todos os lados, pô."

Trindade estima gastar R$ 2 milhões na produção do longa e pretende reuni-los com o patrocínio das leis federais de incentivo ao cinema, "evidentemente, já que só assim se faz filmes no Brasil hoje".

A escalação do elenco ainda não está acertada. Diler responsabiliza o roteiro. "Quando você convida um ator, a primeira coisa que ele pede é para ler o roteiro. O nosso ainda não está pronto", diz.

Barbaridades

Mas Vasques escreve antevendo intérpretes para seus personagens. No papel do taxista que tem o hábito de dizer barbaridades aos passageiros, ele quer ver o músico punk e VJ João Gordo, por sua aproximação com o personagem. "Tem que ser o cara mais escroto", diz. Trindade prevê: "Agora que você disse isso ele não aceita". O roteirista discorda: "Aceita, sim. Ele vai achar legal".

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