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08/02/2006 - 16h46

Concurso de modelo é acusado de exaltar anorexia

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da France Presse, em Berlim

Nesta semana, a modelo Heidi Klum teve de se defender das críticas na Alemanha sobre uma suposta apologia da anorexia em seu concurso de televisão para eleger a "próxima supermodelo alemã".

A curvilínea loira foi acusada de obrigar as jovens candidatas a fazerem regimes drásticos para diminuir o peso e ficar em forma, diante de milhões de telespectadores. "Neste trabalho, as modelos têm tendência a se tornarem mais delgadas do que as pessoas normais. Mas quem estabelece as regras? Não sou eu", afirmou Klum, 32, mãe de duas crianças, à revista "Der Spiegel".

A foto de Lisa Pitney, 19, foi publicada em página inteira no jornal "Bild". A jovem sofre visivelmente de anorexia. Depois de fazer um regime atrás do outro, Pitney pesa apenas 44 quilos e mede 1,67 metro de altura. "É isso o que queres, Heidi Klum?", pergunta o jornal à modelo alemã.

Desde o final de janeiro, a mulher do cantor americano Seal apresenta todas as quarta-feiras, às 20h15 locais (17h15 no horário de Brasília), um programa no canal Pro7, no qual as jovens candidatas são selecionadas, examinadas, medidas e vestidas. Um júri deverá escolher a nova Claudia Schiffer da moda.

A vencedora do concurso terá direito a um contrato com a agência IMG, uma das mais célebres do mundo, encarregada da carreira de modelos como a britânica Kate Moss, a francesa Laetitia Casta e a própria Heidi Klum.

Mais de 11.600 jovens apresentaram sua candidatura para participar do programa. Das 32 eleitas, 20 conseguiram passar pela primeira etapa. Nesta quarta-feira, apenas 10 deverão passar para a final, prevista para 29 de março.

Cruzada

O "Bild" iniciou uma cruzada contra o programa. Apoiado em testemunhos pessoais, o jornal do grupo de imprensa conservador Axel Springer denunciou os efeitos devastadores, em sua opinião, deste programa.

A cada dia uma jovem candidata se apresenta e tem revelas as suas medidas. É o caso de Irina (1,76 metro e 52 quilos), descartada do concurso por ter sido considerada muito gorda pelo júri.

"A equipe do programa estimula as jovens a redobrar a atenção com seu peso. Mas até as magras são consideradas demasiadamente gordas", afirmou Céline Roschek, uma das candidatas frustradas em declarações ao jornal austríaco "Heute".

Ferino como de costume, o "Bild" arremete contra Heidi Klum, que tem contrato com o McDonald's. "Heidi Klum ganha dinheiro com os hambúrgueres e suas modelos morrem de fome na televisão", atacou o jornal.

A campanha do jornal acabou por alarmar médicos e políticos a ponto de alguns exigirem a suspensão da atração. "Este programa leva as pessoas a acreditarem, falsamente, que quanto mais magra a pessoa, mais digna de ser amada", denunciou Detlev Nutzinger, que dirige uma clínica de doentes psicossomáticos em Bad Bramstedt (norte).

"Estamos claramente no campo da anorexia" quando se diz a uma jovem que pesa 52 quilos e mede 1,76 que é muito gorda, afirmou Manfred Fichter, diretor de uma clínica especializada de Prien (sul). Seu colega, Ernst Pfeiffer, do serviço de psiquiatria para adolescentes do hospital Charité de Berlim, sublinhou que os regimes estão na moda entre as adolescentes: "Os problemas alimentícios entre as jovens de 12 a 15 anos estão aumentando claramente", afirmou o médico.

Diante da extensão da polêmica, o canal Pro7 publicou nesta quarta-feira nos grandes jornais um aviso de página inteira no qual as jovens candidatas dizem "rir, aprender e se aproximar a cada dia de nosso grande objetivo", graças ao programa.

Numa carta aberta intitulada "Somos muito magras?", as candidatas tentam "agradecer a Heidi Klum e aos outros membros do júri", que "não nos criticam", mas que "são os melhores professores que podemos ter nesta profissão".

Especial
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