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14/02/2006 - 17h59

"The Road to Guantánamo" se torna favorito em Berlim

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da France Presse, em Berlim

O filme "The Road to Guantánamo", do diretor britânico Michael Winterbottom, que fez sua estréia mundial nesta terça-feira no Festival Internacional de Cinema de Berlim, emergiu como o grande favorito ao Urso de Ouro e aos Ursos de Prata da mostra.

Winterbottom, que ganhou o Urso de Ouro em 2003 com o filme "Neste Mundo" (In this World), dedicado ao drama dos refugiados afegãos no Paquistão, descreve em "The Road to Guantánamo" o destino de três jovens muçulmanos britânicos que viajam para um casamento no Paquistão.

O filme foi aplaudido e elogiado pelos críticos presentes na exibição especial para a imprensa, no Palácio da Berlinale.

História

Estimulados por um imã paquistanês para viajar ao Afeganistão para ajudar a população local, os três jovens foram detidos pelas forças americanas, interrogados pelos serviços secretos, torturados, e ficaram presos durante três anos em condições desumanas na prisão da base militar americana de Guantánamo, em Cuba, após os atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos.

Finalmente, as autoridades americanas parecem ter percebido que os três jovens haviam sido presos "por engano" e que não pertenciam à Al Qaeda, nem tinham qualquer ligação com Osama Bin Laden ou seus seguidores.

Mas os jovens nunca foram levados a um tribunal para serem julgados, nem as autoridades americanas se desculparam pelo engano. Até mesmo agentes dos serviços secretos tentaram recrutá-los para que se tornassem espiões infiltrados no mundo muçulmano.

O cineasta britânico se vale de documentários, noticiários e atuações para evidenciar a impotência de uma potência política, econômica e militar como os Estados Unidos no que diz respeito à luta contra o terrorismo internacional.

Autor

"O filme pretende mostrar como é arbitrário que os Estados Unidos construam nada mais que em Cuba uma prisão para tratar os prisioneiros como não poderia fazê-lo em seu próprio território porque as leis o impedem", disse Winterbottom, durante entrevista coletiva que se seguiu à projeção.

"Queremos evocar as pessoas que são mantidas ali, prisioneiras de um sistema perverso. O mundo já se acostumou a Guantánamo e olha para o outro lado. Mas ainda há 500 pessoas que estão presas ali", acrescentou o cineasta, que também é militante político.

Sobre a decisão de fazer um filme que fosse uma mistura de documentário com atuações, Winterbottom disse que queria "permanecer nos domínios dos meios cinematográficos, muito perto da realidade, para conseguir o maior efeito possível e estimular os espectadores à reflexão".

"Para mim é importante mostrar que é errada a divisão do mundo em bons e maus, preto e branco, como pretende (o presidente dos Estados Unidos) George W. Bush", acrescentou.

"O filme não mostra nada inventado. Conta a história como se passou e como as pessoas em Guantánamo estão sendo tratadas desumanamente", disse, por sua vez, Shafiq Rasul, um dos jovens muçulmanos protagonistas reais desta história.

Em "Neste Mundo", Winterbottom misturou alguns elementos de documentários com atuações para contar o destino de dois jovens que saíram de um campo de refugiados afegãos no Paquistão rumo a Londres.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre "The Road to Guantánamo"
  • Leia o que já foi publicado sobre o Festival de Berlim
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