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16/02/2006 - 18h14

Paris abre primeira academia de "cafeologia" do mundo

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da France Presse, em Paris

Conhecida internacionalmente por seus vinhos, sua alta costura e seus restaurantes exclusivos, a França pode se tornar, também, a capital do café pelas mãos de Gloria Montenegro, ex-embaixadora da Guatemala, que abriu em Paris a primeira academia de "cafeologia" do mundo.

"Somos grandes ignorantes. Nem mesmo os bons produtores sabem degustar seu próprio café", lamentou esta ex-diplomata, atrás da vitrine da "Cafeoteca de Paris", um centro inaugurado em setembro de 2005 e apadrinhado pela Organização Internacional do Café (OIC), no qual produtores do mundo inteiro podem divulgar e provar o fruto de seu trabalho.

Neste pequeno local, situado em frente ao rio Sena e não muito longe da catedral de Notre Dame, não se bebe café com pressa e a degustação é um verdadeiro ritual.

Em seu interior, 70 países produtores, de Iêmen, Tanzânia e Costa do Marfim até Colômbia, Bolívia e Cuba, apresentam amostras de café "com defeito zero" de diferentes plantações, que são tostadas e moídas diante dos clientes.

"É uma coleção viva e atualizada dos cafés do mundo inteiro. Diferente de outros locais, aqui falamos de denominação de origem, ou seja, não só de um país, mas de uma plantação precisa de uma região concreta. Por isso é um centro único", explicou esta ex-diplomata, diretora-executiva da Cafeoteca.

Há cinco anos, Montenegro se dedica a este projeto, que consiste em ensinar aos enólogos franceses a arte de distinguir um bom café e defender o trabalho sacrificado de milhares de trabalhadores distribuídos por todo o mundo.

"Acho que o fato de Paris ser o centro da enologia e da gastronomia pode exercer um contágio positivo com o café e ajudá-lo a adquirir mais nobreza e categoria. Por isso comecei a ensinar aos 'sommeliers' a provar café", explicou.

Antes de abrir as portas do local, Montenegro já fundou em 2001 a associação Conhecimento do Café, que junto com "sommeliers" franceses iniciados na arte, concedeu 70 diplomas de reconhecimento internacional a plantações de Peru, Colômbia, Guatemala, Índia, Etiópia e El Salvador. Graças a estes prêmios, os produtores puderam divulgar melhor seu café e revalorizá-lo.

"Mais de cem milhões de pessoas trabalham no mundo todo na indústria do café e existe uma grande injustiça com relação aos produtores, a maioria deles procedentes de países muito pobres", explicou Montenegro.

Protocolo

O protocolo de degustação inclui o corpo, a sensação ácida ou doce que deixa na boca, uma descrição aromática detalhada, seu equilíbrio, a permanência do gosto ou a aparência da espuma.

Hoje, a associação e a Cafeoteca organizam juntas cursos, exposições e até sessões de degustação mensais no Le Procope, um dos mais antigos e prestigiados restaurantes de Paris.

Além disso, Montenegro e sua equipe vendem café a cerca de 500 clientes, lojas e particulares, e iniciam na arte dezenas de franceses que se aproximam do local simplesmente para beber um bom expresso. Na Cafeoteca, o cliente não deve se limitar a escolher apenas entre puro ou com leite. Neste espaço, os cafés podem ser defumados, com sabor de amora, manga ou notas florais e até mesmo místicos.

"Quando me dão uma xícara de café, vejo primeiro se tem cor escura com reflexos dourados e um aroma que não agrida. O café é a síntese dos sabores que a raiz do cafeeiro busca na terra. Por isso pode ser floral ou frutal, mas também ter um gosto terrível de fungos", explicou Montenegro.

Segundo esta especialista, o café pode alcançar a mesma nobreza da taça de um bom vinho, é capaz de provocar a mesma satisfação que um prato sofisticado e, além do mais, oferece benefícios para a saúde que nenhum destes dois prazeres possuem. "Está demonstrado que melhora a memória recente e a concentração", concluiu.

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