21/02/2006 - 19h19

"Prova de Amor" é ampliada em quase cem capítulos

JAMES CIMINO
do Agora

Ao acompanhar uma novela, depois de alguns meses de trama, você sente que a história está meio "enrolada"? Não é só impressão. Quando a produção está fazendo muito sucesso, como é o caso de "Prova de Amor", da Record, ou "Alma Gêmea", da Globo, a direção de teledramaturgia da emissora costuma encomendar aos autores alguns capítulos a mais.

No caso da trama de Tiago Santiago, a boa audiência ocasionou um enxerto de nada menos que 81 capítulos, o que fará a novela acabar após a Copa do Mundo. Por isso, o autor já adianta que, além de ter colocado sete personagens novos na história, como o psicólogo Marco Aurélio (Ricardo Pereira), os novos policiais (Daniel Andrade e Érika Faccini) e Carvalho (Marcelo Picchi), ex-amante de Elza (Vanessa Gerbelli), irá esquentar outros núcleos.

Diana (Patrícia França), por exemplo, ficará grávida de Júlio (Jorge Pontual). A doutora Joana (Bianca Rinaldi) descobrirá que não é filha de Maria Eduarda (Ítala Nandi), mas de Alice (Helena Xavier). E os irmãos de Daniel (Marcelo Serrado), Rafael (Cláudio Heinrich) e Gabriel (Théo Becker), receberão a visita de seu pai, ator ainda indefinido. "Ainda tenho muitas outras cartas na manga, mas prefiro não revelar agora", anuncia Santiago.

Walcyr Carrasco, criador de "Alma Gêmea", um dos maiores sucessos dos últimos tempos no horário das seis da Globo, cujo ibope chegou bem próximo ao de "Belíssima", conta que a trama original tinha 180 capítulos, mas que, devido ao sucesso, foi ampliada para 227.

"Acho que uma boa audiência sempre é um motivo para estender a trama. No caso de "Alma Gêmea', a história pedia para crescer, e o publico recebeu bem", pondera.
Termômetro

Aguinaldo Silva, autor de "Senhora do Destino", é categórico ao afirmar que "ninguém entende melhor de novela do que o público" e que o telespectador percebe que a novela "embarrigou" e se sente enrolado.

No entanto, o autor revela que a experiência fez com que ele desenvolvesse uma técnica de esticar a novela da maneira mais convincente possível. "Quando estou escrevendo a sinopse, já deixo uma trama guardada para a "barriga'. Em "Senhora do Destino', por exemplo, imaginei que, se a novela fosse bem-sucedida e me pedissem para esticá-la, faria a Nazaré [Renata Sorrah] seqüestrar o filho da Isabel [Carolina Dieckman], ou seja, começar a história toda de novo para que a audiência não se sentisse enganada e a trama pudesse seguir estruturada sem perder sua força", revela.

Silva ressalta, contudo, que "tem pavor da "encheção de lingüiça'" nas tramas e afirma que as novelas e minisséries deveriam ser bem mais curtas. "As pessoas se perdem um pouco na história e, por mais que você dê o máximo de si, nem sempre o remendo funciona. Já cansei de sair na rua e ouvir: "Olha... o capítulo de ontem estava chato, hein?'"

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