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22/02/2006
-
10h29
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
da Folha de S.Paulo
"Ontem tocamos ao vivo para todo o Brasil. Hoje é nossa festinha particular." Foi assim, em português cambaleante, que Bono, vocalista do U2, definiu o segundo show da banda, ontem, em um Morumbi novamente lotado.
É bem verdade que, até aquela altura do show --a banda tinha acabado de tocar a quinta música, o velho hit "New Year's Day"-- o roteiro do dia anterior estava sendo seguido quase à risca: a exceção tinha sido uma camiseta jogada ao palco minutos antes, com a inscrição "Bono for President" (Bono para presidente), e o comentário do vocalista dizendo à platéia que "esse show não é para ser assistido pela TV".
Mas, dali por diante, houve diferenças significativas em relação ao que os 73 mil presentes ao estádio no dia anterior viram: primeiro foi a inserção de "The First Time", que entrou no lugar de "Stuck In A Moment You Can't Get Out Of"; depois, a subida ao palco de Desirê Pedroso, 22, gaúcha de Passo Fundo. Com presença de espírito, a garota se apresentou ao vocalista com a pronúncia de seu nome em inglês, "desire" (desejo). Foi a senha para que Bono improvisasse a canção homônima acompanhado apenas de The Edge ao violão, levando o público ao delírio.
Houve também uma série de diferenças técnicas que, se não chegaram a prejudicar o show, incomodaram: o som estava levemente mais baixo --curiosamente, o da banda de abertura, Franz Ferdinand, estava mais alto do que no dia anterior, quando foi um problema--, a voz de Bono, mais cansada e rouca, e havia uma enorme grua com uma câmera, bem em frente ao palco, atrapalhando a visão de quem estava à direita.
Segundo a organização do show, o equipamento foi instalado pela banda, que estava registrando imagens para um possível documentário. Por fim, a reportagem da Folha viu um ambulante não-credenciado vendendo cerveja dentro da "hot area" --o que era proibido. Curiosamente, uma garota com camiseta da produção do show, ciente da proibição, comprou três latas.
Diferenças à parte, as jogadas para o platéia estavam todas lá: as frases em português (ontem foi dia de "oi gente", em vez de "oi galera"), os agradecimentos a Lula (cuja família estava no estádio) e ao "nosso novo amigo, Gilberto Gil", a Declaração dos Direitos Humanos no telão, a jaqueta com a bandeira do Brasil, a faixa com "coexistência" escrito com símbolos do islamismo, judaísmo e cristianismo...
É claro que, para os fãs que lotaram o estádio, repetições não fizeram a menor diferença --o que importou é que a banda fez o mesmo show enérgico da noite anterior, com a mesma mistura de hits velhos e novos e com a mesma sonoridade rock'n'roll que caracteriza seus últimos discos. Em suma, duas apresentações muito superiores às que a banda fez no país em 1998.
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da Folha de S.Paulo
"Ontem tocamos ao vivo para todo o Brasil. Hoje é nossa festinha particular." Foi assim, em português cambaleante, que Bono, vocalista do U2, definiu o segundo show da banda, ontem, em um Morumbi novamente lotado.
É bem verdade que, até aquela altura do show --a banda tinha acabado de tocar a quinta música, o velho hit "New Year's Day"-- o roteiro do dia anterior estava sendo seguido quase à risca: a exceção tinha sido uma camiseta jogada ao palco minutos antes, com a inscrição "Bono for President" (Bono para presidente), e o comentário do vocalista dizendo à platéia que "esse show não é para ser assistido pela TV".
Mas, dali por diante, houve diferenças significativas em relação ao que os 73 mil presentes ao estádio no dia anterior viram: primeiro foi a inserção de "The First Time", que entrou no lugar de "Stuck In A Moment You Can't Get Out Of"; depois, a subida ao palco de Desirê Pedroso, 22, gaúcha de Passo Fundo. Com presença de espírito, a garota se apresentou ao vocalista com a pronúncia de seu nome em inglês, "desire" (desejo). Foi a senha para que Bono improvisasse a canção homônima acompanhado apenas de The Edge ao violão, levando o público ao delírio.
Houve também uma série de diferenças técnicas que, se não chegaram a prejudicar o show, incomodaram: o som estava levemente mais baixo --curiosamente, o da banda de abertura, Franz Ferdinand, estava mais alto do que no dia anterior, quando foi um problema--, a voz de Bono, mais cansada e rouca, e havia uma enorme grua com uma câmera, bem em frente ao palco, atrapalhando a visão de quem estava à direita.
Segundo a organização do show, o equipamento foi instalado pela banda, que estava registrando imagens para um possível documentário. Por fim, a reportagem da Folha viu um ambulante não-credenciado vendendo cerveja dentro da "hot area" --o que era proibido. Curiosamente, uma garota com camiseta da produção do show, ciente da proibição, comprou três latas.
Diferenças à parte, as jogadas para o platéia estavam todas lá: as frases em português (ontem foi dia de "oi gente", em vez de "oi galera"), os agradecimentos a Lula (cuja família estava no estádio) e ao "nosso novo amigo, Gilberto Gil", a Declaração dos Direitos Humanos no telão, a jaqueta com a bandeira do Brasil, a faixa com "coexistência" escrito com símbolos do islamismo, judaísmo e cristianismo...
É claro que, para os fãs que lotaram o estádio, repetições não fizeram a menor diferença --o que importou é que a banda fez o mesmo show enérgico da noite anterior, com a mesma mistura de hits velhos e novos e com a mesma sonoridade rock'n'roll que caracteriza seus últimos discos. Em suma, duas apresentações muito superiores às que a banda fez no país em 1998.
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