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24/02/2006
-
12h44
MÁRVIO DOS ANJOS
da Folha de S.Paulo
Os escoceses do Franz Ferdinand sentiram um delicioso alívio na última quinta-feira, na Lapa carioca. Depois de duas noites glaciais no Morumbi, nas quais foram tímidos bois de piranha para um público faminto pelo U2, a banda teve direito a um show próprio para as dimensões de seu momento.
Não vai nenhum demérito aí, já que Alex Kapranos e seus asseclas têm qualidade e público para ser atração solitária. Porém, não se trata de uma atração para estádios --provavelmente nunca será.
Logo, voltamos àquela questão que sempre assombrou a humanidade: a importância do tamanho. E num lugar pequeno, um grande show ficou maior.
Para uma banda que tem apenas dois hits reconhecíveis para o público em geral ("Take Me Out" e "Do You Want To"), é melhor um Circo Voador esgotado por 2.500 pessoas que dois Morumbis impacientes. Poderia haver mais? Sim, e as centenas de pessoas que ficaram assistindo do lado de fora provam isso. Mas o Rio tem apenas uma rádio de rock, e ela encerra as atividades neste mês.
O Franz Ferdinand é uma festa. O rock dançante, cheio de tchururus e lalalás e refrães facílimos, combina com globos no teto e estrobos faiscantes. Ninguém quer saber de invadir o palco ou beijar o vocalista; basta ter o que dançar. No limite, pode-se até dizer que a banda nem precisaria estar ali.
Mas afirmar isso seria negar a excelente presença de palco dos músicos. Kapranos canta, dá polichinelos, afeta os gestos na medida e se comunica como se fosse o último dia de seu hype. O guitarrista Nick McCarthy transborda felicidade. E Paul Thomson é um raro caso de baterista que faz
parte do show visual, com uma performance toda particular.
E eles, que já haviam passado a tarde num estúdio em Copacabana gravando canções novas, tinham que se esmerar. Primeiro, porque aproveitaram para gravar um DVD sobre a passagem pelo Rio. Segundo, porque o público brasileiro, como se sabe, dança cantando.
Desde a primeira canção, "This Boy", o coro entoava os refrães fáceis da banda, alcançando picos em "Do You Want To", "The Dark of the Matinée" e a balada "Walk Away". "Quando estávamos voando para cá, sabíamos que o Rio de Janeiro seria especial", disse Kapranos à platéia, com mais sinceridade que demagogia em seu difícil sotaque escocês.
Ensopados de suor --a noite era realmente quente--, os músicos voltaram para um bis longo. Cinco canções, começando com "Jacqueline" terminando com "This Fire". Mas aí o cansaço já permitia ver gente do lado de fora da lona, enquanto a banda aproveitava cada minuto de sua consagração no coração da boêmia carioca.
E assim saímos todos satisfeitos, cansados e roucos... como nas melhores baladas.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre Franz Ferdinand
Franz Ferdinand faz festa em show no Rio
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da Folha de S.Paulo
Os escoceses do Franz Ferdinand sentiram um delicioso alívio na última quinta-feira, na Lapa carioca. Depois de duas noites glaciais no Morumbi, nas quais foram tímidos bois de piranha para um público faminto pelo U2, a banda teve direito a um show próprio para as dimensões de seu momento.
Não vai nenhum demérito aí, já que Alex Kapranos e seus asseclas têm qualidade e público para ser atração solitária. Porém, não se trata de uma atração para estádios --provavelmente nunca será.
Logo, voltamos àquela questão que sempre assombrou a humanidade: a importância do tamanho. E num lugar pequeno, um grande show ficou maior.
Para uma banda que tem apenas dois hits reconhecíveis para o público em geral ("Take Me Out" e "Do You Want To"), é melhor um Circo Voador esgotado por 2.500 pessoas que dois Morumbis impacientes. Poderia haver mais? Sim, e as centenas de pessoas que ficaram assistindo do lado de fora provam isso. Mas o Rio tem apenas uma rádio de rock, e ela encerra as atividades neste mês.
O Franz Ferdinand é uma festa. O rock dançante, cheio de tchururus e lalalás e refrães facílimos, combina com globos no teto e estrobos faiscantes. Ninguém quer saber de invadir o palco ou beijar o vocalista; basta ter o que dançar. No limite, pode-se até dizer que a banda nem precisaria estar ali.
Mas afirmar isso seria negar a excelente presença de palco dos músicos. Kapranos canta, dá polichinelos, afeta os gestos na medida e se comunica como se fosse o último dia de seu hype. O guitarrista Nick McCarthy transborda felicidade. E Paul Thomson é um raro caso de baterista que faz
parte do show visual, com uma performance toda particular.
E eles, que já haviam passado a tarde num estúdio em Copacabana gravando canções novas, tinham que se esmerar. Primeiro, porque aproveitaram para gravar um DVD sobre a passagem pelo Rio. Segundo, porque o público brasileiro, como se sabe, dança cantando.
Desde a primeira canção, "This Boy", o coro entoava os refrães fáceis da banda, alcançando picos em "Do You Want To", "The Dark of the Matinée" e a balada "Walk Away". "Quando estávamos voando para cá, sabíamos que o Rio de Janeiro seria especial", disse Kapranos à platéia, com mais sinceridade que demagogia em seu difícil sotaque escocês.
Ensopados de suor --a noite era realmente quente--, os músicos voltaram para um bis longo. Cinco canções, começando com "Jacqueline" terminando com "This Fire". Mas aí o cansaço já permitia ver gente do lado de fora da lona, enquanto a banda aproveitava cada minuto de sua consagração no coração da boêmia carioca.
E assim saímos todos satisfeitos, cansados e roucos... como nas melhores baladas.
Especial
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