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02/03/2006 - 10h48

Concerto no Auditório Ibirapuera une erudito e popular

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LEANDRO BEGUOCI
da Folha de S.Paulo

Se a música erudita fosse uma pessoa, o concerto "Américas" a convidaria, todo galante, para sujar o pé nas estradas de terra no interior do Brasil, dançar um tango na Argentina, tomar uma tequila no México e dar um giro pelas profundezas dos EUA. A proposta desse espetáculo que acontece amanhã, sábado e domingo no Auditório Ibirapuera é desmontar as fronteiras entre a música erudita e popular.

Para isso, assumirá alguns riscos. Um deles é convidar três pianistas, o que demanda muito ensaio por parte da orquestra que os acompanhará, a Sinfônica da USP. O segundo é o tempo desses ensaios: três dias, sendo o último no primeiro dia do concerto. O terceiro é oferecer um espetáculo à altura de seus propósitos.

O responsável pela organização, o pianista Marcelo Bratke, diz estar seguro: "Vamos fazer um passeio antropológico pela estrutura espiritual da música das Américas". Mas, além do passeio, o espetáculo, para ele, será garantido pela "versatilidade da Sinfônica da USP", pela "qualidade dos solistas" e, claro, pelo repertório escolhido: o brasileiro Heitor Villa-Lobos (1887-1959), o argentino Astor Piazzolla (1921-1992) e os norte-americanos Aaron Copland (1900-1990) e George Gershwin (1898-1937).

O que une cada um? Responde Bratke: "São compositores eruditos, ou de formação erudita, como Piazzolla, que foram buscar nas raízes de seus países a sua própria identidade. Amavam a mistura e tinham uma ligação não só intelectual mas também física com a música popular. E eram geniais".

Essa ligação, segundo Bratke, fica clara num episódio sobre Copland. Consta que escreveu "El Salon Mexico", que está no programa do concerto, num bar da Cidade do México enquanto bebia e ouvia compositores locais. O brasileiro Villa-Lobos também: viajou o país para escutar frevo e maracatu, por exemplo. Ambos, como os outros autores presentes no concerto, procuraram criar uma música para seus países e acreditavam que isso só era possível partindo do que já existia. A Europa não era o horizonte, mas um dos pontos de partida.

Frescor

Os solistas escolhidos são os pianistas Pablo Rossi, Pablo Ziegler e Julian Joseph. Pela ordem, um brasileiro, um argentino e um britânico.

O brasileiro Rossi, representante da novíssima geração da música erudita brasileira (nasceu em 1989), executará "Momoprecoce", de Villa-Lobos. Além de já ter tocado com as principais orquestras do país, como a Osesp, Rossi foi escolhido por ser um adolescente. A idéia de Bratke é que uma pessoa recém-saída da infância pode executar com autenticidade uma composição que descreve um carnaval de crianças. "Ele ainda tem o frescor da infância."

Pablo Zigler foi escolhido para manter o estilo Piazzolla. Zigler foi companheiro do autor de "Adios Nonino" durante dez anos e apresenta em "Américas" a suíte "Silfo y Ondine", com arranjo próprio. Por fim, o último solista, Julian Joseph, foi escolhido para dar à composição de Gershwin, a "Rhapsody in Blue", um acento de jazz, estilo que tornou Joseph conhecido mundialmente.

Para garantir a qualidade desse emaranhado musical, o maestro Carlos Moreno, 38, que está com a batuta da Sinfônica da USP desde 2002, foi buscar inspiração para além da música, em sua própria história: "Escuto Villa-Lobos desde os nove anos, quando eu cantava nos 'Canarinhos de Petrópolis'. Os padres nos ensinavam música sacra e secular. E, na secular, nos incentivavam a conhecer a música brasileira. Meu gosto por música nasceu ali, na mistura".

Grande Concerto Américas
Quando: amanhã, sábado e domingo, às 20h30
Onde: Auditório Ibirapuera (av. Pedro Álvares Cabral, s/nº, portão 2 do parque Ibirapuera, São Paulo)
Quanto: R$ 30 e R$ 15 (meia-entrada)
Ingressos: venda pelo site www.ticketmaster.com.br ou pelo tel. 0/xx/11 6846-6000

Especial
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