03/03/2006 - 09h18

"Sra. Henderson" faz crônica de Londres sob a guerra

SÉRGIO RIZZO
do Guia da Folha

Viúva britânica herda fortuna do marido e, para ocupar o tempo, compra um teatro decadente no centro de Londres, na década de 30. Sem saber direito o que fazer para atrair público naqueles tempos bicudos, apóia as idéias heterodoxas de um produtor que transforma o espaço com a montagem de revistas musicais repletas de nudez, em cartaz ininterruptamente. Diga o que quiser dessa história, exceto que só pode ser coisa de filme. É verídica, como parte significativa da atual safra de concorrentes ao Oscar.

Houve mesmo Laura Henderson, a personagem que valeu à inglesa Judi Dench, 71, sua quinta indicação para o Oscar (venceu como coadjuvante por "Shakespeare Apaixonado"). Houve também, e com esse nome, Vivian van Damm (Bob Hoskins), o empresário de origem judia e dinamarquesa que a ajudou a revigorar a cena teatral inglesa. "Sra. Henderson Apresenta" é a história do encontro improvável entre os dois e da tradição que construíram juntos no Windmill ao importar o modelo francês do Moulin Rouge.

"Coração de uma Cidade" (45), com Rita Hayworth, já havia contado essa aventura da perspectiva de uma bailarina que se envolve com um soldado, durante a Segunda Guerra. Aqui, esse pedaço da trama reaparece, protagonizado por Kelly Reilly ("Albergue Espanhol"), mas em chave triste. No geral, contudo, o tom é otimista: embora os bombardeios aterrorizem Londres, é sempre possível encontrar alegria, companhia e seios nus no Windmill.

O dramaturgo americano Martin Sherman ("Bent"), que assina o roteiro, e o diretor inglês Stephen Frears ("Alta Fidelidade") optam por fazer dessa comédia dramática musical não só uma crônica de Londres sob a guerra, mas também um elogio aos malucos que sustentam o mundo dos espetáculos e a sua (inigualável?) capacidade de sedução.

Especial

Leia o que já foi publicado sobre o filme "Sra. Henderson Apresenta"

Leia o que já foi publicado sobre a atriz Judi Dench