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03/03/2006
-
12h15
MARY PERSIA
da Folha Online
A partir desta sexta-feira, os brasileiros irão conhecer o quinto indicado ao Oscar de melhor ator neste ano: Terrence Howard, que vive o cafetão, traficante e rapper Djay em "Ritmo de um Sonho" ("Hustle & Flow"). O filme tem participações do rapper Ludacris e do mestre norte-americano do soul Isaac Hayes.
Os outros quatro indicados já podem ser vistos nos cinemas --Philip Seymour Hoffman ("Capote"), Heath Ledger ("O Segredo de Brokeback Mountain"), Joaquin Phoenix ("Johnny e June") e David Strathairn ("Boa Noite e Boa Sorte")-- e formam com Howard um grupo tão diverso quanto os filmes que lhes renderam as indicações.
"Ritmo de um Sonho" (veja o site), dirigido por Craig Brewer (que também assina o roteiro), pode ser considerado um manual de fabricação de um rapper norte-americano dos tempos modernos, com tudo o que o processo exige: cafetinagem, drogas, violência e palavrões. Para aliviar, toques certeiros de humor. Tudo em três partes.
Primeiro ato: o despertar do "pimp". Djay é um cafetão (ou "pimp", como se diz por lá, conforme canta 50 Cent em "P.I.M.P." --ouça) e traficante cujo principal produto é Nola (Taryn Manning), a loura que ele negocia dentro de um carro nas ruas de Memphis. Mora com mais duas prostitutas em uma velha casa de subúrbio, quando passa a prestar atenção em Skinny Black (o rapper Ludacris), da mesma quebrada que ele.
Djay aproveita que Black passará uma breve temporada na área e se empenha em criar uma demo para apresentá-la ao rapper, o que será feito com a ajuda de Arnel, o dono do bar vivido pelo ícone da música negra norte-americana Isaac Hayes.
Segundo ato: o "flow". É quando a rima corre solta. Djay desenterra seu talento para versar e, para produzir seu material, chama um velho amigo, Key (Anthony Anderson), que também leva para a missão o branquelo Shelby (DJ Qualls). "Você percebeu que ele é branco?", queixa-se Djay a Key. Uma má impressão desfeita logo na primeira batida, lembrando que, nos dias atuais, mais vale o produtor que você tem do que o talento que você possui.
Os versos falam sobre as ruas, sobre a dura vida de cafetão. Uma das suas meninas, Shug (a cantora e atriz Taraji P. Henson), participa de uma das músicas --justamente aquela que acabou indicada ao Oscar de melhor canção, "It's Hard Out Here For a Pimp".
Este segundo ato tem ainda outra lição sobre a fabricação de um rapper nos moldes modernos. Não importa de onde você vem ou o que viveu, é de praxe gravar logo de início uma faixa sobre o passado, de preferência que cite a infância. É aquela letra que vem "do fundo do coração". Praticamente todas as celebridades do meio seguem a regra, de Kanye West e Jay-Z a 50 Cent e Eminem.
Terceiro ato: "bling bling". O som das correntes de ouro no pescoço remete a fama, dinheiro e mulheres. Mas antes de chegar lá Djay tem de cumprir o restante do ritual, que inclui alguma dose de violência --se o ponto é ser um rapper malvado (gangsta, para quem preferir), é melhor construir a sua fama.
Dono de uma lista imensa de aforismos que vai disparando ao longo do filme, Djay não aceita situações das quais não seja dono. "O homem sabe que vai morrer. Por isso é diferente do cachorro", diz ele a Nola, "vítima" predileta de suas divagações, explicando o surgimento da cultura e a necessidade do homem de perpetuar sua existência.
Pelo papel, Howard (de "Ray" e "Crash - No Limite") foi indicado ao Oscar e também ao Globo de Ouro. Mas, assim como na premiação dos críticos estrangeiros ocorrida em janeiro (ele perdeu para Philip Seymour Hoffman), a indicação ao Oscar parece justa, mas é improvável que leve a estatueta da Academia norte-americana, a ser entregue neste domingo (5).
Taryn Manning seria uma boa aposta, mas nenhum dos grandes prêmios do cinema se lembrou dela. Uma pena, em se tratando de uma atuação que vale o ingresso.
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"Ritmo de um Sonho" é manual do rapper em três atos
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da Folha Online
A partir desta sexta-feira, os brasileiros irão conhecer o quinto indicado ao Oscar de melhor ator neste ano: Terrence Howard, que vive o cafetão, traficante e rapper Djay em "Ritmo de um Sonho" ("Hustle & Flow"). O filme tem participações do rapper Ludacris e do mestre norte-americano do soul Isaac Hayes.
Divulgação |
Terrence Howard vive Djay; veja a galeria de imagens |
"Ritmo de um Sonho" (veja o site), dirigido por Craig Brewer (que também assina o roteiro), pode ser considerado um manual de fabricação de um rapper norte-americano dos tempos modernos, com tudo o que o processo exige: cafetinagem, drogas, violência e palavrões. Para aliviar, toques certeiros de humor. Tudo em três partes.
Primeiro ato: o despertar do "pimp". Djay é um cafetão (ou "pimp", como se diz por lá, conforme canta 50 Cent em "P.I.M.P." --ouça) e traficante cujo principal produto é Nola (Taryn Manning), a loura que ele negocia dentro de um carro nas ruas de Memphis. Mora com mais duas prostitutas em uma velha casa de subúrbio, quando passa a prestar atenção em Skinny Black (o rapper Ludacris), da mesma quebrada que ele.
Djay aproveita que Black passará uma breve temporada na área e se empenha em criar uma demo para apresentá-la ao rapper, o que será feito com a ajuda de Arnel, o dono do bar vivido pelo ícone da música negra norte-americana Isaac Hayes.
Divulgação |
O DJ Qualls cria as batidas |
Os versos falam sobre as ruas, sobre a dura vida de cafetão. Uma das suas meninas, Shug (a cantora e atriz Taraji P. Henson), participa de uma das músicas --justamente aquela que acabou indicada ao Oscar de melhor canção, "It's Hard Out Here For a Pimp".
Este segundo ato tem ainda outra lição sobre a fabricação de um rapper nos moldes modernos. Não importa de onde você vem ou o que viveu, é de praxe gravar logo de início uma faixa sobre o passado, de preferência que cite a infância. É aquela letra que vem "do fundo do coração". Praticamente todas as celebridades do meio seguem a regra, de Kanye West e Jay-Z a 50 Cent e Eminem.
Divulgação |
Ludacris participa do filme |
Dono de uma lista imensa de aforismos que vai disparando ao longo do filme, Djay não aceita situações das quais não seja dono. "O homem sabe que vai morrer. Por isso é diferente do cachorro", diz ele a Nola, "vítima" predileta de suas divagações, explicando o surgimento da cultura e a necessidade do homem de perpetuar sua existência.
Pelo papel, Howard (de "Ray" e "Crash - No Limite") foi indicado ao Oscar e também ao Globo de Ouro. Mas, assim como na premiação dos críticos estrangeiros ocorrida em janeiro (ele perdeu para Philip Seymour Hoffman), a indicação ao Oscar parece justa, mas é improvável que leve a estatueta da Academia norte-americana, a ser entregue neste domingo (5).
Taryn Manning seria uma boa aposta, mas nenhum dos grandes prêmios do cinema se lembrou dela. Uma pena, em se tratando de uma atuação que vale o ingresso.
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