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24/03/2006 - 08h00

Roberto Carlos tem mostra divertida em SP

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JOSÉ GERALDO COUTO
Colunista da Folha de S.Paulo

Para os manos e as minas de hoje, Roberto Carlos talvez seja apenas "aquele chato do especial de Natal da Globo", querido pelas tias e avós. Mas em priscas eras pré-MTV, pré-videoclipes e pré-MP3, Roberto Carlos foi sinônimo de juventude. No comando da jovem guarda, ele sintonizou a garotada brazuca com a cultura pop que rolava no mundo. "Ouvir aquela canção do Roberto", como dizia Caetano Veloso em "Baby", era uma exigência para ingressar na modernidade.

Esse inquieto e irreverente Roberto, que mandava tudo para o inferno e seguia incendiando bem contente e feliz, é o que está registrado nos três longas-metragens de Roberto Farias protagonizados pelo cantor, na virada dos anos 60 para os 70.

Ouça trecho da canção "Eu Sou Terrível"

Ouça trecho da canção "Quando"

Ouça trecho da canção "Você Não Serve Pra Mim"

Diretor que aprendera o bê-á-bá do ofício na chanchada e renovara o cinema policial brasileiro com "O Assalto ao Trem Pagador" (1962), Farias tinha senso de oportunidade e faro para o sucesso que o tornavam o parceiro ideal do outro Roberto nas telas.

O primeiro longa da trilogia, "Roberto Carlos em Ritmo de Aventura" (1967), é uma descabelada fantasia inspirada claramente em "A Hard Day's Night" (1964) e "Help" (1965), os filmes de Richard Lester com os Beatles.

Representando seu próprio papel, Roberto tem de fugir de seqüestradores internacionais que querem levá-lo para os EUA, sabe-se lá por quê. O chefe dos bandidos é o eterno vilão de chanchada José Lewgoy. Depois de peripécias mil, que incluem acrobacias nos braços do Cristo Redentor, o astro é despachado para Nova York numa caixa, mas consegue fugir e volta ao Brasil de... foguete. Por aí se tem uma idéia.

O roteiro teve colaboração do escritor Paulo Mendes Campos, e a trilha sonora inclui hits como "Namoradinha de um Amigo Meu", "Eu Sou Terrível", "Quero que Vá Tudo para o Inferno" e "Canzone per Te" (de Sergio Endrigo), com a qual o cantor tinha vencido o Festival de San Remo.

O filme seguinte, "Roberto Carlos e o Diamante Cor-de-Rosa" (1968), com produção ainda mais ambiciosa, dá um passo além na maluquice, levando o herói ao Oriente. Durante uma turnê pelo Japão, Roberto e seus parceiros Erasmo Carlos e Wanderléa descobrem uma estatueta antiga numa loja de bugigangas e se vêem envolvidos numa trama que inclui um gênio de fábula, samurais e gângsteres, todos em busca do tal diamante cor-de-rosa.

Sempre de olho no sucesso, Farias embarcava na onda do misticismo oriental, inspirando-se ao mesmo tempo nas aventuras exóticas de Tintin. Na trilha musical, "As Curvas da Estrada de Santos", "O Gênio" e "É Preciso Saber Viver", entre outros êxitos.

Popular

O filme que fecha a trilogia, "Roberto Carlos a 300 km por Hora" (1971), traz uma novidade notável: Roberto não é mais ele mesmo, e sim o humilde mecânico Lalo, que, por uma série de acasos novelescos, acaba por tomar do seu patrão o posto de piloto de corridas e, de quebra, a namorada. Erasmo, também mecânico, é o seu escudeiro, Pedro Navalha.

Com uma trama mais romântica e ambientação mais realista, o filme marca um deslocamento do pop ao propriamente popular, buscando os temas e clichês das telenovelas. A trilha reflete essa mudança, incluindo canções da dupla sertaneja Leo Canhoto e Robertinho e do cantor brega Waldick Soriano.

Para quem se interessa pela história da cultura pop e da indústria cultural no Brasil, são três filmes obrigatórios. Para quem só quer se divertir, também.

PROGRAMAÇÃO

Sexta (24/3)
"Roberto Carlos a 300 Km por Hora" (1971)
Sábado (25/3)
"Roberto Carlos em Ritmo de Aventura" (1967)
Domingo (26/3)
"Roberto Carlos e o Diamante Cor-de-Rosa" (1968)
Segunda (27/3)
"Roberto Carlos em Ritmo de Aventura"
Terça (28/3)
"Roberto Carlos a 300 Km por Hora"
debate com o cineasta Roberto Farias (às 21h)
Quarta (29/3)
"Roberto Carlos e o Diamante Cor-de-Rosa"
Quinta (30/3)
"Roberto Carlos em Ritmo de Aventura"

*Os filmes da mostra serão sempre exibidos às 19h

Onde: HSBC Belas Artes - sala 6 - Mário de Andrade (r. da Consolação, 2.423, tel: 3258-4092)
Quanto: de R$ 4 a R$ 14

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