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31/03/2006 - 10h39

Unicef põe oito diretores atrás de um filme

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SILVANA ARANTES
da Folha de S.Paulo

"Crianças Invisíveis", que estréia hoje no país, é um filme dirigido a 16 mãos, para exibir distintos olhares sobre situações de risco à infância ao redor do mundo.

A cineasta brasileira Katia Lund ofereceu o seu recorte sobre a questão no episódio "Bilu & João", quarto dos sete que, reunidos, formam o longa.

Bilu (Vera Fernandes, 11) e João (Francisco Anawake de Freitas, 13), moradores de uma favela paulistana, amealham trocados coletando e vendendo papel e latas de alumínio. Embora a face nefasta da exclusão econômica esteja presente no filme, nem tudo é sombra e dor na vida das crianças.

Lund dá aos personagens valores como otimismo, camaradagem, criatividade e talento para driblar portas fechadas --literalmente. Segundo a cineasta, são características que coincidem com a avidez dos intérpretes por descobertas, incluindo o cinema.

O menino Anawake chamou a atenção do produtor de elenco enquanto trabalhava na 25 de Março, a mais famosa rua de comércio popular de São Paulo. Ele "pilotava" uma carroça, que trata por Ferrari --brincadeira incorporada ao filme. Vera, vizinha de Anawake, destacou-se nos testes e ganhou o papel.

"Recentemente perguntei aos dois o que acharam quando o produtor indagou se queriam fazer um filme. A resposta foi : "Ué, normal'", conta Lund. "Acho que estão preparados para qualquer coisa. Para eles, tudo é engraçado, o mundo está se revelando", diz.

Quando aceitou o projeto, Lund não sabia que os demais diretores seriam o sérvio Emir Kusturica, o americano Spike Lee, os ingleses Ridley e Jordan Scott, o chinês John Woo, o italiano Stefano Veneruso e o argelino Mehdi Charef. "Os produtores não queriam falar sem concluir os contratos."

A diretora diz que ficou atraída pela "liberdade criativa e a oportunidade de escrever, dirigir e produzir no Brasil para um mercado global, incluindo o Brasil".

Ela afirma que "cada diretor criou seu próprio roteiro, que os produtores liam e para os quais faziam sugestões, que os diretores podiam ou não aceitar".

Com produção das italianas MK e Rai, "Crianças Invisíveis" tem o selo do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), para cujo Programa Mundial de Alimentos será destinada a renda a que os produtores teriam direito.

Dada sua gênese, é natural supor no projeto um viés doutrinário e/ou denuncista. Mas Lund afirma que a intenção dos produtores era, "em primeiro lugar, fazer um bom filme, com qualidade e capacidade de envolver, divertir e achar seu público".

"Crianças Invisíveis" teve sua estréia mundial em setembro passado, no Festival de Veneza. O lançamento no Brasil coincide com as discussões provocadas pelo documentário "Falcão - Meninos do Tráfico", de MV Bill e Celso Athayde, sobre as crianças "empregadas" pelo narcotráfico nas metrópoles brasileiras.

"Fiquei feliz em ver a voz do Bill sendo ouvida no horário nobre. A novidade, para mim, foi a Cufa [Central Única das Favelas] conseguir fazer uma co-produção com a Globo, ter controle da montagem e colocar uma edição de 58 minutos no 'Fantástico', um dos programas de maior audiência no Brasil", diz a diretora.

Co-diretora de "Notícias de uma Guerra Particular" (1999), com João Moreira Salles, e de "Cidade de Deus" (2003), com Fernando Meirelles, Lund diz que os filmes "retrataram esse universo [do tráfico], mas nada mudou desde que saíram".

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