Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
04/04/2006 - 09h52

Filmes brasileiros viram moda e emplacam no exterior

Publicidade

SILVANA ARANTES
da Folha de S. Paulo

Eles são um sucesso, mas não têm fama. Não no Brasil. Sérgio Machado, Marcelo Gomes e Karim Aïnouz são de uma geração de diretores brasileiros que surfa na onda da valorização do cinema latino na Europa e nos EUA.

Aqui, pouca gente viu seus filmes. "Cidade Baixa", de Machado, ocupa um modesto 11º lugar (117,2 mil espectadores) no ranking de bilheteria dos 41 longas brasileiros lançados em 2005.

"Cinema, Aspirinas e Urubus", de Gomes, vem duas posições abaixo, com 70,1 mil espectadores --em torno de 1,3% dos 5,3 milhões de "2 Filhos de Francisco", de Breno Silveira, líder do ano.

Aïnouz, que é co-roteirista de ambos, também fez mais sucesso fora do que dentro do Brasil com seu primeiro longa-metragem, "Madame Satã" (2002).

"Estou vivendo há um ano e meio das vendas internacionais do meu filme. Ele estreou com mais cópias em Londres do que no Rio de Janeiro", afirma Machado. Em maio, "Cidade Baixa" será lançado nos EUA. De sua agente em Londres, o diretor ouviu que "todas as produtoras querem ter um diretor latino no portfólio porque é uma grife".

A vez dos latinos se insinuava desde a virada do século, com a produção ganhando fôlego em vários países da região. Mas ela chegou para valer com uma safra de filmes que aliaram prestígio de crítica e sucesso de público.

O brasileiro "Cidade de Deus" (Fernando Meirelles), o mexicano "E Sua Mãe Também" (Alfonso Cuarón) e o argentino "Nove Rainhas" (Fabián Bielinsky) realizaram a fórmula ideal da indústria de cinema: risco pequeno (foram feitos com pouco dinheiro) e rendimento alto (sucesso de público), além de terem o apreço da crítica especializada.

Conseqüências da "fama"

Não por acaso, Meirelles foi contratado para dirigir "O Jardineiro Fiel" (2005) para o selo inglês Focus, e Cuarón assumiu a superprodução "Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban" (2004).

"Cinema, Aspirinas e Urubus" estréia em 16 salas na França no próximo dia 18. No Brasil, foi lançado em 18 cinemas. Até maio, o longa sairá na Bélgica, na Suíça e no Canadá. As negociações de venda para Espanha e Inglaterra estão perto de serem concluídas.

Nos festivais, o filme de Gomes tem feito uma carreira invejável. Somente no mês passado, foi premiado em Mar del Plata (Argentina) e Guadalajara (México), além de ter sido eleito o melhor de 2005 segundo voto do público e da crítica no Festival Sesc (leia ao lado).

Para o grande público, porém, o diretor é um ilustre desconhecido. "Quando digo que sou cineasta e me perguntam que filme fiz, as pessoas fazem uma cara quando ouvem 'Cinema, Aspirinas e Urubus'...", conta Gomes.

Esse "tipo exportação" de certos filmes brasileiros evidencia, segundo o presidente da Ancine (Agência Nacional do Cinema), Gustavo Dahl, "a necessidade de repensar como se mede aqui o sucesso de um filme".

Hoje o Brasil usa um único critério para determinar se um filme teve êxito ou fracassou: o número de espectadores que o viram nas salas de cinema.

Dahl acha que está na hora de pensar em incluir na conta a performance dos filmes em festivais e as menções e críticas em publicações especializadas.

Para Machado, se forem observados também os números das vendas internacionais e em DVD, alguns supostos fracassos vão se revelar sucessos consistentes. Mesmo que fiquem sem a fama.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre cinema nacional
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página