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08/04/2006 - 18h37

Sidney Magal "faz 30" sem perder o rebolado

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PAULO SAMPAIO
da Folha de S.Paulo

O machão e a bichona nunca estiveram tão indiscerníveis como no personagem Sidney Magal; seu criador, Sidnei ("com i") Magalhães, afirma que Magal "é os dois e muito mais". Consagrado pelo ritmo latino-rebolativo, o gargalhante intérprete de "Sandra Rosa Madalena", "O Meu Sangue Ferve por Você" e "Tenho" já foi rotulado também de cult, cafajeste, cafona, cafonérrimo.

"As pessoas foram criando as histórias, eu fui aceitando", diz ele, que não nega ter dado um empurrãozinho: nos anos 70, costumava entrar em cena vestindo macacões de paetê abertos no peito peludo e botas brancas de 7 cm de altura, com fivelas de strass.

"Nunca tive preconceito nem levei minha carreira muito a sério", diz ele, que é heterossexual convicto, casado há 26, três filhos.

A mulher de Magal, por coincidência, chama-se Magali. "O engraçado é que ela era chamada de Magal pelos amigos, e eu, de Magali, pelas bichas", conta, rindo.

Aos 53, "30 no personagem", o cantor está lançando o DVD "Magal ao Vivo", gravado em um show no fim do ano passado no Rio. Em três décadas e 19 discos, seu repertório não mudou, mas os seus cabelos... bem, também não. "Se você juntar os sucessos que me consagraram, não dá dez músicas", reconhece o intérprete, no seu estilo sempre assumido.

Hits de época

Na verdade, ele acrescentou aos já citados hits, no show do DVD, outros tão de época quanto: "Don't Let me Be Misunderstood", do grupo Santa Esmeralda; "Ai, Ai, Ai, Ai", de Ivan Lins, "Baila Comigo", de Rita Lee.

Exausto depois de emendar um show em Curitiba, na véspera da entrevista, com as gravações de "Bang Bang", ele diz que não é suficientemente aplicado para encarar a maratona de uma novela. "A gente tem gravado na véspera o capítulo que vai ao ar no dia seguinte, uma correria. Fico impressionado como as pessoas levam aquilo a sério. Estudam a fundo o papel, choram com as críticas, tudo por uma vaidade absurda. Tem ator ali de 70 anos que espera 12 horas para entrar em cena, depois ouve da produção que a gravação foi cancelada", conta.

No calçadão da Barra da Tijuca, onde conversa com a Folha, Magal diz que apenas três coisas o tiram do sério: uma é cobrança (de horários, trabalho, performance).

"Já aviso logo que não sou ator, não pretendo ser nem gosto de hora marcada. Faço como aquele cara que, antes de transar, adianta que costuma falhar na cama. Aí, na hora, surpreende", ensina.

O método, digamos, contrafóbico, já foi usado com sucesso em diversas ocasiões. "Quando ensaiei o espetáculo "Roque Santeiro", dirigido pela Bibi [Ferreira], rolou um estresse; eu não sabia o que ela queria do personagem. Disse: "Antes de entrar no elenco, eu avisei que não era do ramo Bibi...". Aí ela acalmou."

A segunda situação que o faz sair de si, diz, é quando magoam sua mulher ou seus filhos. "Perco a elegância: aparece o Sidney que ninguém conhece", afirma ele, usando uma ampla camisa de cetim azul, com flores brancas na manga, e uma tiara prendendo os cabelos "muito negros", como os da cigana da música.

Alto (1,90 m, 100 kg), dramático, falastrão, Magal conta que nunca fez aula de dança ou expressão corporal: "Minha postura flamenca é uma característica própria".

Diz que sempre foi muito assediado, mas, embora dê suas "piscadelas libidinosas" no palco, o "Sidnei pessoa" é muito discreto...

Uma moça se aproxima da mesa e pergunta: "Posso dar uma palavrinha com você?".

"Até um palavrão, amor", diz ele, sorrindo com o canto da boca.

O repertório de histórias de assédio é muito maior que o de músicas. Uma das que Magal mais gosta de contar aconteceu ao fim de uma estréia.

"Estava aquele entra-e-sai de gente no camarim, e, no fim, eu já quase indo embora, chega uma mulher e monta em mim pela frente, me agarra pelo pescoço, trança os pés nas minhas costas e começa a ter um orgasmo, tremendo feito um cachorrinho. As pessoas diziam: "Magal, manda tirar essa mulher daqui, pelo amor de Deus". E eu: "Não, deixa, deixa, ela tá precisando disso"."

A mesma fã apareceu dias depois num embarque dele. "Aí a Magali, minha mulher, disse: "Olha, hoje não dá pra gozar, não. O Magal tá atrasado..."."

Viver sem dinheiro é a terceira coisa que o cantor não consegue. "Até tentei, em uma época fraca de faturamento, mas não deu. A gente vive no capitalismo."

Antes de terminar, a pergunta que não quer calar: o que é decadência para Sidney Magal?

"Difícil dizer... Olha, eu passei períodos difíceis, mas nunca acreditei que estivesse por baixo. Não me deixava levar. Era uma coisa de dentro para fora, entende?"

Magal ao Vivo
Artista: Sidney Magal
Lançamento: Som Livre
Quanto: R$ 37,90 (DVD); R$ 27,90 (CD), preços sugeridos

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