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14/04/2006
-
16h19
ALBERTO MASEGOSA
da Efe, em Nova York
"Fé e Razão" será o tema do Festival Internacional de Literatura do PEN Club dos Estados Unidos deste ano, de 25 a 30 de abril, em Nova York. No evento, Salman Rushdie vai se despedir da presidência da organização, aproveitando para mais uma vez protestar contra a intolerância.
O escritor queria contar com a presença do teórico muçulmano Tarik Ramadan. Mas ele não pode entrar nos EUA desde 2004, quando havia sido convidado para trabalhar na Universidade de Indiana e seu visto foi negado pelo governo americano.
Washington usou a Lei Patriota para justificar o veto, criticado pelo PEN Club. A associação apresentou uma queixa contra a secretária de Estado, Condoleezza Rice, e o secretário de Segurança Nacional, Michael Chertoff.
"Acho que faltarão vozes conservadoras, como a de Ramadan", lamentou Rushdie ao jornal "The New York Times". O governo americano acusa Ramadan, um suíço de origem egípcia, que é neto do fundador da organização Irmãos Muçulmanos, Hassan Al Banna, de simpatizar com o fundamentalismo islâmico.
"O caso de Ramadan mostra que a Lei Patriota e outras políticas e leis posteriores aos atentados de 11 de setembro de 2001 aumentaram o isolamento dos EUA, quando o diálogo internacional é mais importante que nunca", ressaltou Rushdie, no comunicado que divulgou ao apresentar a queixa contra Rice e Chertoff, em janeiro.
Presença garantida
Mas não vão faltar vozes polêmicas. Como a do romancista turco Orhan Pamuk, encarregado de abrir o evento. Nascido em 1952 em Istambul e um dos principais autores de ficção de seu país, Pamuk foi absolvido em janeiro da acusação de "insultar a identidade turca". As autoridades de Ancara o processavam por defender os direitos dos curdos.
Prêmios Nobel como a sul-africana Nadine Gordiner e a americana Toni Morrison, e narradores de forte apelo comercial, como o britânico Martin Amis, também vão participar do festival, assim como o espanhol Jorge Semprún e o mexicano Juan Rulfo.
Painéis com títulos como "Ídolos e Insultos: Escritura, Religião e Liberdade de Expressão" vão debater o tema principal, um dos mais importantes para Rushdie. Muçulmano de origem indiana, ele é um ativo militante contra a intolerância desde que o aiatolá Khomeini --criador da República Islâmica do Irã-- promulgou uma "fatwa" e o condenou à morte.
Rushdie, autor de "Versos Satânicos" --livro que Khomeini considerou "blasfemo"-- vai encerrar o seu mandato de dois anos à frente do PEN Clube dos EUA para, segundo disse, dedicar-se mais a sua obra e preparar seu décimo romance.
Ron Shernov, biógrafo de personagens históricos americanos, será o substituto de Rushdie. Ele foi eleito em março pelos cerca de 3 mil membros do Pen Club americano.
Especial
Leia mais no especial sobre a associação PEN Club
Rushdie deixa presidência do PEN e critica intolerância
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da Efe, em Nova York
"Fé e Razão" será o tema do Festival Internacional de Literatura do PEN Club dos Estados Unidos deste ano, de 25 a 30 de abril, em Nova York. No evento, Salman Rushdie vai se despedir da presidência da organização, aproveitando para mais uma vez protestar contra a intolerância.
O escritor queria contar com a presença do teórico muçulmano Tarik Ramadan. Mas ele não pode entrar nos EUA desde 2004, quando havia sido convidado para trabalhar na Universidade de Indiana e seu visto foi negado pelo governo americano.
Washington usou a Lei Patriota para justificar o veto, criticado pelo PEN Club. A associação apresentou uma queixa contra a secretária de Estado, Condoleezza Rice, e o secretário de Segurança Nacional, Michael Chertoff.
"Acho que faltarão vozes conservadoras, como a de Ramadan", lamentou Rushdie ao jornal "The New York Times". O governo americano acusa Ramadan, um suíço de origem egípcia, que é neto do fundador da organização Irmãos Muçulmanos, Hassan Al Banna, de simpatizar com o fundamentalismo islâmico.
"O caso de Ramadan mostra que a Lei Patriota e outras políticas e leis posteriores aos atentados de 11 de setembro de 2001 aumentaram o isolamento dos EUA, quando o diálogo internacional é mais importante que nunca", ressaltou Rushdie, no comunicado que divulgou ao apresentar a queixa contra Rice e Chertoff, em janeiro.
Presença garantida
Mas não vão faltar vozes polêmicas. Como a do romancista turco Orhan Pamuk, encarregado de abrir o evento. Nascido em 1952 em Istambul e um dos principais autores de ficção de seu país, Pamuk foi absolvido em janeiro da acusação de "insultar a identidade turca". As autoridades de Ancara o processavam por defender os direitos dos curdos.
Prêmios Nobel como a sul-africana Nadine Gordiner e a americana Toni Morrison, e narradores de forte apelo comercial, como o britânico Martin Amis, também vão participar do festival, assim como o espanhol Jorge Semprún e o mexicano Juan Rulfo.
Painéis com títulos como "Ídolos e Insultos: Escritura, Religião e Liberdade de Expressão" vão debater o tema principal, um dos mais importantes para Rushdie. Muçulmano de origem indiana, ele é um ativo militante contra a intolerância desde que o aiatolá Khomeini --criador da República Islâmica do Irã-- promulgou uma "fatwa" e o condenou à morte.
Rushdie, autor de "Versos Satânicos" --livro que Khomeini considerou "blasfemo"-- vai encerrar o seu mandato de dois anos à frente do PEN Clube dos EUA para, segundo disse, dedicar-se mais a sua obra e preparar seu décimo romance.
Ron Shernov, biógrafo de personagens históricos americanos, será o substituto de Rushdie. Ele foi eleito em março pelos cerca de 3 mil membros do Pen Club americano.
Especial
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