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17/04/2006
-
09h53
SÉRGIO RIZZO
da Folha de S.Paulo
Filho do escritor Jonathan Baumbach e de Georgia Brown, ex-crítica de cinema do jornal nova-iorquino "The Village Voice", o diretor e roteirista Noah Baumbach, 36, levou quatro anos para viabilizar sua quarta comédia dramática. Baseado em argumento de caráter autobiográfico (que tem como ponto de partida a separação dos pais), "A Lula e a Baleia", em cartaz em SP, foi rodada em apenas 23 dias, custou US$ 1,5 milhão e arrecadou cinco vezes mais apenas nos EUA e no Canadá. Baumbach falou à Folha.
Folha - O projeto de "A Lula e a Baleia" é antigo?
Noah Baumbach - Comecei a escrevê-lo provavelmente em 2000. Terminei a primeira versão no início de 2001. Como demorou até que o filme pudesse ser feito, voltei ao roteiro para reescrever algumas coisas. Desde o início, queria dirigi-lo também.
Folha - Jeff Daniels e Laura Linney foram as primeiras escolhas para os papéis?
Baumbach - Laura recebeu o roteiro muito cedo. Foi a minha escolha inicial. Não pensava em Jeff Daniels para interpretar o pai, mas, assim que o conheci e conversei com ele sobre o papel, vi que era a escolha certa.
Folha - Em quem você pensava?
Baumbach - Não gosto de falar sobre isso. Para mim, Jeff inventou o personagem.
Folha - E os garotos?
Baumbach - Foi um longo processo de seleção. Fiz muitos testes, inclusive com os escolhidos, Jesse Eisenberg (que havia feito "A Vila") e Owen Kline (que havia trabalhado com a mulher de Baumbach, a atriz Jennifer Jason Leigh, em "Aniversário de Casamento").
Folha - Como suas experiências com a separação de seus pais foram parar no filme?
Baumbach - Pus um pouco nos dois irmãos. Na vida real, eu era o menino mais velho, mas há coisas minhas em ambos, e traços que reconheci em outras pessoas que passaram pela mesma situação.
Folha - Foi difícil recriar o Brooklyn dos anos 80?
Baumbach - Em alguns casos, sim. Nas cenas em que se caminha pelas ruas, por exemplo. Tentamos não nos preocupar com isso. Tudo o que podíamos controlar, controlamos. Mas um bocado do Brooklyn ainda parece o mesmo.
Folha - Você escalou o cineasta Peter Bogdanovich para o elenco de "A Vida É uma Festa" e "Louco de Ciúmes". Foi homenagem?
Baumbach - Sim. Estive com Peter na noite passada e o considero um cineasta maravilhoso.
Folha - Quais cineastas admira?
Baumbach - O quão longe vamos [risos]? Na geração de Peter, amo [Martin] Scorsese, [Robert] Altman, [Francis] Coppola, Woody Allen, Hal Ashby, Mike Nichols, Arthur Penn. É uma geração extraordinária. Amo também [John] Cassavetes. Em uma geração posterior, admiro os [irmãos] Coen, Mike Leigh, Jim Jarmusch, Jonathan Demme. Sou um grande fã dos irmãos Dardenne. Gosto de Benoît Jacquot e Agnès Jaoui. Sou um grande fã da nouvelle vague. Gosto muito de Wong Kar-wai. Sou freqüentemente mais atraído pelo cinema estrangeiro do que pelo americano.
Folha - E Hollywood?
Baumbach - Tenho prazer em fazer parte da indústria. A minha situação é a melhor de todas. Vivo em Nova York, onde me sinto em casa, mas gosto de ir até Los Angeles. A indústria cinematográfica exerce papel importante na cultura do país. E minha mulher tem uma casa lá também.
Folha - Você planeja trabalhar com Jennifer?
Baumbach - Estou rodando um filme com ela e Nicole Kidman.
Folha - Qual é o argumento?
Baumbach - Não gosto de falar sobre isso, mas elas interpretam irmãs. A história se ambienta no campo, na Costa Leste.
Folha - Comédia ou drama?
Baumbach - Ambos, como "A Lula e a Baleia".
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Filho do escritor Jonathan Baumbach e de Georgia Brown, ex-crítica de cinema do jornal nova-iorquino "The Village Voice", o diretor e roteirista Noah Baumbach, 36, levou quatro anos para viabilizar sua quarta comédia dramática. Baseado em argumento de caráter autobiográfico (que tem como ponto de partida a separação dos pais), "A Lula e a Baleia", em cartaz em SP, foi rodada em apenas 23 dias, custou US$ 1,5 milhão e arrecadou cinco vezes mais apenas nos EUA e no Canadá. Baumbach falou à Folha.
Folha - O projeto de "A Lula e a Baleia" é antigo?
Noah Baumbach - Comecei a escrevê-lo provavelmente em 2000. Terminei a primeira versão no início de 2001. Como demorou até que o filme pudesse ser feito, voltei ao roteiro para reescrever algumas coisas. Desde o início, queria dirigi-lo também.
Folha - Jeff Daniels e Laura Linney foram as primeiras escolhas para os papéis?
Baumbach - Laura recebeu o roteiro muito cedo. Foi a minha escolha inicial. Não pensava em Jeff Daniels para interpretar o pai, mas, assim que o conheci e conversei com ele sobre o papel, vi que era a escolha certa.
Folha - Em quem você pensava?
Baumbach - Não gosto de falar sobre isso. Para mim, Jeff inventou o personagem.
Folha - E os garotos?
Baumbach - Foi um longo processo de seleção. Fiz muitos testes, inclusive com os escolhidos, Jesse Eisenberg (que havia feito "A Vila") e Owen Kline (que havia trabalhado com a mulher de Baumbach, a atriz Jennifer Jason Leigh, em "Aniversário de Casamento").
Folha - Como suas experiências com a separação de seus pais foram parar no filme?
Baumbach - Pus um pouco nos dois irmãos. Na vida real, eu era o menino mais velho, mas há coisas minhas em ambos, e traços que reconheci em outras pessoas que passaram pela mesma situação.
Folha - Foi difícil recriar o Brooklyn dos anos 80?
Baumbach - Em alguns casos, sim. Nas cenas em que se caminha pelas ruas, por exemplo. Tentamos não nos preocupar com isso. Tudo o que podíamos controlar, controlamos. Mas um bocado do Brooklyn ainda parece o mesmo.
Folha - Você escalou o cineasta Peter Bogdanovich para o elenco de "A Vida É uma Festa" e "Louco de Ciúmes". Foi homenagem?
Baumbach - Sim. Estive com Peter na noite passada e o considero um cineasta maravilhoso.
Folha - Quais cineastas admira?
Baumbach - O quão longe vamos [risos]? Na geração de Peter, amo [Martin] Scorsese, [Robert] Altman, [Francis] Coppola, Woody Allen, Hal Ashby, Mike Nichols, Arthur Penn. É uma geração extraordinária. Amo também [John] Cassavetes. Em uma geração posterior, admiro os [irmãos] Coen, Mike Leigh, Jim Jarmusch, Jonathan Demme. Sou um grande fã dos irmãos Dardenne. Gosto de Benoît Jacquot e Agnès Jaoui. Sou um grande fã da nouvelle vague. Gosto muito de Wong Kar-wai. Sou freqüentemente mais atraído pelo cinema estrangeiro do que pelo americano.
Folha - E Hollywood?
Baumbach - Tenho prazer em fazer parte da indústria. A minha situação é a melhor de todas. Vivo em Nova York, onde me sinto em casa, mas gosto de ir até Los Angeles. A indústria cinematográfica exerce papel importante na cultura do país. E minha mulher tem uma casa lá também.
Folha - Você planeja trabalhar com Jennifer?
Baumbach - Estou rodando um filme com ela e Nicole Kidman.
Folha - Qual é o argumento?
Baumbach - Não gosto de falar sobre isso, mas elas interpretam irmãs. A história se ambienta no campo, na Costa Leste.
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