02/05/2006 - 09h44

Como na lenda, sogras das novelas fazem terror

ANDREZZA CAPANEMA
do Agora

A sogra, na tradição brasileira, sempre foi alvo de piadas. A mãe de sua mulher ou de seu marido, vez ou outra, aparece como tema de comentários maldosos entre amigos e de confidências entre amigas. Suas qualidades nem sempre vêm à tona.

Na ficção, a história se repete. Os autores de "Belíssima", Silvio de Abreu, de "Sinhá Moça", Benedito Ruy Barbosa, de "Cidadão Brasileiro", Lauro César Muniz, e de "Prova de Amor", Tiago Santiago, retratam essa familiar como pouco querida em suas tramas televisivas.

Divulgação

Ester (Ada Chaseliov) enfrenta Safira (Cláudia Raia)

Que o diga Safira (Cláudia Raia), vítima da maquiavélica Ester (Ada Chaseliov) na novela das oito da Globo. No passado, a megera conseguiu separá-la de Freddy (Guilherme Weber). Recentemente, tentou dopá-la para que a bonitona assinasse um documento abrindo mão da guarda de Isaac (Vitor Morosini).

"Quando fui convidada para fazer a personagem, não tinha idéia de que ela seria uma sogra daquelas. Sabia só que seria superprotetora, como toda mãe judia. Estou me divertindo com as armações dela e o público também. Como Ester tem pitadas de humor, quem me encontra na rua vem falar mal dela dando risada", conta Ada Chaseliov, que garante nunca ter tido problemas com a mãe do ex-marido. "Éramos tão amigas que ela ficou do meu lado quando o casamento acabou. Mas sei de histórias terríveis de sogras e genros. A de um amigo meu pegou todos os presentes de volta quando ele se separou. A mulher levou embora até o coador de café."

Silvio de Abreu conta que a bruxa ainda vai aprontar nos próximos capítulos e que não vai desistir de afastar a filha de Katina (Irene Ravache) do herdeiro. "Ela sempre tem um retorno das maldades, mas mesmo assim não aprende."

Em "Cidadão Brasileiro", da Record, Antônio (Gabriel Braga Nunes) e Tereza (Luiza Tomé) penam nas mãos da sogra. Cleonice (Bárbara Bruno) não gosta do namorado de Luiza (Paloma Duarte) porque ele é pobre e não suporta a professora porque ela é mais velha que Marcelo (Bruno Ferrari).

A ricaça tem se superado no veneno. Primeiro, tentou convencer a filha a abortar quando ela achou que estava grávida do amado. Agora, vai mover montanhas para que Tereza se afaste do filho. "Cleo é uma pessoa triste. Vive a vida dos filhos em vez de viver a dela. Seu castigo virá quando perceber isso. Mas, antes de acordar, ela vai conseguir separar os casais", diz Bárbara Bruno.

Criador do tipo de arrepiar, Lauro César Muniz não reconhece na personagem o estereótipo da mal-amada. "Ela age com inteligência e sutileza. Cria facilidades para Camilo [Taumaturgo Ferreira] aproximar-se de Luiza. Age mais diretamente contra Tereza, não aceitando a relação de Marcelo com uma mulher que tem a sua idade. Preconceito dela e da época [a década de 50, período em que o folhetim se desenrola]. Cleo é uma firme e determinada." Então tá.

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